João Câmara reconhece Tupi-nheengatu como língua cooficial do município

O município de João Câmara reconheceu a língua nativa Tupi-nheengatu, única língua viva descendente do tupi antigo, como cooficial do município. 

O projeto do vereador Professor Silvano Carlos (União Brasil) foi sancionado pelo prefeito Manoel Bernardo (PP) na última terça-feira (6) e publicado no Diário Oficial.

“A cooficialização das línguas nativas contribui para a valorização e fortalecimento étnico uma vez que atribui valor positivo ao patrimônio linguístico dos povos originários, em especial o povo do território Mendonç,a que é o maior do Estado do Rio Grande do Norte”, destacou Silvano Carlos.

Uma língua cooficial possui o mesmo status jurídico do português, idioma oficial do país e, no Brasil, é adotada apenas em nível municipal. Assim, a prestação de serviços e a disponibilização de documentos públicos pelas instituições públicas deve acontecer tanto em português, língua oficial, como nas línguas cooficiais.

O tupi está presente no léxico português do povo Mendonça Potiguara, mas também permanece sendo usado em nomes de pessoas (Canindé, Jacy, Ubirajara…), de lugares, cidades, regiões, municípios e países (caatinga, Taipu, Jandaíra, Uruguai, Peru, Paraguai…) na zoonímia (preá, timbu, gamba, peba, tatu, carcará…), e em nome de plantas e frutas como a jurema, umbu, caju, mandacaru. Também se faz presente em diversas expressões e substantivos do português brasileiro do Nordeste, como o termo “caboclo”, a expressão “botar a roupa pra quarar” (kûarasy significa sol).

“A revitalização de idiomas tem experiências exitosas em todo planeta. O caso do idioma hebraico é categórico. Foi proibido anos antes de Cristo e no século XIX iniciaram sua ressurreição obtendo o resultado desejado. No Brasil há grupos em todas as regiões que fortalecem, valorizam e pesquisam seus idiomas nativos. Contribuir com esse processo é valorizar a diversidade da experiência humana, é reconhecer a importância dos povos indígenas e da língua tupi para a construção da nossa nação”, aponta trecho da justificativa do projeto de lei.

A sanção da lei vem no momento em que, justamente nesta sexta-feira (9), se comemora o Dia Internacional dos Povos Indígenas. No Rio Grande do Norte, diversos povos estão espalhados pelo estado, como os Caboclo de Assú, Potiguara do Catu, Potiguara de Sagi/Trabanda, Potiguara Mendonça, Potiguara Ibirapi, Tapuia Paiacu, Tapuia Tarairiú e os Warao. O RN é ainda o único estado da federação que não possui nenhuma terra indígena demarcada.

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