Festival Canto Ancestral celebra saberes afro-indígenas em Parnamirim

No próximo dia 13, às 15h, em Parnamirim, será realizado o IV Festival Canto Ancestral. A celebração, que homenageia o Dia dos Pretos Velhos, acontece na Avenida Castor Vieira Régis, nas imediações do Planetário, e é uma iniciativa do Ilê Axé Bogundé Idágun Jajá, em parceria com a CUMPE (Centro de Umbanda Maria Padilha das 7 encruzilhas) e a MOTE Produções Culturais.

Com entrada gratuita, o evento convoca povos de terreiro, coletivos culturais e moradores da Grande Natal a se reunirem em torno de uma homenagem à sabedoria dos mais velhos e à memória viva dos ancestrais que mantêm vivas as raízes africanas e indígenas em solo potiguar. A programação contará com apresentações culturais, rodas de samba, oficinas e a mostra audiovisual do Cineclube Mãe Maria.

Criado em 2018 como “Canto Ancestral aos Pretos Velhos”, o festival nasceu da necessidade de visibilizar e afirmar a presença das tradições afroameríndias em Parnamirim — cidade marcada por um histórico conservador e de intolerância religiosa. Após um hiato de três anos provocado pela pandemia e pela falta de apoio institucional, o evento retorna em 2025 com novo fôlego, rebatizado como Festival Canto Ancestral, e com patrocínio da Prefeitura de Parnamirim por meio da Política Nacional Aldir Blanc.

Saberes ancestrais, política e cultura popular

A quarta edição do festival reforça o papel dos terreiros como centros de resistência e produção cultural. “Essa articulação entre coletivos e casas de axé tem sido essencial para garantir que nossas histórias e tradições circulem com orgulho e respeito”, destaca o produtor do evento, Felipe Galdino. Graças à parceria com a MOTE, os terreiros conseguiram acessar editais e políticas públicas de cultura que antes pareciam inalcançáveis para comunidades tradicionais.

A abertura do festival será marcada por uma gira em homenagem a Exu e aos Pretos Velhos — entidades que simbolizam caminhos abertos e sabedoria ancestral. Em seguida, haverá uma mesa redonda com o tema “Memórias, tradições e ancestralidade dos povos de terreiro do RN”, reunindo autoridades públicas e lideranças religiosas para discutir o papel dos terreiros na preservação da memória coletiva.

Cultura viva: da capoeira ao samba

A programação artística privilegia talentos ligados às tradições afro-brasileiras e potiguares. Entre as atrações confirmadas estão o grupo Vinícius e Banda, com seu samba e pagode de raiz; a intervenção do Grupo de Capoeira Nação Zumbi, que mistura capoeira e samba de roda; e o show de encerramento com o cantor Nego Zambi, artista que une espiritualidade, ancestralidade e música negra em performances vibrantes.

Outro destaque é a atuação do Cineclube Mãe Maria, que exibirá curtas e documentários produzidos por e sobre comunidades de axé. “Queremos mostrar que nossos povos têm voz, estética e direito à cidade. O cinema é ferramenta de memória e resistência”, pontua a equipe do festival.

Além disso, oficinas formativas serão ofertadas com o intuito de garantir a transmissão oral e prática de saberes, fortalecendo a identidade cultural das juventudes de terreiro.

Resistência em território conservador

A escolha de Parnamirim como sede do Canto Ancestral não é por acaso. Em um município conhecido pelo conservadorismo, o festival se firma como resposta direta ao apagamento cultural vivido por comunidades afro-indígenas. “Queremos que as pessoas conheçam e respeitem nossas tradições. A arte é também ferramenta de combate ao preconceito”, afirmam os organizadores.

A meta é consolidar o festival como uma referência estadual na valorização das culturas de matriz afro-indígena e fortalecer ainda mais o protagonismo dos terreiros no cenário político e cultural do Rio Grande do Norte.

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