“Febre” dos bebês reborn chega a Natal e vereador apresenta projeto

A “febre” dos bebês reborn chegou à Câmara Municipal de Natal. O vereador Preto Aquino (Podemos) apresentou um projeto de lei que proíbe a prestação de serviços públicos, como atendimentos médicos e matrícula escolar, aos chamados bebês reborn.

O projeto de lei foi apresentado na última quinta-feira (22) e ainda aguarda ser lido no plenário. Caso avance, o objetivo é instituir uma campanha de conscientização sobre a humanização de brinquedos por parte de adultos, que passaria a integrar o protocolo padrão de atendimento psiquiátrico na rede de saúde pública do município.

A campanha, segundo o projeto, buscaria conscientizar a população sobre a criação de laços afetivos reais e imaginários com brinquedos, especialmente bonecas com características humanas infantis, conhecidas como “bebê reborn”, e os impactos para a saúde mental de adultos.

O intuito seria informar sobre o caráter lúdico e representativo do objeto de apego e sobre a necessidade de separação entre o real do imaginário. Uma possibilidade apresentada pelo texto é da rede pública de saúde atender e acompanhar casos de distorções da realidade a partir do apego excessivo e humanização de objetos por adultos.

A proposta também dispõe sobre a proibição a qualquer forma de discriminação, preconceito, estigmatização ou menosprezo da pessoa humana em razão de seus hobbies e sentimentos para com objetos, “devendo ser tratada com respeito e dignidade, sempre”, diz o texto.

Foto: reprodução/Pixabay

“Há algum tempo o assunto ‘humanização’ de brinquedos tem tomado conta dos noticiários, sendo inclusive objeto de disputa judicial e discussão sobre a saúde mental. E por vezes, o tema é tratado como chacota, piegas e deboche sem, contudo, conferir o devido respeito à pessoa humana”, diz Preto Aquino na justificativa. 

“Assim, a proposição busca evitar que estigmas sejam perpetrados em desfavor de pessoas neurodivergentes ou neurotípicas, bem como crianças e adolescentes ainda em fase de desenvolvimento cognitivo e comportamental, entretanto, observando os limites da razoabilidade a despeito da conduta adulta, que demonstra necessitar de ajuda no campo da saúde mental”, conclui o parlamentar.

O que são bebês reborn

Os bebês reborn são bonecos feitos à mão, com aparência hiper-realista, se parecendo com bebês reais. A arte não é nova. Há quem colecione há mais de 20 anos. Mas o assunto se tornou “febre” nas últimas semanas após a viralização de conteúdos feitos por influenciadoras. 

Preocupação que não corresponde à realidade

O assunto, não só em Natal, chegou às Casas legislativas. A deputada federal Rosangela Moro (União-SP), por exemplo, apresentou um projeto na Câmara Federal que prevê que o SUS ofereça atendimento psicológico para pessoas em sofrimento mental causado pelo vínculo com os “bebês reborn“.

Ela não foi a única. Segundo levantamento feito pelo UOL, parlamentares de direita espalhados pelo Brasil apresentaram ao menos 25 projetos sobre bebês reborn, mas só um caso foi registrado em secretarias de Saúde. 

A situação aconteceu em Guanambi, no sul da Bahia e, de acordo com o UOL, a pessoa nem chegou a entrar no local. Segundo a prefeitura, uma jovem com transtorno psiquiátrico tentou atendimento no último domingo (18) para uma boneca na UPA da cidade, mas foi reconhecida e confrontada na entrada do local e orientada a voltar para casa.

As pautas, segundo o UOL, foram apresentadas por políticos de partidos como PL, Republicanos, União Brasil, Podemos e PP. Só na Câmara de Salvador a iniciativa veio de uma vereadora do PDT, sigla do campo progressista, mas que faz parte da base do prefeito Bruno Reis (União Brasil), principal adversário do PT na capital baiana.

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