Suspeito de matar mulher com 50 golpes de faca é preso; tentativas de feminicídio crescem 56% no RN

Policiais civis do município de Pau dos Ferros, na região oeste do Rio Grande do Norte, cumpriram um mandado de prisão preventiva contra um homem de 41 anos, suspeito de ter assassinado brutalmente sua ex-companheira, Auciclécia Rita da Conceição Aquino, com mais de 50 golpes de faca. O crime, que ocorreu no dia 12 de setembro de 2024, expõe o aumento alarmante de feminicídios no Rio Grande do Norte. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesed), entre janeiro e agosto de 2024, houve um crescimento de 56% nas tentativas de feminicídio em comparação ao mesmo período de 2023, resultando em 39 vítimas, das quais 13 perderam a vida.

A violência extrema foi uma das marcas da morte de Auciclécia. Ela foi atacada dentro da antiga casa onde morou com o agressor, um imóvel que ela visitava eventualmente para cuidar de seu filho, que havia fraturado a perna. O suspeito, separado da vítima há seis meses e já vivendo um novo relacionamento, foi até o local, dominado por ciúmes, e a assassinou com golpes de facão, sem oferecer qualquer chance de defesa. O delito, motivado pela sensação de posse do agressor, evidenciou mais uma vez a gravidade da violência de gênero.

Após cometer o assassinato, o suspeito tentou tirar a própria vida, mas foi socorrido e preso em flagrante no Hospital Regional da cidade. Sua recuperação foi monitorada pela polícia até o cumprimento do mandado de prisão preventiva, expedido pela 3ª Vara Criminal de Pau dos Ferros.

De acordo com a Polícia Civil, o suspeito está internado sob custódia policial. Assim que for liberado, será encaminhado ao presídio para aguardar julgamento pelo tribunal do júri. Ele não tinha antecedentes criminais, contudo, isso é comum em casos de violência doméstica.

Aumento de feminicídios no RN

Os dados da Sesed indicam que, somente no mês de julho de 2024, três mulheres foram mortas por feminicídio no estado, representando um aumento de 200% em relação ao ano anterior. Entre janeiro e junho de 2024, 32 mulheres foram vítimas de tentativas de feminicídio, uma alta de 88% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 17 casos.

O delegado responsável pelo caso de Pau dos Ferros, que preferiu não ser identificado, afirmou que as autoridades estão tentando combater esse grave cenário por meio das delegacias especializadas no atendimento à mulher e das patrulhas Maria da Penha. “O homem não pode se sentir ‘proprietário’ da mulher. Isso passa por uma mudança cultural e de mentalidade que demanda tempo e esforço”, reforçou.

O combate ao aumento de feminicídios no RN, na visão do delegado, levará tempo, pois a mudança no machismo estrutural requer um esforço coletivo. “As delegacias da mulher, criadas no governo Fátima, e as patrulhas Maria da Penha têm sido fundamentais. Estamos tentando mitigar esse cenário, mas é um trabalho de longo prazo.”

Para prevenir novos casos de violência contra a mulher na região, ele descreve que além das medidas protetivas, estamos investindo em palestras nas escolas e outras ações de conscientização. “É preciso mudar a mentalidade de que a mulher é propriedade do homem.”, reitera.

Dados alarmantes da violência de gênero no Brasil

A situação no Rio Grande do Norte reflete uma tendência nacional preocupante. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre 2015 e 2023, mais de 10.655 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil. Só em 2023, foram registrados 1.463 feminicídios, uma média de quatro mulheres mortas por dia.

Além dos assassinatos, outros crimes de violência contra a mulher também registraram crescimento em 2023. O número de agressões subiu 9,8%, totalizando 258.941 casos. Já os registros de ameaça saltaram 16,5%, enquanto a violência psicológica cresceu 33,8%, com 38.507 ocorrências.

Embora as autoridades estejam implementando iniciativas como as delegacias especializadas e as patrulhas Maria da Penha, a prevenção ao feminicídio exige mais do que leis e ações policiais. “A mudança de mentalidade é essencial”, ressalta o delegado. “O homem precisa entender que a mulher não é propriedade sua.”

A transformação desse cenário demanda uma conscientização ampla, que deve começar nas escolas, estender-se pelas comunidades e alcançar todos os níveis da sociedade. Só assim será possível reduzir os números alarmantes de violência de gênero que, ano após ano, ceifam vidas em todo o Brasil.

Se você ou alguém que conhece é vítima de violência doméstica, denuncie. Confira os contatos das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) no RN aqui.

Denunciar pode salvar vidas.

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