RN tem 285 mil pessoas com deficiência e mais de 37 mil com diagnóstico de autismo

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou, neste mês de maio, uma nova publicação com dados da amostra do Censo Demográfico 2022, trazendo um retrato inédito e detalhado sobre os perfis sociodemográfico e educacional das pessoas com deficiência e daquelas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil.

A investigação sobre pessoas com deficiência remonta ao primeiro censo nacional, realizado em 1872, mas foi somente a partir de 1991 que o IBGE retomou a coleta sistemática dessas informações. Em 2022, o instituto passou a adotar diretrizes internacionais do Grupo de Washington e incorporou, pela primeira vez, um quesito específico sobre o autismo, conforme determina a Lei nº 13.861/2019. A nova abordagem investiga dificuldades funcionais permanentes em cinco domínios: visão, audição, locomoção, coordenação motora fina e cognição/comunicação — considerando pessoas com dois anos ou mais. Com isso, o IBGE reafirma seu compromisso com a inclusão estatística e com os princípios da Agenda 2030 da ONU, assegurando que ninguém seja deixado para trás.

No Rio Grande do Norte, os dados revelam que 285.304 pessoas vivem com alguma deficiência, o equivalente a 8,8% da população com dois anos ou mais — um índice superior à média nacional (7,3%) e à da Região Nordeste (8,6%). Além disso, o estado registrou 37.625 pessoas com diagnóstico de TEA, o que corresponde a 1,1% da população, em linha com os dados do restante do país.

Prevalência da deficiência no estado supera média nacional

Com 8,8% da população potiguar de dois anos ou mais declarando alguma deficiência, o estado figura entre os cinco com maiores índices no país. A média nacional é de 7,3%, e a do Nordeste, 8,6%. As mulheres representam a maioria nesse grupo, com um percentual de 9,7%, frente a 7,9% dos homens.

Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, Mossoró lidera com 9,1% da população com deficiência, seguido por São Gonçalo do Amarante (8,8%), Natal (8,7%) e Parnamirim (6,1%). A incidência também cresce com a idade: entre idosos com 60 anos ou mais, quase um quarto (24,9%) relata alguma limitação funcional — e entre as mulheres idosas, o índice chega a 26,8%.

Desigualdade racial marca dados da deficiência

As desigualdades também aparecem com força no recorte racial. Entre pessoas pretas, a taxa de deficiência no estado é de 11,2%, enquanto entre indígenas o índice chega a 8,2%. Alguns municípios revelam quadros ainda mais graves: em São Gonçalo do Amarante, 15,4% da população indígena vive com deficiência; em Mossoró, o índice é de 11,9% para indígenas e 11,3% para pretos.

A deficiência visual é a mais frequente, afetando 4,8% da população potiguar, seguida por limitações para andar (3%) e ouvir (1,5%). Cerca de 2,3% da população tem duas ou mais deficiências — um dado que se destaca em Mossoró (2,6%) e Natal (2,4%).

Analfabetismo atinge quase um terço da população com deficiência

O analfabetismo permanece como um dos maiores obstáculos à inclusão plena das pessoas com deficiência. No Rio Grande do Norte, 30,07% das pessoas com deficiência de 15 anos ou mais são analfabetas, um índice três vezes maior que o das pessoas sem deficiência (10,08%). Entre homens com deficiência, o analfabetismo atinge 35,9%; entre mulheres, 25,8%.

As diferenças também se acentuam nos recortes raciais. Quarenta por cento dos indígenas e 36,9% dos pretos com deficiência são analfabetos, proporções muito acima da média estadual. A escolarização também cai de forma acentuada após os 15 anos: enquanto 92,6% das crianças com deficiência de 6 a 14 anos estão na escola, apenas 4,6% dos adultos com 25 anos ou mais permanecem estudando.

Mais de 1 em cada 5 lares tem morador com deficiência

Em 2022, 21,2% dos domicílios potiguares tinham pelo menos um morador com deficiência — proporção superior à média nacional (16,8%). São Gonçalo do Amarante apresentou os maiores índices entre os municípios analisados, incluindo a maior proporção de casas com crianças com deficiência (1,37%).

Autismo atinge 1,1% da população e tem maior incidência entre meninos

Os dados sobre autismo, divulgados pela primeira vez em um Censo Demográfico, mostram que 37.625 pessoas no RN possuem diagnóstico de TEA, o que corresponde a 1,1% da população. O índice é o mesmo da média nordestina e ligeiramente inferior ao do país (1,2%).

A prevalência é maior entre os homens (1,5%) do que entre as mulheres (0,8%). Entre os municípios, Natal lidera com 1,4% da população diagnosticada, seguida por Mossoró, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante (todas com 1,3%).

As faixas etárias mais jovens concentram os maiores percentuais: entre os meninos de 5 a 9 anos, o índice chega a 4,2%. Já entre as meninas, o pico ocorre também nessa faixa, mas com um índice menor, de 1,2%. A partir dos 20 anos, os percentuais caem para menos de 1% em ambos os sexos.

Escolarização das pessoas com autismo despenca na vida adulta

A escolarização das pessoas com autismo segue um padrão semelhante ao da população com deficiência. A frequência escolar entre crianças de 6 a 14 anos é alta — 92% para meninos e 91,6% para meninas —, mas cai drasticamente com o avanço da idade. Entre os jovens de 18 a 24 anos com TEA, apenas 34,3% dos homens e 27,6% das mulheres estão estudando. Após os 25 anos, a permanência na escola é rara: 6,7% entre homens e 8,3% entre mulheres.

A divulgação dos dados reforça a importância da produção de estatísticas públicas que visibilizem as camadas mais vulneráveis da população. Ao reunir informações detalhadas sobre deficiência e autismo, o IBGE contribui para a formulação de políticas que rompam com os ciclos de exclusão e promovam cidadania com equidade.

Os dados completos estão disponíveis no portal do IBGE.

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