Estudo encontra bactéria danosa à saúde humana em alimentos de origem animal no Brasil

Listeria monocytogenes
Listeria monocytogenes

Nara Lacerda
Brasil de Fato

Um estudo brasileiro realizado em sete unidades da federação identificou a presença de uma bactéria considerada um patógeno de preocupação em alimentos de origem animal e equipamentos de processamento. Publicado na revista Ciência Rural, o levantamento envolveu pesquisadores da Universidades Federal de Goiás (UFG), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Saneamento de Ceres (GO).

De acordo com a pesquisa, 7,3% das 248 amostras avaliadas continham o microorganismo Listeria monocytogenes, que causa uma doença conhecida como listeriose. Ela pode ocasionar sintomas leves, semelhantes a uma gripe ou gastroenterite, mas também pode levar a quadros graves de meningite, septicemia, aborto, meningoencefalite e endocardite.

A pesquisa avaliou diversos produtos como laticínios, carnes de frango, cortes bovinos, miúdos e até picolés e sorvetes. A maior porcentagem de detecção foi encontrada na carne de frango mecanicamente separada. Mais de 84% das amostras desse tipo de produto deram positivo para a bactéria.

Esse tipo de produto de origem animal é matéria-prima para diversos alimentos processados, como linguiças, mortadela, empanados e nuggets. A diversidade de usos faz com que o resultado seja ainda mais preocupante.

Ainda de acordo com a pesquisa, a bactéria foi observada em 8,3% das amostras de produtos cárneos processados. A amostra positiva específica ocorreu em linguiça frescal de frango e pode estar associada à contaminação de equipamentos.

Também houve detecção em 4% dos cortes de frangos analisados e 3,1% dos produtos lácteos, o que inclui queijo muçarela e queijo minas frescal. O resultado em produtos feitos com leite pasteurizado sugere contaminação pós-processamento ou falhas na pasteurização.

As amostras foram coletadas em 33 indústrias, entre março e abril de 2023, em Goiás, no Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Rondônia, Tocantins e Distrito Federal. Vale ressaltar que a bactéria não foi detectada em amostras de gelados comestíveis (sorvetes, picolés e tortas congeladas), cortes cárneos bovinos e equipamentos de processamento de salsichas.

Na maior parte dos casos, a listeriose só causa sintomas leves, mas as taxas de letalidade da forma grave são altas e podem variar de 20% a 30%, mesmo com tratamento adequado. Em grupos de risco, como idosos e idosas, gestantes e pessoas imunocomprometidas, o índice de óbitos é ainda maior e chega a 70% nos casos de meningite, 50% de sepse e mais de 80% em infecções neonatais.

Para controle do patógeno, o estudo destaca a importância da monitorização e a necessidade de adesão e fiscalização das medidas de controle e monitoramento já estabelecidas durante o processamento de alimentos de origem animal.

A pesquisa cita legislações específicas para alguns produtos já prontos, mas ressalta lacunas nas regras para carnes, por exemplo, reforçando a importância da atenção por parte dos órgãos de inspeção e regulação.

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