A SES (Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul) informou, nesta terça-feira (20), que um trabalhador de uma granja localizada em Montenegro (RS), onde foi identificado o primeiro foco de gripe aviária em uma criação comercial no país, apresentou sintomas gripais após ter contato direto com aves doentes.Ele encontra-se em isolamento domiciliar e sob monitoramento das autoridades de saúde. Segundo a SES, foi realizada a coleta de amostras biológicas, que foram encaminhadas à Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro. O resultado do exame laboratorial deve ser divulgado nesta semana.Embora exista a suspeita de infecção, o Cevs (Centro Estadual de Vigilância em Saúde) afirma que o risco de transmissão da influenza aviária para humanos permanece baixo. A infecção geralmente ocorre apenas em casos de contato direto, frequente e prolongado com aves ou mamíferos infectados (vivos ou mortos).O centro também diz que a gripe aviária não é transmitida pelo consumo de carnes ou ovos devidamente cozidos. Além disso, a transmissão entre humanos é extremamente rara, o que limita o risco de propagação da doença entre pessoas.De acordo com a secretaria, após a confirmação dos dois focos da doença no Rio Grande do Sul, o primeiro em Montenegro e o segundo no Zoológico de Sapucaia do Sul, na última sexta-feira (16), foi realizado um levantamento completo das pessoas que tiveram contato com os animais infectados.Os trabalhadores e funcionários dos dois locais estão sendo monitorados com o objetivo de identificar sinais e sintomas compatíveis com a definição de caso suspeito.A secretaria explica ainda que para a definição de caso humano suspeito, a partir da confirmação de infecção em animais, pessoas que tiveram contato próximo com esses animais passam a ser monitoradas por um período de dez dias, caso estejam assintomáticas.Para que um caso seja oficialmente considerado suspeito, é necessário que haja, simultaneamente, evidência clínica (presença de sintomas) e evidência epidemiológica, como exposição a animais infectados ou a seus restos mortais.De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), entre janeiro de 2024 e maio de 2025, foram confirmados 72 casos de influenza aviária em humanos nas Américas, com registros nos Estados Unidos, Canadá e México. Até o momento, nenhum caso foi identificado no Brasil. TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE A GRIPE AVIÁRIA- É seguro consumir carnes e ovos de aves após a confirmação do vírus?Sim. Órgãos de governos como o Ministério da Agricultura e a Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul informaram que o consumo de carne de aves e ovos armazenados em casa ou em pontos de venda é seguro. Paulo Eduardo Brandão, professor da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, explica que a influenza aviária não é transmitida para pessoas pelo consumo de carne ou de ovos, mesmo nos casos em que a ave estiver infectada. “Isso acontece sobretudo porque o consumo de qualquer carne de frango deve ser bem passada, não só pensando na gripe aviária, como também em outras doenças.”- Posso consumir o ovo de uma galinha infectada?Sim. Caso o ovo esteja destinado ao consumo humano, ele não apresentará um embrião. Dessa forma, o vírus não encontrará células para se hospedar, o que significa que o ovo não estará infectado.- Ainda posso comer o ovo cru?A OMS (Organização Mundial da Saúde) e a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) afirmam que frango e ovos podem ser consumidos com segurança, desde que preparados adequadamente, bem cozidos. Segundo a OMS, o consumo de carne e ovos crus ou mal cozidos de áreas com surtos de gripe aviária deve ser evitado. Animais que estão doentes ou que morreram inesperadamente não devem ser consumidos.- É possível que o risco com relação ao consumo destes alimentos aumente?Não há risco com relação ao consumo, mesmo que novos surtos ocorram. Um dos problemas que pode surgir no país, no entanto, segundo o professor, é a possibilidade de a situação se disseminar de forma semelhante ao que ocorreu nos Estados Unidos, o que pode afetar a produção de ovos e, consequentemente, elevar o preço do alimento.- O que é o H5N1?O H5N1é uma variante do vírus da gripe comum. Brandão explica que todos os tipos da família influenza apresentam um nome e um sobrenome, ou seja, um ‘H’ e um ‘N’.Na vacina anual contra a gripe, um dos vírus de influenza mencionados é o H1N1. Enquanto o H5N1, que é bastante comum em aves, é outra forma em que um vírus da gripe pode aparecer.- Desde quando o vírus circula?Circula agora uma mutação do H5N1, mas existe um ancestral do vírus que já é conhecido desde 1996, infectando gansos. “O vírus atual existe desde 2020, tomou África, Ásia e Europa e, entre 2022 e 2023, chegou ao continente americano”, afirma Brandão.No Brasil, há registro em animais silvestres desde 2023, quando houve a confirmação da doença no Espírito Santo. Houve casos em ao menos sete estados.- Qual é o nível de fatalidade entre as aves?De acordo com o professor, trata-se de um vírus extremamente letal para esses animais, que se transmite muito rapidamente nessas populações. “Galinhas, frangos e outras aves mantidas em criação humana são altamente suscetíveis e é comum que essa alta letalidade seja ainda mais observada em granjas”. O motivo são as condições de criação, com muitos animais em pouco espaço.- Como é feito o controle para garantir a segurança dos alimentos?De acordo com o especialista, todas as aves que não morreram com a doença são abatidas para evitar a disseminação da gripe. Depois disso, a granja é interditada pelo período de pelo menos dois meses e as carcaças são queimadas e enterradas para conter o vírus.- A doença é transmissível para outros animais? Neste caso, ainda é seguro consumir os produtos derivados deles?Sim. A doença pode ser transmitida para outros animais, incluindo alguns mamíferos. Segundo o especialista, nos Estados Unidos, houve casos em que leite não pasteurizado apresentou o vírus. No entanto, no caso da carne bovina ou de produtos derivados do leite que foram pasteurizados, não há risco de infecção para os consumidores.- A doença é transmissível para humanos?Sim, mas os casos de transmissão da doença para seres humanos só acontecem com aqueles que trabalham e manuseiam diretamente o animal contaminado. Segundo Paulo Eduardo Brandão, professor da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, a doença se manifesta como uma gripe forte.A Embrapa afirma que a contaminação humana ocorre por contato direto com secreções de aves infectadas, especialmente feiras de aves vivas, fezes de aves, sangue, aves mortas.- É possível que uma pessoa transmita a doença para outra?Não. Brandão explica que não há registro da influenza sendo transmitida entre seres humanos, fator que evita que ela se torne uma pandemia.- A vacina contra a gripe me protege contra a influenza aviária?Não. A atual vacina contra a gripe protege os seres humanos contra a H1N1 e não contra outras variantes de influenza.- Existe uma vacina contra a H5N1 para animais?Sim. No entanto, o especialista explica que a vacina não é comumente utilizada, pois, ao ser aplicada, os anticorpos seriam detectados em todas as aves, tornando difícil determinar se o animal apresenta os anticorpos devido à vacinação ou por estar realmente contaminado com a doença. Por essa razão, a vacina não é amplamente adotada, a fim de evitar que o diagnóstico rápido seja comprometido.- A gripe aviária pode infectar gatos e cachorros?Até o momento, a única pista de animais domésticos infectados pela influenza aviária já registrada foi de gatos em fazendas dos Estados Unidos que tomavam o leite puro de vacas infectadas. Assim, de acordo com Brandão, não é necessário se preocupar com a infecção desses animais.- O que explica os embargos comerciais?Os países têm políticas de suspensão de importações de lugares onde houve detecção de gripe aviária para evitar a entrada do vírus em zonas livres da doença.- É seguro viajar para áreas que relatam surtos de gripe aviária em animais e/ou humanos?Atualmente, a OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda restrições de viagem relacionadas à gripe aviária. No entanto, o órgão indica que algumas medidas podem ser tomadas para evitar o risco de infecção.Em áreas com surtos de gripe aviária em animais, evite:> Contato com animais doentes ou mortos; > Contato com animais em fazendas e mercados de animais; > Entrar em áreas onde animais possam ser abatidos; > Contato com quaisquer superfícies que pareçam estar contaminadas com fezes de animais; > Abater ou comer animais doentes.
Trabalhador de granja é isolado por suspeita de gripe aviária no RS
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