INSS tem fila recorde de 2,7 milhões; greve de peritos e mudanças em regras elevam custo a R$ 14 bi

A fila de espera por benefícios do INSS atingiu 2,678 milhões de pedidos em abril, o segundo maior patamar da história, atrás apenas do recorde de 2,707 milhões registrado em março. O número é 91% maior que o do mesmo período em 2024, quando havia 1,4 milhão de requisições pendentes, conforme a Folha.

Os dados indicam um custo adicional de até R$ 27 bilhões em 12 meses se todos os benefícios em atraso forem concedidos, embora projeções da IFI (Instituição Fiscal Independente) apontem para um impacto real de R$ 14 bilhões neste ano. 

“O INSS concedeu muitos benefícios sem analisar direito se o segurado tinha efetivo direito, e agora tenta corrigir isso. A fila cresceu principalmente por causa dos afastamentos por doença”, disse o ex-presidente do instituto, Valdir Moysés Simão. Ele citou a tentativa frustrada de agilizar processos com o Atestmed, sistema que dispensava perícia presencial, mas foi parcialmente suspenso após aumento irregular de concessões. 

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A IFI atribui parte do problema às greves dos peritos médicos entre agosto de 2024 e abril de 2025. Em abril, a análise de 1,072 milhão de pedidos superou pela primeira vez em meses a entrada de novas solicitações (1,062 milhão), reduzindo levemente a fila. Mesmo assim, o órgão projeta um rombo de R$ 16 bilhões acima do previsto no Orçamento de 2025. 

Carlos Vinicius Lopes, do Sindisprev-Rio, apontou falta de servidores e sistemas defasados como entraves. “A Dataprev não consegue atender a demanda”, afirmou. Ele lembrou que duas paralisações agravaram o cenário: uma greve de 80 dias dos servidores administrativos e outra de 230 dias dos peritos, que reduziram voluntariamente o número de exames. “Essa última foi decisiva para congestionar a fila”. 

Benefícios por incapacidade respondem por 48% da fila, seguidos por assistenciais (24%) e aposentadorias (17%). A XP Investimentos calcula que o pagamento retroativo a 1,3 milhão de beneficiários já custaria R$ 6 bilhões. Simão alertou que atrasos além de 60 dias obrigam o INSS a arcar com valores mesmo que o trabalhador já esteja recuperado, ampliando prejuízos.

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