O Instituto de Políticas Públicas (IPP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em parceria com a Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e do Lazer (SEEC/RN), realiza no próximo dia 20 de maio o evento “Violência nas Escolas: Reconhecer para Transformar – Diálogos Intersetoriais sobre Proteção, Desenvolvimento e Educação”. A iniciativa é voltada a professores, gestores e profissionais das Diretorias Regionais de Educação e Cultura (DIRECs), especialmente das regiões de Natal e Parnamirim, e ocorrerá das 7h30 às 16h, no auditório do Centro de Tecnologia da UFRN. As inscrições estão abertas na página pública do Sigaa.
A ação tem como objetivo fomentar o debate intersetorial sobre as múltiplas expressões da violência no ambiente escolar, partindo do entendimento de que a proteção integral de crianças e adolescentes é uma responsabilidade coletiva que atravessa as esferas da educação, da assistência social, da saúde e dos direitos humanos. A programação inclui mesas de diálogo, oficinas e rodas de conversa com participação de educadores, juristas, assistentes sociais e militantes da pauta da infância e juventude.
Entre os temas que serão debatidos estão infância e adolescência, desenvolvimento humano, sexualidade e gênero, bullying, política e sociedade, bem como o papel das redes de proteção e dos marcos legais existentes. Também serão apresentados dados do Disque 100, via Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH) da UFRN, além de análises sobre o crescimento de grupos organizados em ambientes virtuais que estimulam ou promovem práticas de violência dentro e fora das escolas.
Segundo o professor Anderson Cristopher dos Santos, coordenador do evento, a ação se propõe a articular saberes da academia, do poder público e da sociedade civil. “O evento surgiu a partir de uma necessidade identificada pelo programa Comunidades Educadoras, desenvolvido pela SEEC em parceria com o Instituto Cultiva, que realiza a busca ativa e acompanhamento de estudantes em risco de abandono, com problemas de aprendizagens, sinais de violência, dentre outros motivos, nas escolas da rede estadual. Alinhado ao seu compromisso institucional de contribuir com a sociedade, o IPP prontamente aceitou o convite para colaborar com a realização do evento.”, destaca. Ele afirma ainda que o evento visa “a compreensão dessas perspectivas a contrubuir para se pensar mais espaços de diálogo e de ações preventivas que possam dirimir os casos nas escolas e, fortalecer o acompanhamento da rede no atendimento.”.
A Casa Renascer e o Conselho Tutelar estarão presentes como instituições-chave nos debates, reforçando a necessidade de que mecanismos de escuta e acolhimento funcionem com efetividade e articulação intersetorial.
Programação
Manhã (Auditório do Centro de Tecnologia – CT/UFRN):
- 7h30 – 8h00: Credenciamento e acolhimento
- 8h00 – 8h20: Abertura institucional com representantes da SEEC/RN
- 8h20 – 9h00: Fala de abertura
- 9h00 – 10h30: Mesa de diálogo “Reconhecer a violência para transformar”
- Palestrantes: Prof. Rudá Ricci, Pedro Levi Oliveira (CRDH), Tathiane Silva de Souza (CRDH/PPGSS)
- Mediação: Nayraline Oliveira
- 10h30 – 11h30: Debate aberto com o público
Tarde:
- 13h00 – 13h30 (Auditório do Ágora): Abertura temática com prof. Francisco Pereira (CEDECA/Casa Renascer)
- 13h30 – 16h00: Oficinas temáticas simultâneas:
- Formação Sociopolítica – Casa Renascer (CCHLA, auditório B)
- Sexualidade e Gênero – CRDH (CCHLA, auditório D)
- Desenvolvimento Humano – Instituto Cultiva/Rudá Ricci (IPP, aud. Fernando Bastos)
- Bullying e Convivência Escolar – Comunidades Educadoras (IPP, auditório 2)
No Brasil, violência escolar mais do que triplica em 10 anos
O número de casos de violência em ambientes escolares mais do que triplicou na última década e atingiu seu ponto mais alto em 2023, segundo análise de dados nacionais da Fapesp divulgada nesta segunda-feira (14).
De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), somente em 2023, cerca de 13,1 mil pessoas foram atendidas na rede pública e privada de saúde após episódios de automutilação, tentativas de suicídio ou agressões físicas e psicológicas ocorridas no contexto escolar. Em 2013, esse número era de 3,7 mil.
Casos de violência escolar no RN em 2025 acendem alerta
A realização do evento na UFRN também dialoga com a crescente preocupação diante dos episódios de violência escolar registrados no Rio Grande do Norte este ano. Em março deste ano, uma adolescente de 13 anos foi apreendida após esfaquear uma colega dentro da Escola Estadual Tiradentes, em Extremoz. A motivação teria sido uma briga iniciada no intervalo das aulas. O caso foi acompanhado pelo Conselho Tutelar e gerou comoção na comunidade escolar.
Menos de um mês depois, em abril, um estudante de 16 anos foi apreendido ao tentar entrar armado na Escola Estadual Professora Ivanira Paisinho, no município de Passa e Fica. A Polícia Militar foi acionada, apreendeu o revólver calibre 38 com cinco munições e impediu o que poderia ter se tornado uma tragédia. O adolescente foi encaminhado ao Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Infrator (CIAD).
Já em maio, a Escola Estadual Maria Ilka de Moura, no bairro Planalto, Zona Oeste de Natal, suspendeu as atividades após uma aluna relatar ameaças de violência por parte de outro estudante. A situação mobilizou a comunidade escolar e expôs o clima de insegurança sentido por docentes e alunos.
Esses episódios, distribuídos em diferentes regiões do estado, reforçam a urgência de um debate público sobre o papel das instituições de ensino, das redes de proteção e das políticas públicas na prevenção da violência nas escolas.
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