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Com a crescente valorização do café capixaba, as exportações da bebida alcançaram 63 países em 2024, gerando um valor recorde de US$ 2,17 bilhões — marca que pode ser superada este ano, segundo o secretário de Estado da Agricultura (Seag), Enio Bergoli.Entre janeiro e dezembro do ano passado, foram exportadas aproximadamente 8,4 milhões de sacas de café, sendo cerca de 7,6 milhões de sacas de conilon — das quais mais de 7,06 milhões eram de conilon cru em grãos e cerca de 571 mil sacas em equivalente solúvel. Além disso, o Espírito Santo exportou cerca de 753,7 mil sacas de café arábica. Com o início da colheita da nova safra, o Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV) fez um alerta importante aos produtores: é essencial manter os cuidados com a qualidade do grão para garantir a continuidade e a ampliação das exportações.“O quesito qualidade dos grãos é fundamental para a manutenção e o incremento das exportações. O recorde nas exportações de conilon no ano passado teve como fator determinante a excelência dos cafés produzidos no Estado”, destacou Fabrício Tristão, presidente do CCCV e executivo da Olam Food Ingredients.Tristão reforçou que realizar a colheita com alto percentual de frutos maduros, além de garantir um processo de secagem adequado e limpeza cuidadosa dos grãos, é essencial para alcançar cafés com padrão de exportação.O CCCV também alertou para práticas que podem comprometer os negócios, como cafés com umidade superior a 13%, elevado índice de grãos pequenos ou verdes, e entrega do produto ainda quente após a secagem. Tais falhas afetam diretamente a reputação e a rentabilidade do café capixaba no mercado internacional.O Espírito Santo tem se destacado especialmente na exportação de café conilon, com forte demanda de países da Europa e da Ásia, segundo Luiz Carlos Bastianello, presidente da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel). “A atenção à melhoria da qualidade e às práticas cada vez mais sustentáveis está liderando esse movimento de expansão de mercado”, avaliou.A colheita de 2025 será oficialmente aberta na próxima quarta-feira, com evento na Fazenda Água Limpa, em Jaguaré. A cerimônia reunirá produtores, autoridades e empresas da cadeia produtiva do café capixaba.Desafios da logística para envio de grãos para exteriorAlém de exportar café pelos portos capixabas de Vitória e Portocel, os produtores do Estado também utilizam portos localizados em outras regiões, como o Porto de Santos (SP) e o Porto do Açu (RJ), conforme informações do Centro do Comércio de Café de Vitória.Segundo estimativas, em 2024 foram escoadas, por portos fora do Estado, pelo menos 1,4 milhão de sacas de café conilon, 1,8 milhão de sacas de café arábica e cerca de 350 mil sacas de café solúvel — todos produzidos e processados no Espírito Santo.Esses volumes adicionais elevam o total de café capixaba exportado de 8,4 milhões para aproximadamente 12 milhões de sacas, resultando em um acréscimo de cerca de US$ 888 milhões. Com isso, a receita cambial total das exportações de café do Estado alcança aproximadamente US$ 2,7 bilhões.Considerando o café exportado tanto pelos portos capixabas quanto por outros estados, a participação do Espírito Santo nas exportações brasileiras totais de café cresce de 17% para 24%. No caso específico das exportações de café conilon, o Estado amplia sua participação de 75% para 90%.Em busca de soluções para garantir maior fluidez na logística de exportação, os exportadores também passaram a adotar a modalidade break-bulk, na qual o café é embarcado diretamente no porão dos navios em big bags, sem necessidade do uso de contêineres — método tradicionalmente utilizado na exportação do produto.Mais de 260 mil sacas de café foram embarcadas nessa modalidade. Em 2024, pela primeira vez na história, o Espírito Santo realizou embarques fora da Região Metropolitana de Vitória, com operações também em Portocel, Aracruz. Houve também embarques realizados pela VPorts, nos berços das margens de Vila Velha e de Vitória.SAIBA MAIS84% das exportações foram de conilonPaíses que exportaram caféAo todo, 63 países de todos os continentes exportaram café do Estado em 2024. Cinco países importaram quase a metade de todo o café embarcado em portos capixabas: Bélgica (12%), México (12%), Estados Unidos (10%), Itália (8%) e Espanha (7%).Com exceção dos EUA, que adquiriu volumes expressivos tanto de café conilon como de café arábica e solúvel, os outros quatro primeiros países importaram majoritariamente café conilon. Em comparação com o ano anterior, Espanha e Itália ocuparam o lugar de Reino Unido e Indonésia entre os cinco primeiros destinos.Outros países que exportaram do Estado foram: Alemanha, Vietnã, Reino Unido, Indonésia, Rússia, Turquia, Argentina, Índia, Chile, Equador, Tunísia, África do Sul, Japão, Líbano, Países Baixos, França, Colômbia, Malásia, Marrocos, Polônia, China, Argélia, Estônia, Austrália, Israel, Emirados Árabes Unidos, Egito, Portugal, Eslovênia, Coreia do Sul, Jordânia, Cuba, Hong Kong, Uruguai, Grécia.E também Romênia, Canadá, Líbia, Letônia, Bulgária, Suécia, Taiwan, Georgia, Panamá, Armênia, Chipre, Árabia Saudita, Noruega, Síria, Croácia, Cingapura, Kuwait, Omã, República Dominicana, Costa Rica, Cabo Verde, e Suíça.Exportações no ano passadoAs exportações de café pelos portos capixaba somaram 8.380.636 sacas de café, volume apenas 1,21% maior que o recorde anterior, registrado no ano de 2002.A principal espécie de café exportada, o café conilon, respondeu por 84% do volume total, equivalente a mais de 7 milhões de sacas, seguida do café arábica que registrou 754 mil sacas exportadas (9%) e do café solúvel, com 571 mil sacas (7%).Os números analisados baseiam-se apenas nos dados dos embarques de café feitos exclusivamente no Porto de Vitória (VPorts) e Portocel. Contudo, os exportadores direcionaram ao exterior um volume muito maior utilizando portos como o de Santos (SP) e do Açu (RJ).Fonte: CCCV e Seag.