Brasileiro desenvolve “viagra eletrônico” recarregável

Cerca de 100 milhões de homens no mundo sofrem com disfunção erétil, que consiste na incapacidade em obter e/ou manter uma ereção adequada para a realização de atividade sexual. No Brasil, a OMS estima cerca de 15 milhões de homens com o problema.As causas mais comuns costumam ser questões emocionais, resolvidas em grande parte com tratamento psicológico. Porém, problemas físicos também podem afetar a capacidade de ereção.As causas orgânicas podem ser as mais variadas, como:Insuficiência vascular arterial: em consequência de aterosclerose, o endurecimento das artérias por formação de placas de calcificação, comum em pacientes com hipertensão e colesterol alto;Distúrbios neurológicos: como consequência de diabetes descompensado ou por outras doenças como trauma medular, AVC ou danos aos nervos periféricos, como também pode ocorrer após tratamento cirúrgico do câncer de próstata;Distúrbios hormonais: como a queda dos níveis de testosterona com o avançar da idade e outras doenças endocrinológicas;Doenças inflamatórias penianas: que causam fibrose e perda da capacidade de enchimento peniano, como doença de Peyronie, sequelas de trauma peniano e priapismo —uma ereção peniana prolongada e dolorosa.CONTEÚDO RELACIONADOCasal é flagrado fazendo sexo ao lado de criança em praia28 Dia Mundial contra Hepatites. O que o SUS oferece?Novo remédio para perda de peso está à venda. Veja valores!Mas um dispositivo eletrônico criado por um brasileiro e ainda em fase de testes pretende resolver o problema de disfunção erétil de homens afetados por questões orgânicas.

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O aparelho chamado de CaverSTIM promete um funcionamento discreto. Dois eletrodos são colocados no assoalho pélvico (e não no pênis) e conectados a um estimulador similar ao marca-passo que fica posicionado debaixo da pele, na parte inferior lateral do abdome.Os eletrodos irão estimular as terminações nervosas que farão o sangue fluir para o pênis, levando à ereção. Todo o aparelho fica interno, nada fica exposto e o paciente não o vê. Para acioná-lo, o usuário utiliza um controle remoto sem fio.A bateria do aparelho implantado sob a pele é recarregável e o dispositivo tem um sistema de carregamento por indução, semelhante a recarga sem fio feita em celulares. Basta o paciente colocar sobre a pele um “patch” (parte do sistema) que o estimulador recarrega em 2 a 3 horas e a carga dura de 2 a 3 meses.Os eletrodos têm o tamanho de uma moeda de 50 centavos e são flexíveis. Já o estimulador tem um tamanho um pouco maior que uma moeda de 1 real.Em que etapa estão os testes?O brasileiro responsável pelo projeto é o doutor em farmacologia Rodrigo Fraga-Silva, que mora na Suíça e desenvolveu a invenção em parceria com Nikos Stergiopulos, professor e diretor do Laboratório de Hemodinâmica e Tecnologia Cardiovascular do Instituto Federal Suíço de Tecnologia em Lausanne, na Suíça.

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Quer ler mais notícias? Acesse nosso canal no Whatsapp”A ideia (do dispositivo) veio de minha pesquisa científica. Sempre trabalhei com medicina vascular, e boa parte de minhas pesquisas é em disfunção erétil. Minhas pesquisas iniciais eram focadas em novas drogas. Na Suíça, me deparei com um ambiente rico em desenvolvimento de dispositivos médicos, e foi aí que surgiu o gatilho para mudar o foco de fármacos para dispositivos”, conta Fraga-Silva.Ele explica que apesar de já existirem bons medicamentos orais, para 30% dos homens com disfunção erétil essas drogas não funcionam.Os testes com o CaverSTIM estão sendo conduzidos hoje em 13 pacientes na Austrália e no Brasil e em breve se estenderá a mais pessoas também nos EUA. Alguns deles já têm mais de 6 meses de acompanhamento, mas outros estão há poucos meses.O foco inicial ficou com pacientes pós-prostatectomia, ou seja, que realizaram cirurgia de retirada da próstata devido ao câncer no órgão, o tipo mais comum a afetar os homens.Segundo o pesquisador, o procedimento leva à disfunção erétil em 70% dos casos. “Infelizmente, esses pacientes não respondem bem à terapia oral, e há várias décadas os médicos e cientistas buscam soluções para o problema de impotência nesse segmento”, conta.Pacientes com lesão medular (paraplégicos) também já estão sendo testados, e esses testes estão sendo feitos aqui no Brasil. Ele explica que em seguida também pretendem avaliar o dispositivo em outros segmentos.Para os pacientes pós-prostatectomia, a terapia tem como objetivo a reabilitação dos nervos danificados durante a cirurgia, ou seja, a recuperação da função sexual normal. Com isso, ele não terá a necessidade de ativar o dispositivo para ereção.Já para os outros pacientes, por exemplo os com lesão medular, o dispositivo tem objetivo de estimular o nervo pró-erétil e facilitar o processo de enrijecimento do pênis, ocorrido durante a ativação do dispositivo e com expectativa de ereção duradoura.”O CaverSTIM vai promover uma terapia eficaz, mais confortável, natural, não dolorosa e muito mais espontânea.” Rodrigo Fraga-Silva, responsável pelo projeto.Os testes clínicos devem durar ainda mais dois anos e, em seguida, os pesquisadores irão pedir a aprovação para comercialização aos órgãos responsáveis, como Anvisa, FDA (nos Estados Unidos), dentre outras agências.Alternativas aos medicamentos oraisMuitas vezes, questões emocionais são o fator desencadeador da disfunção erétil. Para esses casos, a psicoterapia é a primeira opção. Há casos também de ajustes necessários de medicamento ou tratamento de doenças que possam estar relacionadas com o problema, como diabetes ou obesidade.Se não houver solução a partir desses ajustes, os médicos partem para os medicamentos orais como Viagra, Cialis e similares. Mas como já mencionado, alguns pacientes não respondem ao tratamento e precisam recorrer a outros procedimentos.As alternativas mais conhecidas hoje são:Injeção penianaAs medicações injetáveis penianas são aplicadas diretamente no pênis, na região do corpo cavernoso, e promovem ereção após causarem uma dilatação dos vasos sanguíneos. Mas é preciso ter cuidado.”Elas podem levar a uma ereção mantida e dolorosa, quadro conhecido como priapismo, e que requer tratamento de emergência”, alerta o urologista Jandrey Souza.O médico explica que hoje esses vasodilatadores podem ser encontrados em formulações de aplicação intrauretral, o que evita o desconforto da aplicação injetável. É a mesma substância usada na injeção, mas em forma de gel para ser aplicado na uretra. “Isso facilita a aplicação e traz mais conforto para o paciente”, pontua.Prótese penianaJá as próteses penianas são de dois tipos: maleáveis e infláveis. Segundo Ariê Carneiro, urologista e coordenador do programa de pós-graduação em cirurgia robótica do Hospital Israelita Albert Einstein, a mais utilizada é a prótese maleável.Ela é implantada no pênis, em ambos os corpos cavernosos, deixando-o praticamente o tempo todo em ereção. “Basta o paciente ‘entortar’ ela para frente para ter relação ou para o lado dentro da cueca. Ela tem a vantagem de ser mais simples de implantar, manusear e com menos risco de problemas”, explica o médico.A prótese inflável funciona como se tivesse um cilindro dentro de cada corpo cavernoso e um reservatório no abdome. Quando o paciente deseja ter ereção, ele aciona a válvula, que pode ser palpada e acionada na bolsa testicular, e o líquido do reservatório preenche os cilindros. Após o término da relação, através de outro sistema, o paciente consegue inverter o fluxo e esvaziar os cilindros.De acordo com Carneiro, este modelo tem a vantagem de parecer um pouco mais próximo do natural.”A prótese peniana deve ser indicada apenas quando todas as possibilidades já foram tentadas e não tiveram sucesso. Mas é importante destacar que ambas (as próteses) costumam ter excelentes resultados e alta taxa de satisfação dos pacientes”, afirma.O urologista Jandrey Souza explica que a prótese é a menos utilizada de todas as modalidades terapêuticas por se tratar de uma cirurgia que traz consigo riscos como infecção e sangramento. Além disso, requer uso de estrutura hospitalar para o seu implante e tem um custo elevado, principalmente as próteses penianas infláveis.

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