Jovem denuncia que foi assaltado por membros da Bamor antes de jogo na Fonte Nova

Vídeos de câmeras de segurança registraram o momento em que um jovem foi cercado por um grupo de homens e teve seu celular roubado, na noite de quarta-feira, 21, na Avenida Joana Angélica, no bairro de Nazaré, em Salvador. A via é uma das principais ligações entre a Estação da Lapa e a Arena Fonte Nova, onde, minutos depois, ocorreria o jogo entre Bahia e Paysandu pela Copa do Brasil.

Segundo relato exclusivo ao Portal A TARDE, a vítima, que preferiu não se identificar, afirma que os suspeitos vestiam camisas da Torcida Organizada Bamor. Ele contou que voltava do trabalho, no Campo Grande, a caminho de casa, em Nazaré, quando foi abordado por cerca de oito homens em frente à delicatessen Joana Angélica.“Eu estava indo do Campo Grande pra casa, que eu moro atrás do Salesiano de Nazaré, e fui caminhando, como já fiz várias vezes. Como tinha o jogo do Bahia, eu falei que ia ser movimentado e tranquilo”, disse. “Chegando ali, perto da delicatessen Joana Angélica — que é onde eu costumo passar quase todo santo dia —, de 8 a 10 rapazes vestidos com a camisa da Bamor e do Bahia me pararam e me abordaram.”O jovem relata que foi cercado e intimidado verbalmente. “Eles perguntaram o que eu tinha no bolso, porque eu estava com um soro. Eu estava com rinite atacada, um soro no bolso, aí eu mostrei a eles o soro.” Segundo ele, a abordagem foi agressiva: “Foram bastante agressivos nas palavras, gritando e xingando o tempo todo: ‘Que porra você tem no bolso?’”.Desespero, medo e descaso“Eles me perguntaram onde eu morava. Eu falei que era pela região, mas não disse exatamente onde era. Acreditei que, como eram do Bahia, tava de boa”, disse. “Mas aí me ameaçaram, chegaram mais perto, pegaram no meu braço e falaram do celular — era pra eu dar o celular pra eles.”“Eu, meio nervoso, como tinha sido cercado, peguei o celular da cintura. Ele mandou mostrar, eu desbloqueei, mas quando ele foi pegar, bloqueei rápido, porque vi que a luz apagou. Não sei o que ele queria fazer com meus dados.”Após o roubo, ele tentou pedir ajuda. “Voltei caminhando até onde vi uma guarnição da polícia e falei com os quatro policiais que estavam em frente ao Colégio Central”, conta. “Eles perguntaram até qual era o meu celular, se tinham me machucado, e eu dei as informações. Mas não fizeram nada. Voltei pra casa correndo pra tentar bloquear tudo: e-mail, cartão, celular.”A sensação de impotência seguiu ao longo da noite e do dia seguinte. “Meu pai resolveu comigo ir até a guarnição que tem na frente do antigo Bompreço da Fonte Nova. Pedi pra gente ir lá só pra perguntar se foi alguém da torcida mesmo, porque eu moro na área e não queria passar por isso de novo.”“Só que nenhum dos dois policiais me ajudou. Pediram pra eu arrumar imagem de vídeo e ir nos Barris.”Nesta quinta-feira, 22, ele conseguiu as imagens de uma câmera de segurança de um prédio na região, que mostra o momento do assalto. De posse do vídeo, tentou levar o material à Polícia Civil.“Fui à Polícia Civil dos Barris às 13h . O rapaz informou que era só com o pessoal da investigação, que começava às 14h30. Aí voltei nesse horário”, lembra. “Perguntei ao rapaz da entrada como procedia com o vídeo, já que tinha feito o boletim online. Ele foi muito rude, nem queria passar a informação. Disse só pra eu esperar o e-mail. E eu só queria saber se mandava o vídeo por e-mail ou abria outro chamado.”Resposta da PMProcurada pela reportagem, a Polícia Militar informou, em nota:“Na noite de quarta-feira, 21, uma guarnição da 2ª CIPM foi acionada para verificar uma suposta ocorrência de roubo na Av. Joana Angélica. No local, foram realizadas rondas, todavia a suposta vítima e os autores não foram visualizados. O policiamento foi intensificado na localidade.”

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