Associação Cultural Trapiá promove peças com LIBRAS e audiodescrição

Peças com LIBRAS e audiodescrição. A iniciativa da Associação Cultural Trapiá, de Caicó, tem buscado promover a inclusão social através do Projeto Circulação de Repertório Trapiá RN. Nos meses de julho e agosto, o projeto esteve nos teatros e praças das cidades de Caicó, Jucurutu e Currais Novos, levando cinco espetáculos com apresentação gratuita e acessibilidade aos deficientes auditivos e visuais.

O público com deficiência visual vai ao palco antes do espetáculo iniciar e caminha, toca nos atores, escuta a voz dos personagens. O audiodescritor descreve o cenário, ajudando também a compreensão sobre o figurino e a maquiagem dos atores. Também nas cenas em que não tem sons, há audiodescrição sobre gestos e emoções dos artistas.

Gisonaldo Arcanjo e José Fernandes foram os profissionais de audiodescrição. Em Jucurutu, Helena descreveu a experiência: “É emocionante, porque é como se a gente tivesse, de fato, vendo a cena, através da descrição de vocês”, relatou.

Elizabete Souza, já tinha conhecimento do trabalho de audiodescrição, mas esta foi sua primeira experiência. “Esta é minha primeira experiência, assistindo teatro com audiodescrição. Ouvi falar que existia, mas nunca tinha tido a oportunidade. E foi maravilhoso, muito gratificante”, disse ela.

Alexandre Muniz, ator da Trapiá Cia Teatral, destaca que a arte é uma ponte para a melhor qualidade de vida. “Nos últimos projetos da Associação Cultural Trapiá, a gente vem conseguindo atingir a todos que precisam ter acesso aos espetáculos, para ter melhor qualidade de vida, e a arte é essa ponte. Passamos por experiência fantástica, onde tivemos este público que precisa da audiodescrição, que são pessoas cegas ou de baixa visão”, diz ele.

O Projeto Circulação de Repertório Trapiá RN iniciou em julho, em Caicó, no Centro Cultural Adjuto Dias, e praça de Sant’Ana, depois visitando a feira livre e Teatro Pe. João Medeiros Filho, de Jucurutu, e na Praça Tomás Salustino e Teatro Ubirajara Galvão, de Currais Novos, em agosto.

Foi um grande aprendizado pra nós da Trapiá, conviver com novos públicos, novas realidades, com novos espaços e acima de tudo, ter nos nossos espetáculos, tanto a acessibilidade via interpretação de LIBRAS, quanto a audiodescrição. Que bom que os editais estão dando possibilidades, através de recursos financeiros, de pagarmos a estes profissionais. Todos foram remunerados pelo projeto. Pra nós foi um privilégio aprender e conviver com os/as profissionais durante este período de circulação. Esperamos fazer muito mais e pelo Brasil inteiro”, destaca com entusiasmo, Lourival Andrade Jr. diretor da Trapiá Cia Teatral.

O trabalho de interpretação em LIBRAS foi realizado pelas profissionais Mayara Alves e Márcia Barbosa. Em Currais Novos, Márcia Barbosa, intérprete de LIBRAS, relatou muito emocionada, a experiência de proporcionar a sua amiga Aretuza, a oportunidade de assistir o espetáculo com LIBRAS. “Acompanhei a vida dela até hoje, fomos adolescentes, somos mães. A arte pra mim é como me alimentar, então, eu tinha muita vontade de proporcionar isso pra ela, e meus amigos surdos. Hoje foi a realização de um sonho”, disse Márcia Barbosa.

Aretuza destacou a necessidade da profissional para que o espetáculo tenha sentido, pra ela. “Essa acessibilidade foi muito importante pra mim, porque eu sou surda, tenho muitos amigos surdos e aqui eu olhava para cena e para a intérprete, e conseguia entender perfeitamente. Imagine se não tivesse esta intérprete, como a gente estaria? A gente não estaria entendendo nada, não fazia sentido. Estou muito feliz, muito emocionada. Muito importante ter vocês aqui”, disse em LIBRAS, Aretuza, que assistiu a peça Menino Pássaro, da Trapiá Cia Teatral, em Currais Novos.

O espetáculo 1877, que fala da seca e resistência no Nordeste, contou com depoimento emocionado de Eliane, que esteve pela primeira vez no teatro, e relembrou pela peça, fatos de sua memória afetiva, através do trabalho da profissional de LIBRAS. “Pela primeira vez vim ao teatro e senti muita emoção. Meus olhos encheram de lágrimas, a emoção explodiu dentro de mim. A seca, o sítio, o bode, o burro, me relembrou muitas coisas” disse em LIBRAS, Eliane, de Currais Novos.

A inclusão social promovida pelo projeto, além de beneficiar o público que dela necessita, também fomenta a aprendizagem, junto aos atores. O diretor da Trapiá Cia Teatral, Lourival Andrade Jr. enfatiza a necessidade dessa compreensão, diante do direito que é de todos. “Mesmo que a gente não tivesse pessoas surdas na plateia, a gente mantinha as intérpretes fazendo a interpretação de LIBRAS porque a gente acha importante que o público que não tem a necessidade desse profissional, aprenda com ele, perceba que nós artistas precisamos nos adequar, e o público também precisa compreender, porque é um direito de todas as pessoas”, destacou.

O Projeto Circulação Repertório Trapiá RN é realizado pela Associação Cultural Trapiá, de Caicó, com aprovação de projeto no edital da Lei Paulo Gustavo do Estado do Rio Grande do Norte, através da Fundação José Augusto, Secretaria Estadual de Cultura do RN, e Governo do RN. Estiveram nos municípios, os espetáculos “Menino Pássaro”, “As Pelejas de Baltazar”, “Condenadxs”, “Ocasos Familiares” e “1877”.

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