Síndrome de HELLP: o que é o quadro que levou Lexa a ter parto prematuro

Lexa anunciou que a filha nasceu após apenas 25 semanas de gestação. A cantora teve que antecipar o parto por causa de uma complicação rara e grave, chamada Síndrome de HELLP. Ela passou por uma cesárea de emergência, com o objetivo de proteger sua saúde e de sua bebê. A bebê morreu em 5 de fevereiro, três dias depois.

A cantora estava internada em um hospital em São Paulo (SP) desde o último dia 21 de janeiro, para tratar um quadro de pré-eclampsia precoce. Desde então, os fãs estavam acompanhando o estado de saúde de Lexa e perguntando por notícias. Nesta segunda-feira (10), Lexa quebrou o silêncio e anunciou que a gravidez teve que ser interrompida antes da hora devido à complicação.

“Foram 25 semanas e 4 dias de uma gestação muuuito desejada! Uma pré-eclâmpsia precoce com síndrome de HELLP, 17 dias de internação, Clexane, mais de 100 tubos de sangue na semi intensiva e 3 na UTI sulfatando e lutando pelas nossas vidas”, escreveu em um post nas redes sociais.

O que é Síndrome de HELLP?

A Síndrome de HELLP é uma condição rara que combina três problemas de saúde distintos: diminuição das funções hepáticas, baixa no número de plaquetas e “rompimento” das células vermelhas do sangue.

O nome da síndrome, em inglês, vem justamente desses três aspectos:

  • de hemólise (que é o rompimento das células vermelhas)
  • EL de elevação das enzimas hepáticas (que indica danos no fígado)
  • LP de low platelets (baixa contagem de plaquetas no sangue)

Ela pode causar complicações graves tanto para a mãe quanto para o bebê, como insuficiência hepática, hemorragias e parto prematuro.

A Síndrome de HELLP pode se manifestar de uma hora para a outra e exigir uma intervenção médica imediata, como ocorreu com Lexa, que teve de antecipar o nascimento da filha.

Qual a relação entre pré-eclampsia e Síndrome de HELLP?

Geralmente, a Síndrome de HELLP aparece como uma consequência de quadros de pré-eclâmpsia grave. Foi o que aconteceu com Lexa: primeiro, ela teve pressão alta na gravidez e, depois, o quadro evoluiu para HELLP.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10 a 20% das mulheres com pré-eclâmpsia grave acabam desenvolvendo a síndrome durante a gestação. Porém, em alguns casos, pode acontecer sem que a pressão arterial da mulher esteja alta ou sem que ela tenha outros sinais típicos da pré-eclâmpsia.

“A HELLP nem sempre está relacionada à eclâmpsia. Em torno de 15 a 20% dos casos de HELLP acontecem sem histórico [de pré-eclâmpsia]“, explica o obstetra Wagner Hernandez, especialista em gestação de alto risco e colunista da CRESCER.

Segundo o especialista, ainda não se sabe ao certo por que as duas coisas estão normalmente relacionadas. “Essas mulheres, por algum motivo que a gente ainda desconhece, acabam destruindo os glóbulos vermelhos, o que traz essas complicações. A alteração hepática acaba sendo comum em todos os casos.”

Sabendo desse risco aumentado para Síndrome de HELLP, a recomendação é que grávidas com pré-eclâmpsia façam um pré-natal ainda mais cuidadoso, controlando a pressão arterial e fazendo exames laboratoriais frequentes, para identificar possíveis sinais de complicação.

Síndrome de HELLP e parto prematuro: por que acontece?

O parto prematuro é comum em casos de Síndrome de HELLP porque a condição é grave e pode colocar em risco a vida da mãe e do bebê. O único “tratamento definitivo” é o parto, já que a síndrome está diretamente ligada à gestação.

A partir do momento é que feito o diagnóstico de Síndrome de HELLP, o protocolo normalmente é fazer o nascimento o mais rápido possível. “Não existe um tempo exato para isso, pois depende de quão avançado está o quadro, mas, em geral, a partir do diagnóstico, já se opta pelo parto. O quadro da HELLP indica o parto, a não ser que haja uma prematuridade muito grande e você queira tentar segurar [o bebê por mais tempo]“, explica Wagner Hernandez.

Como em muitos casos não dá para esperar, a prematuridade acaba sendo a principal repercussão da HELLP para os bebês. Para a mãe, a síndrome pode causar problemas sérios, tendo como sequelas a falência do fígado, hemorragias, convulsões e até insuficiência de órgãos, podendo levar à óbito.

Depois do parto, a expectativa é que o problema se resolva e, aos poucos, a mulher vá reestabelecendo a saúde. “Teoricamente, os exames tendem a normalizar e a pressão também tende a ceder, mas isso pode demorar até três meses para acontecer”, afirma o especialista.

Sintomas de Síndrome de HELLP e diagnóstico

Nem sempre é fácil identificar os sintomas de Síndrome de HELLP. Uma das características do quadro é, justamente, a dificuldade em perceber os sintomas, sem a ajuda de exames laboratoriais.

“Teoricamente, a mulher pode suspeitar de uma HELLP quando ela começa a apresentar uma dor na região superior do abdômen, às vezes mais para o lado direito ou até mesmo ali na região do estômago. Esse é um sinal comum”, afirma o obstetra Wagner Hernandez.

Segundo a OMS, cerca de metade das mulheres com HELLP também podem apresentar sintomas como mal-estar, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Como são sintomas que podem ser facilmente confundidos com outras coisas, o diagnóstico só costuma ser dado depois de confirmar por meio de exames.

“Nas pacientes com formas mais graves de eclâmpsia, a gente acaba buscando ativamente essa possível alteração hepática com exames laboratoriais”, diz o especialista.

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