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“É importante também não esquecer que a vigilância é necessária, assim como uma rotina de visitas inesperadas na casa onde o idoso está. Os sinais físicos e comportamentais do idoso também precisam de atenção, pois mesmo que ele não consiga verbalizar algo que tenha acontecido, os olhares, expressões de tristeza, maiores agitações e falta de apetite, por exemplo, podem indicar que algo não vai bem. É preciso conviver com esse idoso, isso é muito importante, assim como as câmeras de segurança também ajudam muito”, aconselha Irá Souza dos Santos. E foram justo os sinais físicos em Lidia Linhares, a idosa agredida por cuidador em Barreiras, que alertaram.A família ficou desconfiada das marcas roxas no corpo da vítima e instalou câmeras na residência, flagrando cenas perturbadoras: gritos, empurrões e até mesmo a cuidadora apertando o pescoço da idosa. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), a Polícia Civil (PC) instaurou um inquérito para esclarecer o caso após a família registrar um boletim de ocorrência na última quinta-feira. Familiares da vítima e a suspeita – que tem 56 anos e não teve a identidade divulgada – foram ouvidos e a prisão preventiva foi autorizada. No último domingo , policiais da Coordenação de Apoio Técnico e Tático à Investigação (Catti/Oeste) cumpriram o mandado e prenderam a cuidadora.Agressões são muitas“Situações como a dessa idosa, infelizmente, estão presentes em nosso dia a dia”, lamenta a assistente social e especialista em gerontologia Marlene Mendes Pereira Andrade, a proprietária e gestora da Humaniza24HS Agência de Cuidadores (@humaniza24hs). “No começo de maio, por exemplo, um cliente atual entrou em contato comigo e fui fazer uma visita como assistente social para conhecer a então cuidadora e o idoso. Quando a familiar saiu, a cuidadora começou a reclamar, dizendo que o idoso era insuportável, que ele não dormia e ficava batendo no braço dela. A vontade dela? ‘Dar um pau na cara dele’, ela me disse e eu fiquei horrorizada”, conta Marlene Mendes.E esse não foi um caso isolado. O número de famílias e clientes que chegam na agência com um histórico de experiências ruins com cuidadores anteriores é recorrente e crescente. “Nem um mínimo comportamento negativo por parte de nossas cuidadoras é aceitável. (…) É saber que aqueles idosos já foram jovens, empoderados e independentes, e hoje se veem do outro lado, dependentes e precisando dos mais variados cuidados”, explica a gestora.Presidente do Conselho Municipal da Pessoa Idosa (CMPI), Luciana Calasans aponta ainda o quanto a demanda por cuidadores de idosos tem crescido à medida que a população brasileira envelhece cada vez mais. Isso aumenta a presença desses profissionais nos lares e deve redobrar a atenção das famílias. “Hoje existem muitas agências de cuidadores, então o ideal é que as pessoas busquem saber as qualificações e histórico dessas agências, quanto do profissional que vai cuidar de seu familiar. O CMPI tem se aproximado cada vez mais das instituições que acolhem esses idosos para orientar seus profissionais e realizar cursos de capacitação que complementam a formação que eles já têm”, explica Luciana Calasans.Nos dias 6 e 7 de junho o CMPI irá realizar a 6ª Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, no Instituto Federal da Bahia (IFBA), para discutir políticas públicas e outras demandas dos idosos, reunindo instituições, profissionais do cuidar, idosos e seus familiares.