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A partir de dados pessoais e dados do cartão, a dona de casa Ruth Carvalho, 48, já foi vítima de tentativa de fraude com uma série de compras suspeitas que chegaram ao valor de R$16 mil em seu cartão. Felizmente a operadora do cartão suspeitou das ações e entrou em contato com Ruth, que negou ser a responsável pelas aquisições.No fim das contas, ela não precisou pagar o fatura, mas ainda ficou surpresa com a capacidade dos fraudadores que conseguiram aumentar seu limite de R$6 mil para R$16 mil. “Graças a Deus não paguei nada porque eles viram lá que realmente não fui eu. Depois disso cancelei o cartão e passei a ficar mais atenta, tomar mais cuidado. Verifico sempre se está tudo certinho na fatura”, conta.Cenário favorávelDe todas as transações feitas no estado, 1,76% foram tentativas de golpe. O alto volume populacional, falta de educação digital, desigualdade econômica e as diferentes realidades de infraestrutura tecnológica por todo o estado são as razões que explicam a fertilidade da Bahia como cenário para essas ocorrências.O diagnóstico é do docente dos cursos de T.I da Whyden e mestre em engenharia da computação, Kayo Monteiro, que aprofunda seu argumento.“A desigualdade econômica pode tornar parte da população mais suscetível a ofertas enganosas ou promessas de dinheiro fácil. A diferença de infraestrutura tecnológica entre centros urbanos e zonas rurais pode dificultar o acesso a tecnologias de segurança mais avançadas ou atualizadas. Essa soma de fatores torna o estado um campo fértil para fraudadores que buscam explorar brechas tecnológicas e humanas”, afirma.Padrão de fraudesFoi durante os dias úteis, especialmente às terças e quartas-feiras, que as tentativas de fraude ocorreram com maior frequência, conforme o levantamento da Caf.Outras informações apresentadas no estudo apontam que esses golpes são concentrados no horário comercial, com ênfase às 15h, porém o momento de maior risco é durante a madrugada, entre meia-noite e 04h da manhã.“Durante o horário comercial, há uma grande movimentação de transações legítimas em plataformas digitais. Esse volume intenso gera o que os especialistas chamam de ‘ruído de fundo transacional’, o que dificulta a detecção imediata de operações fraudulentas por parte de sistemas automatizados e, em alguns casos, também por equipes humanas de monitoramento”, explica Kayo.A madrugada é vista como favorável, segundo Kayo, por ser o momento em que o monitoramento em tempo real é reduzido, além disso os usuários estão mais propensos à desatenção durante a noite. As principais vítimas das tentativas de fraude são as mulheres e com relação a idade pessoas acima dos 60 registraram maior risco de serem fraudados.PrevençãoDiante deste cenário, a diretora de atendimento e orientação ao consumidor do Procon – BA, Adriana Menezes, indica cuidados que os baianos podem adotar para proteger contas e aparelhos, como celulares, tablets e notebooks.As ações preventivas são estabelecer autenticação em dois fatores, uso de antivírus, gerenciadores de senha, e recursos anti-phishing – golpe digital que engana o usuário para que forneça seus dados -; além de não fornecer senhas, documentos e nem dados pessoais ou bancários por telefone, WhatsApp ou e-mail. Com esses cuidados é possível evitar o roubo de informações pessoais, como senhas, dados bancários ou números de cartão de crédito.Ela ainda ressalta outras medidas de precaução que o consumidor deve estar atento. Nunca envie fotos com documentos pessoais para desconhecidos; não clique em links recebidos por e-mail ou SMS; antes de comprar por sites, aplicativos ou redes sociais verifique se a empresa existe e é reconhecida; pesquise se há reclamações contra a empresa em órgãos como Procon ou pela plataforma Reclame Aqui; bloqueie e denuncie números de ligações e mensagens de desconhecidos; e converse com amigos e familiares para se atualizar dos golpes estaduais.