Eleição na Venezuela? É cilada, Lula!

Leio no Noticiário sobre a eleição na Venezuela que Edmundo González Urrutia, candidato de oposição,  se autoproclamou presidente eleito da Venezuela afirmando que teve 67% dos votos.

Dias antes, o atual presidente Nicolás Maduro, que tenta reeleição, garantiu que havia vendido a eleição com 51% dos votos e que continuará no poder.

Bem, por mim não cabe nem a um nem a outro decretarem a vitória e dar o resultado do pleito, posto que essa função seria da Justiça eleitoral do país, certo?

O fato é que o cenário político venezuelo é mais que um balaio de gato, é um caos completo há tempos. Um presidente que se reelege ad infinitum em eleições sempre suspeitas, um judiciário também sempre suspeito e quase sempre omisso, uma oposição que flerta abertamente com os EUA e que luta para ser reconhecida como governo sem o ser. Enfim, uma algaravia que desafia os conceitos tradicionais de Esquerda x Direita, Comunismo x Capitalismo.

Não simpatizo com Maduro, acho um mau líder político e pouco diplomata, sem qualquer carisma. Mas minha antipatia com o sucesso de Hugo Chávez não me faz ter qualquer apreço ou esperança na oposição venezuelana, formada por entreguistas deslumbrados como Guaidó ou gente que se alinha à extrema direita espanhola, como Corina. Ou seja, o presidente socialista atual é um horror, mas a oposição capitalista é uma desgraça.

Nessa confusão, me assusto com a sdefesas acaloradas que gente de esquertda faz de Maduto, assim como da paixão dos direitistras por qualquer político de direita que venha a confrontar o presidente. Em meio à tanta paixão (ideológica, claro) pouco ou nada se estuda a real situação do povo venezuelano e nem sobre o funcionamento das instituições e do mecanismo econômico e social do país.

O que acho preocupante é que a Venezuela virou uma pauta para o presidente Lula gerir e comentar, assim como Saúde, Educação, Cultura e Economia. A situação do país vizinho não entra como uma política de relações exteriores, como o restante do Mundo, mas uma pauta à parte que serve como motor eleitoral e demarcação de linhas ideológicas. A militância de esquerda cobra que Lula apoie o “camarada” Maduro, independente dos erros deste e dos limites diplomáticos. Mídia e direita investigam cada palavra que Lula disse (ou não) sobre Maduro e Venezuela, para estampar manchetes sensacionalistas e acusar Lula de ditador.

Ou seja, se correr, o bicho pega, se ficar o bicho come. Há tempos defendo que Lula deveria descolar dessa afinidade com Maduro e deixar a Venezuela a cargo do Itamaraty e de suas próprias contradições, como país autônomo que é.

Em tempo: Sei que os EUA são loucos para se apossar do petóleo venezuelano e que um governo de direita entregaria as riquezas do país aos states. Não aprovo isso, claro. Mas também sei que Maduro está no poder desde 2012 (assumiu como vice-presidente de Chávez após grave doença deste e em 2013 foi reeleito e depois e depois e depois). Não tenho como aceitar uma democracia que o mandatário está no poder há doze anos e quer mais quatro.

Ou seja, não cabe a Lula cair nessa casca de banana eterna que é a situação política da Venezuela. Esquece Maduro que é cilada, Bino, digo, Lula!

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