Fumaça em avião e mecânico a bordo: brasileiros deportados dos EUA contam sobre susto durante voo


‘O momento mais difícil foi quando o ar-condicionado estragou, as pessoas começaram a passar mal’, diz deportado. Brasileiros expulsos dos EUA também relataram agressões e humilhações. Brasileiros deportados dos Estados Unidos relatam agressões, maus tratos, humilhação e medo de morrer durante viagem de retorno
Reprodução/TV Globo
Além das agressões e humilhações durante o trajeto dos Estados Unidos para o Brasil, os deportados também relataram problemas técnicos com o avião, e, apesar disso, a tripulação decidiu continuar a viagem sem trocar de aeronave.
“O avião estava em condições precárias, teve que viajar com o mecânico dentro do avião, eu nunca vi isso. O avião não queria funcionar”, contou Kaleb Barbosa, de 28 anos, que migrou para os EUA há seis anos para dar uma vida melhor aos filhos.
Oitenta e oito brasileiros desembarcaram no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte. em Confins, na Grande BH, depois de serem expulsos por estarem ilegais naquele país.
Ele ainda disse que o avião apresentou falha no ar-condicionado e nas turbinas.
“O momento mais difícil foi quando o ar-condicionado estragou no ar, as pessoas começaram a passar mal, alguns desmaiaram e as crianças estavam chorando. As turbinas estavam parando durante o voo, foi desesperador, coisa de filme mesmo”.
Ainda segundo ele, se não fosse a intervenção do governo e a mudança para um avião da FAB, todos poderiam estar mortos.
Depois do pouso em Manaus, Kaleb contou que que as turbinas do avião chegaram a soltar fumaça enquanto tentavam continuar a viagem para Belo Horizonte. As saídas de emergência foram abertas e ele pediram socorro.
Kaleb retornou apenas com um saco com algumas roupas e objetos pessoais. Ele contou que, nos últimos dias, durante a deportação, enfrentou momentos aos quais jamais pretende se submeter novamente.
Brasileiros deportados dos Estados Unidos relatam agressões, humilhação e medo de morrer durante viagem de retorno.
Reprodução/TV Globo
Sandra Pereira de Souza, de 36 anos, o marido Alisdete Gonçalves dos Santos, de 49, e os dois filhos pequenos estavam entre os passageiros. Ela contou que viveu momentos tensos, desde o tratamento que receberam até a falta de estrutura do avião.
“Um inferno, uma tortura desde que saímos da Louisiana. Deu para perceber que o avião tinha algum problema. Acho que foi uma falta de compromisso deles com os seres humanos, a gente estava morrendo de medo de morrer”.
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Segundo Sandra, eles caíram em um tipo de armadilha, saíram de casa acreditando que iriam para uma reunião com a imigração, mas não retornaram. Levando apenas os pertences que tinham em mãos e nem ao menos tiveram tempo de pegar uma fralda para o filho.
Apesar de terem imigrado ilegalmente, o casal disse que cumpria com todas as obrigações com a imigração, há três anos e meio, desde que chegaram. Eles construíram uma empresa nos Estados Unidos e a deixaram para trás, além da casa e o carro que tinham.
Sandra e Alisdete, que nasceram em Itambacuri, na Região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, disseram que não estava nos planos voltar para o Brasil, mas, depois do que passaram, querem somente reconstruir a vida no Brasil.
Algemas, agressões e ameaças
Entre os 88 brasileiros, vários foram algemados pelos agentes de imigração dos Estados Unidos. Durante o voo de Manaus para Belo Horizonte, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, determinou a retirada das correntes e solicitou um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para eles completassem a viagem com dignidade e segurança.
O brasileiro Carlos Vinícius de Jesus, de 29 anos, contou que ele e outros passageiros foram algemados, agredidos e ameaçados.
“Foi terrível, vim preso nos braços, nas pernas e na cintura, eles não respeitaram a gente. Bateram em nós. Disseram que iam deixar derrubar o avião e que o nosso governo não era de nada”, relatou.
Brasileiros deportados dos Estados Unidos relatam agressões, maus tratos, humilhação e medo de morrer durante viagem de retorno
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