Comércio e Serviços surpreendem nos anos de 2023 e 2024

Os anos de 2023 e 2024 surpreenderam positivamente os setores de Serviços e Comércio na Bahia, mas, para 2025, a previsão é de um crescimento mais moderado, com enfrentamento de desafios, na opinião de especialistas da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA) e da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), órgão ligado à Secretaria da Administração do Estado (Saeb). Entretanto, as perspectivas dependem do cenário internacional, como ponderam os representantes da Fecomércio-BA e da SEI.O consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, afirma que a expectativa era a de que o início de 2024 tivesse um ritmo mais lento de crescimento, “devido os juros elevados, embora em trajetória descendente, e do El Niño”, ocorrido no ano passado. “Esse fenômeno climático havia pressionado os preços dos alimentos entre 2023 e 2024, dando sinais de uma inflação ainda pressionada para este ano. Acontece que houve uma regularização do clima, o que contribuiu para o aumento da oferta, ajudando em uma deflação em alimentos, principal grupo de consumo das famílias”, avalia.Outros fatores, como o abate recorde de bovinos e os preços das commodities em baixa, também favoreceram preços mais amenos nas prateleiras dos supermercados, segundo o economista. “Adiciona-se a esse cenário o mercado de trabalho bastante aquecido. Atualmente, a Bahia está nos menores níveis de taxa de desemprego da série histórica do IBGE, iniciada em 2012. Assim, com as famílias melhorando a renda por conta do trabalho e por uma inflação mais baixa, o dinheiro disponível para as pessoas está em um patamar muito elevado, o que vem proporcionando esse crescimento forte do varejo e do setor de serviços”.Ainda segundo Dietze, “mesmo com uma taxa de juros ainda elevada no país, próximo a 11% ao ano, as famílias estão contraindo muito crédito, até porque o nível de inadimplência vem caindo”. Conforme dados da Fecomércio-BA, houve uma redução de 27,1% para 24,6% de famílias com contas em atraso em Salvador, entre os meses de setembro de 2023 e 2024, abrindo espaço para contrair mais crédito. “Há um aumento de 60% nas concessões de crédito pessoal para beneficiários do INSS no país, não muito diferente dos 40,6% de crescimento anual no crédito para aquisição de veículo e de 30% tanto no crédito pessoal geral, quanto no cartão de crédito parcelado”, pontua.Com essa forte demanda, considera o especialista, o consumo das famílias tem influenciado no desempenho da economia como um todo. “A tendência é que permaneça dessa forma nesta reta final do ano, com um ponto adicional que é a injeção forte do 13º salário neste ano em relação ao ano passado, por conta do estoque mais elevado de trabalhadores com carteira assinada, o que deve propiciar um excelente Natal”, avalia. Mas para 2025 ele afirma que há uma expectativa de crescimento mais moderado. “Isso porque os investimentos não estão acompanhando a demanda, o que pode trazer pressões inflacionárias. Além disso, há uma incerteza sobre a questão fiscal do governo, do equilíbrio das contas, o que prejudica a redução da Taxa Selic (taxa básica de juros da economia), que voltou a subir a partir de setembro. A economia e os setores de comércio, serviços e turismo seguirão em um cenário bastante positivo, mas terão desafios no próximo ano”.O economista da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia, Luiz Mário Vieira, observa que a economia baiana apresentou, em 2023, uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,1%, devido à queda da indústria. “O comércio ampliado apresentou um aumento razoável de 2,6%, puxado pelas atividades de artigos farmacêuticos, médicos e ortopédicos; de perfumaria e cosméticos (6,4%); e hipermercados, supermercados, alimentos, bebidas e fumo (5,0%)”, detalha, reforçando que o volume de serviços da Bahia, no acumulado de 2023, avançou 6,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, mantendo a tendência de expansão iniciada no segundo trimestre (6,6%) de 2021, com destaque para os serviços prestados às famílias (7,8%), bem como transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (3,7%).Recuperação após pandemiaEsses resultados, complementa, mostram que os dois setores se recuperaram integralmente dos efeitos negativos da Covid-19 (2020-2022). Em 2024, esses segmentos vêm apresentando resultados positivos, embora a expansão do setor do Comércio seja mais expressiva. Até agosto, o comércio ampliado cresceu 7,8%, impulsionado pelos por artigos de uso pessoal e doméstico (12,0%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (11,5%), móveis e eletrodomésticos (7,8%) e veículos, motocicletas, partes e peças (14,7%)”, notifica.Ainda segundo o economista da SEI, os Serviços foram beneficiados após as taxas de crescimento significativas entre 2021 e 2023, puxadas pela forte recuperação do setor de Turismo. Em, 2024, afirma Luiz Mário, vêm apresentando leve crescimento de 1,1%, no acumulado do ano. Ele explica que duas atividades contribuíram para esta modesta taxa de crescimento: Serviços prestados às famílias (8,3%) e Serviços profissionais, administrativos e complementares (3,0%).“As perspectivas para o último trimestre do ano ainda se mantêm positivas, em razão da geração de empregos e do aumento da massa real de rendimento, embora a taxa de juros se encontre no processo de elevação, o que encarece o crédito para pessoas físicas. Para 2025, as perspectivas econômicas dependem do cenário internacional, que se encontra enfrentando duas guerras que geram incertezas sobre as decisões de investimentos dos agentes privados. Para o Brasil, os agentes do mercado financeiro esperam um crescimento de 1,93%, conforme Boletim Focus”, analisa Luiz Vieira.
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