“Todos os dias ele dizia: ‘vou te matar’. Há muito tempo, ele vinha perturbando. Ficava na porta da casa dela, balançando o portão, querendo entrar. Era um inferno. Hoje, ele veio para tirar a vida dela. Ele arquitetou tudo. Tirou até a tornozeleira [eletrônica] e deixou lá no São Bartolomeu [Parque]”, relembrou dona Carina Pereira Melhor, as ameaças que a filha, Catarine, vinha sofrendo, há três meses, desde que decidiu por fim ao casamento de 4 anos que mantinha com Paulo.
Era por volta das 5h dessa segunda-feira, quando o homem escalou o prédio onde a manicure morava com os dois filhos e a esfaqueou diversas vezes. Surpreendida no banheiro do imóvel, ela foi ferida na frente dos dois filhos, uma menina de 7 anos, e um menino, de 4, que é filho do casal e que tem autismo, e de uma irmã e caiu na sala da casa. Ela ainda foi levada ao Hospital Geral do Estado (HGE), na Vasco da Gama, mas, não resistiu. “Foi terrível, na frente dos filhos. Na hora [do crime], ela disse: ‘Você está me matando’. Ele [Paulo] respondeu: ‘É para você morrer mesmo’, contou dona Carina, o que ouviu de uma das testemunhas.
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Após a ação criminosa, Paulo fugiu levando o celular da mulher e carro dela, um Volkswagen Gol preto, que Catarine comprou para levar o filho nas terapias ocupacionais. “Ele roubou o carro da minha filha, ela comprou com muita dificuldade para levar o filho para fazer tratamento. Não lembro a placa, só sei que é um Gol preto e que tem um adesivo do autismo [adesivo de identificação veicular para pessoas com autismo]”, lembrou a senhora.Relacionamento marcado por agressões”Ela não estava mais suportando as agressões. Antes da medida protetiva, ela foi morar um tempo na ilha. Quando veio da Ilha já foi direto para dar queixa dele na Deam. Ele não queria sair da minha casa, a casa que ela morava é minha”, contou dona Carina. Ainda segundo ela, após deixar o imóvel, Paulo foi morar em Dias D’Ávila, na Região Metropolitana de Salvador, na casa da mãe, na intenção de cumprir as determinações da medida protetiva, mas sempre voltava a procurar Catarine.”Ele ameaçava ela e ficava dizendo que ia levar o menino [filho]. Na verdade, ele não queria o menino, queria levar o cartão [do benefício que a criança recebe por ser autista]. Ele estava de olho dinheiro. Obrigava ela dar dinheiro a ele “, desabafou a mulher. Dona Carina lembrou ainda que a filha era evangélica e Paulo chegou a frequentar a igreja com ela, mas não se firmou. “Ele é usuário de drogas. Entrava e saia [da igreja], a cocaína não deixou”, afirmou ela. Nesta segunda-feira, segundo dona Carina, Catarine deveria ter comparecido a uma audiência para tratar de assuntos relacionados ao divórcio, que seria assinado no próximo dia 21 de abril. A senhora não soube informar em qual órgão aconteceria a audiência. O corpo de Catarine será enterrado nesta terça-feira, 15. O local e o horário ainda não foram definidos.