Esquema de desvios no INSS causou prejuízo bilionário; ex-ministro nega envolvimento, mas sua permanência tornou-se insustentável
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), anunciou sua saída do governo nesta sexta-feira (2), em meio a uma grave crise provocada pela descoberta de um esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O ex-deputado Wolney Queiroz, até então número dois da pasta, foi confirmado como novo ministro.
Presidente licenciado do PDT, Lupi ocupava o comando do ministério desde o início do governo Lula, há dois anos e quatro meses. Ele agradeceu ao presidente pela confiança e reforçou que não foi citado nas investigações.
“Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi mencionado em nenhum momento nas apurações. Desde o início, demos total apoio às investigações”, escreveu Lupi nas redes sociais.
Fraudes no INSS motivaram saída de Lupi
A decisão de deixar o cargo ocorre após operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) revelar um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões. Associações envolvidas cadastravam beneficiários do INSS de forma irregular, utilizando assinaturas falsas, com o objetivo de desviar recursos dos pagamentos mensais.
As fraudes no INSS teriam começado em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, e se estenderam até 2024, já no atual mandato de Lula. Segundo estimativas da PF, o prejuízo aos cofres públicos pode chegar a R$ 6,3 bilhões. Entre os itens apreendidos durante a operação estão carros de luxo, joias, relógios caros e até uma Ferrari.
Um dos principais alvos é o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como operador central do esquema. Ele é sócio de 22 empresas registradas no mesmo endereço em Taguatinga (DF).
Falta de ação agravou situação de Carlos Lupi
Apesar de negar qualquer participação, Carlos Lupi foi duramente criticado por não ter agido com rapidez diante dos alertas sobre irregularidades no INSS. Documentos obtidos pelo Jornal Nacional apontam que o ex-ministro foi informado sobre aumentos suspeitos nos descontos de aposentadorias, mas demorou quase um ano para tomar providências.
A permanência de Lupi tornou-se insustentável mesmo diante do risco de enfraquecimento da base governista no Congresso, caso o PDT decidisse se afastar. A pressão aumentou após a demissão de Alessandro Stefanutto, presidente do INSS indicado por Lupi, substituído por Gilberto Waller Júnior, procurador federal.
Governo promete responsabilizar envolvidos
Durante pronunciamento no Dia do Trabalhador, o presidente Lula afirmou que as associações responsáveis pelas fraudes no INSS serão processadas e obrigadas a ressarcir os aposentados prejudicados. A Advocacia-Geral da União (AGU) foi acionada para tomar as medidas judiciais cabíveis.
“Determinei à AGU que processe essas entidades e exija o ressarcimento às vítimas das cobranças ilegais”, declarou Lula.
Internamente, a avaliação é de que a gestão de Lupi já enfrentava dificuldades, sobretudo pela frustração da promessa de acabar com as filas das perícias médicas do INSS, o que contribuiu para seu desgaste político.
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