O cardeal de Rabat, no Marrocos, Crisóbal López Romero: azarão no conclave. Foto: Romanuspontifex/Divulgação
Após deixar o tom irônico de lado, o espanhol de 72 anos comentou que renegar o trono papal não é uma opção para um cardeal eleito em um conclave. Mas explicou que não é algo que se aspira.“É uma atitude diferente, é um serviço que só é realizado se solicitado, mas desejá-lo ou buscá-lo…não”, explicou o cardeal. “Isso não existe entre nós, mesmo que muitos se recusem a acreditar. Na política, aspirantes a líderes se declaram candidatos. Aqui na Igreja, ninguém faz isso.”Algumas casas de apostas colocam o cardeal salesiano entre um dos cardeais que poderiam suceder o papa Francisco, principalmente por ter uma filosofia semelhante ao do pontífice argentino, sobretudo no que diz respeito à questão da migração e do diálogo com os muçulmanos. Mas López Romero defendeu que não tem “nenhuma ambição” e nunca se imaginou cumprindo tal função.“O fato de eles mencionarem meu nome é, na verdade, um bom sinal: não terei que carregar esse fardo pesado”, avaliou o religioso, citando a máxima que costuma reger os conclaves, segundo a qual “quem entra papável, sai cardeal”.López Romero tem uma extensa experiência internacional. Ele passou quase duas décadas no Paraguai e, de lá, se mudou para o Marrocos, onde dirigiu um centro de formação profissional entre 2003 e 2011. Ele então foi para a Bolívia, onde ficou por quatro anos, antes de voltar para a Espanha. Em 2017 ele foi nomeado arcebispo de Rabat pelo papa Francisco e, dois anos depois, foi elevado a cardeal. Leia também:1Conclave vai durar quanto tempo? Quando será anunciado o novo papa?2Conclave: os detalhes sobre a escolha do novo papa, horários e o que sabemos sobre31º dia do conclave tem fumaça preta, leitura brasileira e pedido de unidade em “momento complexo”López Romero não considera que a migração seja um problema, mas sim “a consequência de muitos problemas”, essencialmente pobreza, guerra, fome, mudanças climáticas, desigualdade. O cardeal já propôs, inclusive, a realização de um sínodo exclusivamente dedicado ao tema da migração, que, segundo ele, é um fenômeno que requer reflexão de toda a Igreja Católica.Ele já expressou também preocupação com a falta de compaixão de alguns cristãos para com os imigrantes e outros grupos vulneráveis, e afirmou que sofre quando as pessoas, depois da missa, pedem a ele que “não envie mais migrantes do Marrocos”.