Apontamentos sobre fatores que podem levar Natália a ser eleita prefeita de Natal

Faltando poucos dias para o segundo turno da eleição municipal em Natal, as pesquisas mais recentes indicam empate técnico entre Natália Bonavides (PT) e Paulinho Freire (União Brasil) mas com a petista levemente à frente (caso da Seta, com Natália 51,17% contra 48,83% de Paulinho. Mas nem sempre foi assim nesta campanha. No primeiro turno, as pesquisas quase unanimemente apontavam liderança de Carlos Eduardo (que ficou em terceiro lugar) com Paulinho Freire em segundo (o que escantearia Natália de um segundo turno). Estavam erradas as pesquisas ou a cabeça do eleitor mudou de repente? Na hipótese de responder ‘sim’ à segunda pergunta, o eleitorado pode mudar o humor (e o voto) mais uma vez (já que Paulinho ficou com 40% e Natália com 28% no primeiro turno)? Vamos listar em tópicos rápidos algumas vertentes, possibilidades e fatores desta campanha e que somados (alguns deles se confirmando) podem explicar o crescimento de Natália e possível vitória no domingo dia 27.

1 – PESQUISAS

No primeiro turno as pesquisas bateram cabeça, como dito no primeiro parágrafo. Nas semanas finais, cada pesquisa apontava um cenário diferente, com quase todas indicando Carlos Eduardo garantido no segundo turno. É certo que pesquisas eleitorais são um recorte do momento, podendo indicar outra coisa dias depois, mas também é certo que metodologias diferentes e mesmo os contratantes geram dúvidas sobre a confiabilidade delas. Contudo, pesquisas apontando Natália na liderança devem estimular a militância esquerdista e ter algum impacto sobre o eleitor indeciso e apolítico.

2 – VOTO ÚTIL

Assim que saíram os resultados do primeiro turno a pergunta foi: para quem vão os votos de Carlos Eduardo? Se a princípio a sensação era de que seriam divididos (com voto útil de eleitores mais à direita para Paulinho e os mais à esquerda para Natália) o que se percebeu é que possivelmente aconteceu um fenômeno de ‘votos úteis” que migraram de Carlos para Paulinho ainda no primeiro turno, o que explica tanto a derrota do primeiro quando os 40% do segundo. O que nos leva ao raciocínio de que ao mesmo tempo que Paulinho pode ter chegado a um teto, Natália teria margem para crescer (justamente o eleitorado de Carlos que deixou para votar na petista no segundo turno) o que ajuda a explicar a possível igualdade entre os candidatos.

3 – MILITÂNCIA

A militância progressista foi fundamental para a chegada de Natália ao segundo turno. Na reta final, as movimentações orgânicas e o engajamento presencial nos atos de campanha podem fazer a diferença. Há uma distância visível (percebida pelo eleitor, inclusive), entre militante apaixonado pela causa e ‘segurador de bandeira’ remunerado. Acrescentando que militante orgânico tem mais poder de persuasão com indevidos (isso se não ofendê-los e queimar os navios, claro).

5 – PAPEL DOS VEREADORES

Avaliou-se que no primeiro o papel dos vereadores e candidatos a vereador (vitoriosos ou não) foram decisivos para levar tanto Natália como Paulinho ao segundo turno. Carlos, que já se indispôs quando prefeito com a Câmara e contava com apoio de poucos parlamentares, sofreu com isso, uma das razões que lhe causou a derrota. No segundo turno, o papel dos vereadores (seja os que já têm mandato, seja os eleitos) continua importante. A pergunta é: os que apoiaram Paulinho vão continuar a batalha no segundo turno ou deitar no berço esplêndido da vitória eleitoral pessoal? No caso dos de Natália, pela própria natureza da militância progressista, vereadores reeleitos, vitoriosos e suplentes, fazem campanha como se eles próprios dependessem disso. O que pode fazer a diferença.

6 – ABSTENÇÃO ALTA

Chamou a atenção o altíssimo número de abstenções (eleitores que não foram votar) no primeiro turno: 145.176, mais do que a votação de Natália (110.483 votos) e bem superior a de Carlos (93.013 votos). O desafio de Paulinho e Natália é convencer esse pessoal, 25,22% do eleitorado, a sair de casa e ir às urnas domingo, dia 27. Não se deve ignorar quem votou em branco (14.705) ou nulo (27.462), quase 42 mil eleitores que podem decidir uma eleição, se decidirem votar em alguém. Considerando que Paulinho pode ter atingido o teto (em miúdos: quem tinha de votar nele já votou e quem está disposto a votar já se decidiu), Natália tem mais chances de obter o voto de indecisos que se abstiveram, principalmente se conseguir descolar dela o antipetismo inoculado em parte do eleitorado.

7 – ZONA NORTE

Não foi à toa que Natália escolheu como seu vice o vereador Milklei Leite, do PV, e nem a toa que o comício que recebeu o presidente Lula foi no Conjunto Panatis. A Zona Norte de Natal historicamente não oferece boas votações ao PT, além de se ressentir da atenção dos governantes. Com Milklei, que tem as bases eleitorais na ZN, essa rejeição foi atenuada e o simbolismo da presença de Lula na região (e não na turística e historicamente elitista Ponta Negra, maior reduto eleitoral de Natália como seria o óbvio) pode ter marcado um novo fôlego à campanha petista.

Em tempo: independentemente do resultado da eleição, Natália Bonavides já saiu vencedora. Levou o PT ao primeiro turno após 28 anos (Fátima Bezerra perdeu para Wilma de Faria em 1996), mostrou uma maneira dinâmica de fazer campanha, mostrou ao partido e à esquerda como usar as redes sociais e de quebra enfrentou abertamente a mídia corporativa potiguar, historicamente alinhada ao conservadorismo, mostrando também como pode e deve ser feito esse enfrentamento.

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