Família da adolescente Ana Beatriz questiona falta de acesso a corpo que foi encontrado há 10 dias

Nesta terça-feira (13), completam 10 dias desde que um corpo, que pode ser da adolescente Ana Beatriz, de 15 anos, foi localizado em uma propriedade do bairro Jacarecica, em Maceió. O achado de cadaver poderia ser um “alento” para a família, que procurou a adolescente de forma incansável desde o dia 08 de abril, quando ela foi vista pela última vez com vida ao deixar o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), no centro de Maceió. Mas, segundo a irmã da adolescente, Camylle Moura, o que está acontecendo é uma perpetuação de dor e sofrimento aos familiares.

“Nós vivemos muitos dias de sofrimento e angústia com o desaparecimento e agora [com o suposto corpo encontrado] vivemos mais uma aflição, para saber se realmente é o corpo dela. A gente não consegue sequer viver o luto, toda nossa dor e angústia continuam enquanto a gente segue sem resposta”, lamenta a operadora de caixa.

Camylle Moura conta que a angústia foi agravada ao ouvir o relato de uma perita sobre as características do corpo. “Pelas características que a perita passou, a gente não acredita que seja ela. Evitamos falar para não causar mais frustração na nossa mãe, mas foi dito que havia um dente escuro e minha irmã não tinha dente algum escuro. Ela tinha sorriso largo, boca grande, não havia dente escuro”, disse, acrescentando ter estranhado também o cabelo.

“O cabelo da minha irmã estava curto. Ela tinha feito progressiva e estava com os cabelos lisos. No dia em que o corpo foi encontrado havia muito cabelo, mas era diferente, o cabelo aparenta ser ondulado e maior do que o tamanho que a Bia [Ana Beatriz] usava”.

Outro ponto que a família questiona é o fato de não terem tido acesso ao corpo no Instituto Médico Legal (IML). “Ninguém da família viu esse corpo, não deixaram, nos disseram que só podemos ver com a identificação do DNA. Eles [Secretaria de Segurança Pública] fizeram uma entrevista coletiva e disseram que o corpo foi encontrado num lugar frio, úmido e que estava conservado, mas porque não nos deixam ver o corpo? Se for a minha irmã, vou saber, eu a conheço”, questiona Camylle.

A jovem esteve nessa segunda-feira (12) no IML e disse ter recebido um prazo de 15 dias, a partir da coleta de material de DNA, para divulgação do resultado. “No dia 5 de maio eles fizeram a coleta de material meu e desde então todos os dias eu ligo para saber informações, mas não nos dizem nada, um silêncio absurdo”, expõe Camylle.

“Não vamos ficar calados, a Bia tem família, tem amigos, tem professores. Nós queremos resposta, queremos justiça”, complementa a irmã da adolecente.

Um corpo encontrado – Quando um corpo foi encontrado dentro de uma fossa, a Polícia Civil de Alagoas (PC AL) disse que Ana Beatriz pode ter sido morta ao anunciar uma gravidez- já descartada após análise da Polícia Científica – para o amante, um homem casado e pai de três filhos. O homem foi patrão da adolecente, que atuou na casa dele como babá, e foi preso há um mês. Ele é apontado pela polícia como principal suspeito do crime.

O TNH1 entrou em contato com o IML para questionar o motivo da família não ter tido acesso ao corpo e foi informado que “o estado avançado de saponificação não permite a identificação visual”. No processo de saponificação, tecidos moles são transformados em um composto semelhante ao sabão, o que pode dificultar a identificação alterando a aparência do corpo e mascarando características. 

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