Deu samba! Legado de Batatinha é lembrado na Flipelô: “Tradição”

Em seu segundo dia oficial, nesta quinta-feira, 8 de agosto, a Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô) foi palco de um bate-papo sobre Batatinha, comemorando os 100 anos do mestre do samba da Bahia. O evento, realizado no Museu Eugênio Teixeira Leal, contou com a mediação de James Martins e a participação do artista plástico Lucas Batatinha, do educador e músico Pedrão Abib, e do sambista Roberto Ribeiro.Herdeiro do sambista, cujo nome de batismo era Oscar da Penha, Lucas Batatinha contou detalhes sobre o início da carreira de seu pai e o surgimento de seu nome artístico. Segundo Lucas, Oscar começou a escrever canções ainda jovem, aos 12 anos. “Ele já tinha muitas músicas, mas sentia vergonha de mostrá-las”, explica. Foi só quando ganhou mais confiança e profissionalismo que sua música começou a ser reconhecida.Um marco importante na carreira de Oscar foi em 1970, quando a cantora Maria Bethânia incluiu três de suas canções no disco “Rosas dos Ventos”. “Foi aí que as pessoas começaram a perceber quem era aquela figura até então desconhecida”, conta Lucas.Leia mais:>>> Confira programação completa da Flipelô>>> Batatinha: O Samba Baiano que encantou Roma e fez história no BrasilA escolha do nome artístico “Batatinha” também tem uma história interessante. “O nome foi dado por Fernando Canedo”, disse Lucas. Fernando achava que o nome “Vassourinha”, que Oscar usava por inspiração em um cantor de São Paulo com o mesmo nome, não era adequado. “Toda vez que meu pai cantava repertório de Vassourinha, as pessoas começavam a chamá-lo de Vassourinha também. Como já existia um cantor com esse nome, Fernando decidiu criar um novo nome para evitar confusão.”Lucas lembra que quando Fernando anunciou Oscar como “Oscar da Penha e Batatinha”, seu pai ficou surpreso e até assustado. “Ele não gostou do nome, mas foi assim que a carreira dele começou a decolar”, concluiu Lucas.

Mesa na Flipelô

|  Foto: Olga Leiria | Ag. A TARDE

Legado para a posteridadePedro Abib, músico e educador em referência ao legado dos 100 anos do mestre do samba da Bahia fala de qual forma os jovens devem ser incentivados a serem histórias vivas e a construírem suas narrativas para que possam ser lembrados pelos seus descendentes.Para ele, isso não deve ser um esforço isolado, mas sim uma parte integral da educação e da cultura popular, que, segundo ele, muitas vezes, entra nas escolas “pela porta dos fundos”, ou seja, não recebe a atenção e o respeito que merece.O músico Roberto Ribeiro comenta sobre como os sambistas da atualidade estão perpetuando o legado e mantendo viva a essência do samba baiano que Batatinha tanto representou.

Lucas Batatinha, filho do artista

|  Foto: Olga Leiria | Ag. A TARDE

Segundo Ribeiro, nem todos estão preocupados em preservar essa memória dentro do samba. “Não dá para dizer que todo mundo está fazendo isso. É preciso ter os pés no chão. A realidade é que quem está realmente se preocupando com isso é quem tem um pouco mais de consciência da importância que o samba e essas pessoas têm para o que está acontecendo agora. Se hoje estamos falando de um samba mais forte, especialmente em Salvador, é porque essas pessoas vieram antes. No entanto, há muitos que acreditam que o samba surgiu há pouco tempo. Então, nem todos estão preocupados com isso, e nem todos conhecem a velha guarda ou quem está envolvido nessa atividade”.O sambista continua: “No geral, ainda é uma minoria. Não é toda voz no samba que você ouvirá ou verá reconhecer o nome de um artista e cantar um samba. Mas quem está disposto a manter essa tradição precisa ser dedicado, seja através de suas novas canções, de seus trabalhos ou de suas homenagens. O samba também é educativo, e precisamos abordá-lo dessa forma”, conclui Ribeiro.

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