Thiago Berzoini lança álbum de música experimental nas plataformas digitais

thiago berzoini experimental álbum

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‘É o que me interessa: essa zona de desconforto de pensar que a finitude causa na maioria das pessoas’ (Foto: Divulgação)

Fazer arte a partir do abstrato é, muitas vezes, se permitir experimentar. E o que o artista juiz-forano Thiago Berzoini faz no álbum “Entropy [of ourselves]: an experimental sound art” é justamente isso. O trabalho é o primeiro de uma trilogia dedicada à arte sonora experimental e já está disponível nas plataformas digitais. 

De acordo com Thiago, a sonoridade de seu último lançamento é um tanto difícil, se comparada ao que é comercial. Bebendo de fontes como John Cage, Alva Noto, Stockhausen e Livio Tragtenberg, entre outros artistas de vanguarda, ele busca brincar principalmente com o conceito de dissonância e com a falta de harmonia nas notas. 

Gerar desconforto pelos sons é um dos objetivos, porque, por meio dessa sensação, reflexões sobre o efêmero começam a surgir. Esse tema circula toda a produção de Thiago, desde o início de sua carreira em outros campos da arte, como a pintura e o desenho. “É o que me interessa: essa zona de desconforto de pensar que a finitude causa na maioria das pessoas”, afirma. 

O projeto, mesmo que trabalhe com conceitos trazidos também da literatura e da filosofia, é, essencialmente, “um convite ao inacabado”. E isso se dá, em certo sentido, desde sua gênese, durante a pandemia. Durante esse período, Thiago, que também é professor universitário na UniAcademia, começou a prestar atenção “no mínimo dos sons”. A partir daí, o projeto passou a ganhar espaço e a existir no silêncio. “Foi um processo longo até entender que estava ok para lançar ao mundo. Chegava em casa, ia explorando os sons, sempre pensando na dissonância, que é um processo instável, que vai gerar uma certa surpresa em quem está ouvindo.” 

Nesta primeira parte da trilogia os elementos eletroacústicos são dominantes, sendo possível reconhecer o som de piano e batidas eletrônicas. Os sons estão entre o “fragmentado” e a “ruína”, mas “sem se revelar tanto”. Já na segunda parte – que tem data prevista para agosto, e se chamará “(Tudo ao redor é) Entropia” -, os sons ambientes serão o foco, enquanto a terceira – que deve ser lançada no dia 31 de dezembro -, será a menos difícil das três, apresentando algumas letras. 

A única parte da trilogia a ser nomeada em inglês é a primeira. Segundo Thiago, isso se dá por ser um trabalho quase que totalmente instrumental, tendo poucos fragmentos de voz. Essa escolha é uma forma de ampliar o número de ouvintes do projeto. As outras duas terão nome em português, já que irão conter frases e letras. 

‘Convite ao inacabado’ 

Mesmo sendo um “convite ao inacabado”, o trabalho apresentado no álbum “Entropy [of ourselves]: an experimental sound art”, tem, como diz seu autor, características e constância de teatro. E mesmo que conte com epílogo, prólogo e três atos, essa não é a única característica dramática do projeto. Em certo sentido, ele existe em um paradoxo. É de difícil compreensão, trabalhando com sonoridades não usuais e conceitos filosóficos como o de “desconstrução”, de Jacques Derrida, mas tem o objetivo ser “algo para todos”. “Estou falando para todos, por mais que não alcance muitas pessoas”, sintetiza o músico. 

Entretanto, Thiago entende que é pela curiosidade que muitas pessoas podem dar vazão à escuta de seu trabalho, assim como buscarem, elas mesmas, experimentarem artisticamente. O som que produz se caracteriza como vanguarda, em especial, por lançar o disco em um meio totalmente comercial, e não ter como objetivo lucrar com ele. “Está sendo feito como arte, com o objetivo de gerar reflexão, mesmo que seja a mais simplória, do tipo: ‘isso é arte?’ Se você se pergunta isso, já é arte.”

Ao se arriscar, 20 anos após sua primeira exposição, em uma arte que ainda não tinha estado, Thiago encontrou o frescos dos primeiros anos de sua carreira como artista. Da mesma forma, sua música busca incentivar qualquer um a experimentar as diferentes formas de expor a própria subjetividade. 

Thiago Berzoini e os Diabretes Encantados

O artista entende que a atual trilogia é um projeto de difícil execução ao vivo, entretanto, produzi-la lhe trouxe o desejo de se apresentar para o público. Assim, desse trabalho nasceu um outro projeto: Thiago Berzoini e os Diabretes Encantados. Acompanhado de um power trio (formado por Fernando Freitas na guitarra, Iggor Concolatto no baixo e Pedro Menezes na bateria), Berzoini irá apresentar diversos covers de músicas e artistas conhecidos, como Jorge Ben, com pitadas de abstração, “algo na pegada Hermeto Paschoal”. Inicialmente, o plano é começar as apresentações no segundo semestre.  

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*Estagiário sob supervisão da editora Cecília Itaborahy

 

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