Privatização de Pituaçu é travada por cláusula secreta da Fonte Nova

Uma eventual concessão do Estádio Metropolitano de Pituaçu à iniciativa privada por parte do Governo do Estado e de desejo do governador Jerônimo Rodrigues, esbarra em um trecho do contrato de Parceria Público Privada (PPP) com a Arena Fonte Nova, pelo menos até 2028. O equipamento esportivo chegou a ser oferecido em uma negociação conjunta com a própria Arena junto ao City Football Group, conglomerado que atualmente administra a SAF do Bahia, como mostrado pelo Portal A TARDE na terça-feira, 20, mas o grupo revelou desinteresse por Pituaçu, focando apenas em gerir a Fonte Nova. Com isso, o governo deve, nos próximos meses, estudar uma nova solução para o equipamento metropolitano. Na opinião de Jerônimo, não faz sentido que o estádio seja gerido pela administração pública.”O setor privado tem mais criatividade. Se esse estádio estivesse com a gente, do governo da Bahia, nós encontraríamos dificuldade em fomentar eventos”, afirmou Jerônimo em fevereiro, ao comentar sobre a concessão da Arena Fonte Nova.Fim de contratoA concessão da Arena Fonte Nova encerra no primeiro semestre de 2028 e a partir de então o governo deve realizar um novo chamamento público para que novos interessados apresentem suas propostas. Vale lembrar que o tempo de contrato da concessão foi reduzido em 2021. Antes, a duração era até 2045 e foi reduzida em 17 anos.O Grupo City pode e deve ser um dos interessados no equipamento, conforme dito por um interlocutor do governo ao Portal A TARDE. A ideia é gerir o estádio para mandar os jogos da equipe principal masculina do Tricolor.O Estádio de Pituaçu, no entanto, caso fosse negociado com o Grupo, seria utilizado pelas equipes femininas, além das divisões de base. No entanto, uma venda de Pituaçu antes do encerramento do contrato estaria atrelada à venda casada com a Arena Fonte Nova. Isso porque, segundo informações obtidas por A TARDE, existe uma cláusula no contrato de concessão da Fonte Nova que exige a utilização de Pituaçu como estádio secundário, em caso de indisponibilidade da Arena devido a realização de shows e eventos em datas de jogos, principalmente do Bahia, que atualmente atua como mandante no estádio. Apesar de constar em contrato, o Estádio de Pituaçu não tem participação do consórcio em sua gerência, sendo ele gerido pelo próprio governo, através da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), que opera e dá manutenção ao equipamento. Imbróglio com alvaráAtualmente, Pituaçu está sem mandar jogos oficiais, devido a ausência de um alvará de liberação por parte da Prefeitura de Salvador, ficando o equipamento sendo utilizado apenas para eventos de menor porte, beneficente ou competições amadoras. A Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), por meio do secretário Augusto Vasconcelos, garante que a pasta realiza investimentos constantes em requalificação no gramado de Pituaçu e em algumas obras de infraestrutura do entorno do estádio, além de intermediar junto à prefeitura a liberação do alvará de liberação. “Temos nos empenhado para que a prefeitura possa liberar o alvará para o estádio possa sediar jogos, já tem alguns meses que enviamos a documentação, a expectativa é que possa se resolver o quanto antes”, disse o secretário, revelando que o governo, de fato, está aberto ao diálogo para concessão de Pituaçu.

Estamos abertos para o diálogo para uma eventual proposta. Enquanto isso, estamos investindo em melhorias no estádio

Augusto Vasconcelos – secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia

Já outra fonte ligada ao governo do Estado defende a manutenção da administração de Pituaçu com a gestão estadual. Segundo ela, o estádio é fundamental para o futebol baiano, em divisões profissionais de outras séries e de futebol de base. “Pituaçu é fundamental para o futebol baiano, com vários jogos de campeonato baiano, série b, série C e D do Brasileirão, categorias de base, além de outras competições esportivas. Vender Pituaçu vai ser um baque muito grande para o esporte baiano. É um desserviço privatizar pituaçu”, apontou.

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