RN é 8º com maior queda no número de nascidos vivos no Brasil

Entre 2022 e 2023, o número de nascidos vivos no RN passou de 39.918 para 39.384, o que representa queda de -1,36%, a oitava maior do país entre os entes federativos e a segunda maior do Nordeste, segundo os dados divulgados nesta sexta (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Essa tendência de queda já é reflexo de um movimento mais antigo que ocorre no Brasil. No Nordeste ela começa um pouco mais tarde, porém ocorre de maneira mais acelerada. Isso está relacionado com a mudança no padrão do comportamento reprodutivo das mulheres, que está ligado a vários fatores como o ingresso das mulheres no mercado de trabalho, o aumento da escolaridade, o acesso aos métodos contraceptivos e uma mudança nos valores que, muitas vezes, estão relacionados ao processo de urbanização, industrialização e mercado de consumo. Quanto mais empoderadas, mais escolarizadas e mais independentes financeiramente, o que também se reflete no desejo de ter filhos”, avalia Ricardo Ojima, professor do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A tendência é que a taxa de crescimento da população seja negativa ao longo dos anos. Natal (-1,75%) e Mossoró (-1,82%), por exemplo, tiveram queda no número de nascidos vivos ainda maiores do que a média estadual (-1,36%). Mas, essa baixa também foi acentuada no interior do estado.

Em João Dias, foram 35 nascidos em 2022 contra 10 em 2023, uma redução de (-71,43%). Também se destacam na mesma tendência as cidades de Água Nova (-48,72%), Viçosa (-44,44%), Antônio Martins (-36,49%), Pedra Preta (-35,48%), Venha Ver (32,69%), Ruy Barbosa (32,56%), Riacho da Cruz (-31,25%), Patu (-31,01%) e Barcelona (-29,27%).

Essa mudança no perfil das idades da população causa consequências importantes do ponto de vista de pressões sobre políticas sociais, mercado de consumo, mercado imobiliário. É um conjunto de fatores que precisam ser ajustados a esse contexto de uma população mais envelhecida. O envelhecimento da população em si não é ruim, é uma tendência que reflete essas mudanças positivas que tivemos na sociedade. Por outro lado, ela causa grandes desafios a serem enfrentados do ponto de vista das políticas públicas, principalmente, para que essas pessoas tenham qualidade de vida. Precisaremos de mais atenção às políticas de saúde, previdência e seguridade social e de cuidados que reflita a necessidade de termos uma vida saudável no processo de envelhecimento e isso hoje ainda é um dos maiores desafios”, ressalta Ojima.

Numa sociedade onde a sobrecarga do cuidado com o outro recai sobre as mulheres, pensar políticas públicas para o setor ainda é algo que precisa ser discutido e implementado com mais efetividade.

“Hoje há uma predominância na sociedade brasileira que o cuidado com os idosos seja feito por pessoas da própria família, sobretudo pelas mulheres e isso causa um desafio importante a ser enfrentado. Quem vai cuidar das pessoas, sobretudo mulheres, que cuidaram de muita gente ao longo da vida?”, questiona Ojima.

Mas, apesar da queda geral, também foi registrada alta no número de nascidos vivos em alguns municípios, como Itajá que liderou o ranking potiguar com crescimento de 42,47%, passando de 73 para 104 nascidos vivos. Também houve aumento em Monte das Gameleiras (41,38%), com 41 registros em 2023 frente a 29 no ano anterior, e em Senador Elói de Souza, que registrou 89 nascimentos em 2023, ante 64 em 2022, numa variação de 39,06%.

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