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Dentro desse cenário, Thunderbolts*, novo lançamento do MCU, é um filme que, apesar de ter uma proposta que não é inovadora, se destaca pelos temas que aborda, pela história e por possuir uma dinâmica que equilibra bem o drama e a comédia. Acertos que fazem a nova aposta da Marvel nos cinemas ficar acima da média do que vinha sendo feito e ter o necessário para trazer de volta o brilho aos olhos dos fãs.Com direção de Jake Shreier (Beef), o longa reúne um grupo de anti-heróis desajustados que se unem para lutar contra Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), que é uma espécie de Nick Fury do mal e agora é diretora da CIA, e o Sentinela, o qual é considerado o “Superman da Marvel” — e é mais forte do que todos os Vingadores juntos —, vivido por Lewis Pullman. A equipe que enfrenta essa dupla é composta por rostos conhecidos: Yelena Belova (Florence Pugh), Soldado Invernal (Sebastian Stan), Fantasma (Hannah John-Kamen), Agente Americano (Wyatt Russell), Guardião Vermelho (David Harbour) e a Treinadora (Olga Kurylenko).É fato que a ideia de colocar um grupo de pessoas com caráter e índole questionáveis se unindo — ou sendo obrigados a se unir — para lutar contra uma ameaça em comum não é novidade dentro do gênero, já que Esquadrão Suicida fez isso em 2016, e O Esquadrão Suicida, dirigido por James Gunn, em 2021. O que diferencia um do outro – e contribuiu para o sucesso do segundo — é a abordagem e saber trabalhar os personagens, a química entre eles e a história de maneira interessante. São esses fatores, somados a outros acertos, que fazem do Thunderbolts* um destaque.
Yelena Belova (Florence Pugh), Soldado Invernal (Sebastian Stan), Fantasma (Hannah John-Kamen), Agente Americano (Wyatt Russell) e Guardião Vermelho (David Harbour)
| Foto: Divulgação
Tematicamente, a obra já diz na primeira cena qual será o seu fio condutor: uma Yelena visivelmente abatida sentada no topo do Merdeka 118, na Malásia, reflete sobre o vazio e falta de propósito após a morte da sua irmã, Natasha Romanoff. “Tem algo errado comigo. Um vazio. Achei que tinha começado quando minha irmã morreu, mas agora parece algo… maior. Apenas um… vácuo. Ou talvez eu só esteja entediada”, diz ela, antes de saltar. A sequência de abertura prepara o terreno para uma jornada que aborda, principalmente, a depressão e a saúde mental dos seus personagens. Isso é reforçado pelo uso dos tons frios adotado pela cinematografia de Andrew Droz Palermo (A Lenda do Cavaleiro Verde) e que reforçam o isolamento, a solidão e melancolia da Yelena, sentimentos que irão acompanhá-la ao longo de todo o filme. Ainda muito afetada pelos fantasmas do passado, a personagem carrega boa parte da densidade dramática presente em Thunderbolts*.A abordagem dessas questões não chega a atingir camadas mais profundas como em WandaVision, por exemplo, mas tem a intensidade necessária para fortalecer arcos dramáticos, apesar do roteiro ser bastante literal e não dar espaço para o subtexto. Além disso, algumas escolhas dos roteiristas Eric Pearson (Thor: Ragnarok) e Joanna Calo (O Urso) a respeito da origem do Bob/Sentinela, e a sua relação com a Yelena também contribuem para o amadurecimento dessa discussão e para uma metáfora bacana sobre depressão. Cabe elogios também à representação visual do Vácuo — a versão sombria do Sentinela que tem um design simples, mas eficiente — e dos seus poderes. Em Thunderbolts*, os traumas não são apenas relembrados, são materializados de maneira criativa, o que os tornam ainda mais aterradores.Vale ressaltar, porém, que nem tudo é drama. O filme também tem um teor cômico certeiro, que se deve à dinâmica entre os integrantes da equipe — e à maneira como os roteiristas brincam, assertivamente, com a personalidade de cada um deles —, que é bem desenvolvida pelo texto, investindo em piadas que funcionam e estão na dose certa, criando assim um equilíbrio com as partes mais emocionais, e que fez falta em outras obras do MCU — sim, Thor: Amor e Trovão, estou olhando para você.A figura central de Thunderbolts* é a irmã da Viúva Negra. Esse é um dos maiores acertos do longa, e isso se deve à Florence Pugh, que injeta na personagem uma força e carisma marcantes. O mesmo não pode ser dito dos outros — até mesmo o Soldado Invernal do Sebastian Stan já causa um certo cansaço, pois em Thunderbolts* ele não tem nem a metade do peso que fez ele se tornar um personagem tão intenso em outros capítulos da saga. Já David Harbour com o seu Guardião Vermelho entrega uma atuação propositalmente exagerada, mas esse é um tipo de humor que, dependendo do espectador, pode arrancar risos, ou apenas causar estranheza.
Florence Pugh é Yelena Belova em Thunderbolts*
| Foto: Divulgação
Por fazer parte de uma das maiores franquias da história do cinema e, consequentemente, ter conexões com várias outras obras — lembrando que cada um dos integrantes do grupo já apareceram em produções anteriores —, Thunderbolts* tem um roteiro expositivo. Em alguns momentos, isso é justificável, pois serve para situar o público sobre quem é cada um daqueles anti-heróis e porque eles são as “pessoas erradas” para a missão que lhes é designada. Em outros, contudo, a exposição é um ponto negativo e, como supracitado, não permite que o subtexto exista.A direção de Jake Shreier não é memorável em nenhum aspecto, nem mesmo na ação, que possui exatamente o estilo de coreografia que já é esperado. Shreier até tenta criar algumas sequências mais estilizadas — seja com o uso de fumaça ou cenas filmadas em ângulos não convencionais —, mas elas não têm impacto suficiente para tal. Acontece até um aceno para uma famosa luta com faca de Capitão América: O Soldado Invernal, mas não passa muito disso. Ainda assim, cabe reconhecer que existem alguns pontos altos, como toda a cena em que o time se une para resgatar uma das integrantes em uma espécie de “prisão”. É criativo e bonito. Apesar das falhas, Thunderbolts* se destaca pela sua personalidade. Pode não ser a “salvação da Marvel”, como tem sido colocado, mas pode ser a luz no fim do túnel para o MCU que abre possibilidades para mais coisas boas após um longo período em que a equipe criativa da Casa da Ideias parecia criar de olhos vendados, sem saber qual caminho seguir — ou qual deles retomar.Assista ao trailer de Thunderbolts*: