O dia em que o corpo de um Papa explodiu – e por que isso ainda assombra o Vaticano

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Imagem: funeral do Papa Pio XII

Ana Oliveira, para o Pragmatismo Político

O Vaticano amanheceu de luto no dia 21 de abril de 2025 com a morte do Papa Francisco, aos 88 anos, vítima de um AVC fulminante. O pontífice, primeiro latino-americano da história e símbolo de uma Igreja mais próxima dos pobres, deixou um legado de empatia, reforma e compromisso social. Seu corpo está sendo velado na Basílica de São Pedro, onde multidões de fiéis e líderes mundiais se despedem daquele que guiou a Igreja Católica por mais de uma década.

Com a morte de Francisco, voltam à tona curiosidades e tradições ligadas ao luto papal, entre elas os longos rituais funerários e as técnicas de preservação dos corpos. O Vaticano é conhecido por adotar práticas específicas para garantir que os restos mortais do papa sejam preservados por tempo suficiente para o velório público e a cerimônia fúnebre. Porém, nem sempre esses métodos foram bem-sucedidos — como no caso, notório e constrangedor, do Papa Pio XII.

Pio XII faleceu em 1958 e, devido a uma técnica experimental de embalsamamento sugerida por um médico pouco familiarizado com os protocolos vaticanos, seu corpo entrou em decomposição precoce. Relatos da época descrevem um inchaço anormal, escurecimento da pele e até a “explosão” de gases corporais durante o velório — gerando constrangimento e pressa em encerrar as cerimônias públicas. O episódio foi tão marcante que resultou em mudanças rigorosas nas práticas de preservação adotadas desde então.

Tradicionalmente, os funerais papais seguem um ritual de nove dias de luto — chamado novemdiales — que inclui missas, cortejos e homenagens públicas. Durante esse período, o corpo do pontífice é exposto em caixões triplos: um de cipreste, outro de chumbo e um externo de madeira nobre. O processo de conservação atual, diferente das práticas egípcias ou do embalsamamento ocidental, tende a ser menos invasivo e mais simbólico, respeitando princípios da fé católica sobre o corpo como templo sagrado.

Pio XII, além da controvérsia pós-morte, também é uma figura controversa por sua atuação durante a Segunda Guerra Mundial. Críticos afirmam que ele manteve silêncio diante do Holocausto, temendo represálias do Terceiro Reich e buscando proteger os interesses da Igreja. Seus defensores, no entanto, alegam que ele trabalhou discretamente para salvar judeus, inclusive facilitando rotas de fuga através de conventos e embaixadas. A ambiguidade de sua postura ainda alimenta intensos debates históricos e teológicos.

Em contraste, Francisco será lembrado por sua clareza moral e coragem pastoral. Conquistou milhões com gestos simples e palavras firmes, enfrentou escândalos internos da Igreja e não hesitou em se posicionar sobre temas espinhosos como mudança climática, migração e justiça social. Seu funeral, marcado para o dia 25 de abril, deve selar uma era de abertura e aproximação da Igreja com os dilemas contemporâneos.

Enquanto o mundo acompanha a escolha de seu sucessor, a memória de Francisco já se consolida como a de um papa do povo. E o eco do passado — com seus erros e lições, como os de Pio XII — serve de lembrete sobre os limites da ciência, do poder e da própria vida.

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