A 1ª Vara da Comarca Cível de Mossoró mandou retirar do ar uma série de reportagens intituladas “Os segredos de Allyson” publicadas pelo Blog do Barreto que denunciavam um suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Mossoró com a participação do Chefe do Executivo, Allyson Bezerra (União Brasil). Na decisão, o magistrado Edino Jales de Almeida Júnior determina multa R$ 1 mil por dia, caso as matérias com os áudios não sejam removidas, e de R$ 2 mil caso haja novas postagens sobre o conteúdo.
Segundo a apuração do jornalista Bruno Barreto, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) investiga o caso, que envolve o nome de empresários locais que, supostamente, estariam sendo obrigados a pagar propina para receber o pagamento da Prefeitura de Mossoró pelos serviços executados.
As matérias traziam áudio de um empresário e de um advogado. No entendimento do juiz do caso, houve quebra de sigilo profissional do advogado.
“Se teve alguém que quebrou o sigilo do advogado, foi ele mesmo ao repassar os áudios para terceiros, que chegaram a mim e transformei em reportagem”, argumenta Barreto.
A decisão do juiz não se refere ao mérito das matérias, mas apenas à quebra de sigilo profissional.
A denúncia
Pelo esquema denunciado pelo jornalista, grandes empresas eram contratadas pela Prefeitura de Mossoró. Elas subcontratavam outras empresas de menor porte para realizar os serviços mais simples e, por sua vez, tinham que pagar propina para receber o pagamento da Prefeitura.
Nas reportagens apresentadas por Barreto, um dos empresários diz ter prints e áudios de conversas nas quais se trata da divisão de propina que estava no patamar de 26%.
Na decisão judicial que censurou as matérias de Bruno Barreto, o magistrado determinou a remoção de todas as publicações que contenham áudios de um empresário mossoroense, assim como vetou novas publicações que façam referência à mesma gravação.
“Foi censura porque quem vazou o áudio foi o próprio advogado. A ação do advogado mostra que as informações das matérias são verdadeiras”, avalia Bruno Barreto.
O jornalista já recorreu da decisão e aguarda uma resposta da justiça.
“Entramos com um embargo de declaração, porque sequer fomos ouvidos. O juiz não abriu prazo para que eu fosse ouvido. Também entramos com recurso no Tribunal de Justiça e um direto no Supremo Tribunal Federal por violação à liberdade de imprensa”, revela o jornalista.
Até esta quarta (21), todas as matérias solicitadas pela justiça sobre o caso haviam sido tiradas do ar.
Para conferir a fala de Bruno Barreto após decisão judicial, CLIQUE AQUI.
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