O apoio financeiro do governo federal ao Rio Grande do Sul, após as enchentes históricas de 2024, ficou dezenas de bilhões abaixo do valor inicialmente divulgado. Segundo análise da BBC News Brasil, ao menos R$ 37 bilhões foram inflacionados nos anúncios oficiais, que chegaram a apresentar R$ 141,5 bilhões em ações, mas parte desse montante nunca saiu do papel ou foi contabilizada de forma duplicada.
Levantamento da reportagem, com base em dados do Tesouro Nacional e especialistas, indica que os recursos efetivamente novos aplicados somam R$ 61,4 bilhões, incluindo gastos com resgates, benefícios sociais e empréstimos via BNDES.
Medidas como antecipação de benefícios e liberação do FGTS também foram contabilizadas, embora não representem novos gastos públicos. Mesmo assim, não há transparência suficiente sobre como foram investidos os recursos, como detalhamento sobre tanto investimento em resgates.
O governo federal reconheceu a necessidade de revisar os números. A Casa Civil alterou os valores para R$ 111,7 bilhões, mas as cifras continuam gerando controvérsias. Economistas criticam a falta de transparência, mas destacam a rapidez na resposta emergencial.
Parte dos recursos ainda não foi aplicada em obras de reconstrução, que enfrentam entraves burocráticos. A demora alimenta disputas políticas entre prefeituras, governo estadual e União, enquanto especialistas alertam que o Estado segue vulnerável a novas enchentes.
A principal distorção ocorreu na divulgação de linhas de crédito. O governo previu que aportes de R$ 6 bilhões em fundos garantidores alavancariam até R$ 40,2 bilhões em empréstimos, mas apenas R$ 10 bilhões foram realmente emprestados. Mesmo assim, o valor potencial continuou sendo contabilizado como recurso destinado.
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