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Clóvis Rangel/AT
A safra de café prevista para este ano no Espírito Santo, estimada em 16,4 milhões de sacas, deverá bater dois recordes: será a maior e a mais valiosa da história capixaba.Esse cenário positivo tem incentivado produtores a ampliarem as áreas de plantio e a substituírem cafezais antigos por mudas mais produtivas.Além da renovação dos cafezais, os produtores também têm investido em melhorias estruturais, como a ampliação dos sistemas de irrigação. Segundo o secretário de Estado da Agricultura (Seag), Enio Bergoli, o bom momento do setor também beneficia quem trabalha na colheita.“Com o preço mais alto das sacas, nem deve faltar mão de obra. Está havendo uma corrida para trabalhar na lavoura, com remuneração melhor, que também deve ser recorde. Tem trabalhador ganhando entre R$ 7 mil e R$ 8 mil por mês, devido ao alto volume de colheita”, afirmou.Com os valores elevados e o cenário favorável para o setor, os produtores estão até mesmo ampliando as áreas de cultivo, destacou Bergoli.Além disso, os pés de café estão muito carregados, e o rendimento diário é expressivo, salienta Fabrício Tristão, presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória e executivo da Olam Food Ingredients.A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que a expectativa de alta produção impulsiona a cafeicultura local e reforça a tendência de expansão das lavouras. “Outro fator tão importante quanto a estimativa de produção é a cotação de mercado do café. Os preços e as condições de comercialização são grandes balizadores para a previsão de expansão ou retração das áreas destinadas à cultura”, informou a entidade por meio de nota.O presidente da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), Luiz Carlos Bastianello, destaca que, apesar do cenário promissor, é essencial que os produtores mantenham o profissionalismo. “É fundamental plantar com responsabilidade, pois esse cenário de preços altos pode mudar, já que o café é uma commodity sujeita à volatilidade do mercado”, alertou.Reforço de segurança na colheitaA segurança está reforçada para o período de colheitas no Estado, com a Operação Colheita 2025, com destaque para os valores de mercado dos grãos atualmente, o que pode atrair os olhares de criminosos.O objetivo da operação é levar mais segurança para produtores rurais, garantindo a proteção de produtores, trabalhadores, comerciantes e moradores, considerando o aumento da circulação de pessoas, mercadorias e valores. A operação teve início no dia 1º de abril e se estende até 30 de novembro.O governador Renato Casagrande destacou que o Estado começou a Operação Colheita com um nível de antecipação e preparação.“É um investimento que fazemos indenizando os policiais militares para que possam percorrer os interiores, as estradas rurais, com viaturas equipadas para aguentar esse terreno. O café está com um preço alto, os equipamentos agrícolas são de valor alto e precisamos dar segurança a esses produtores”.Os produtores e proprietários de fazendas devem ter cuidado ao contratar trabalhadores para a colheita e também com os locais de armazenamento das sacas, destacou o secretário de Estado de Agricultura, Enio Bergoli.SAIBA MAISProdução no EstadoA produção estimada para o Espírito Santo é de 16,4 milhões de sacas de 60 quilos, somados arábica e conilon. Com isso, a previsão é de crescimento de 18,2% na produção total de café no Estado.O crescimento é justificado pelas boas precipitações verificadas no Norte do Estado, que beneficiaram as lavouras de conilon, que correspondem a 69% da área da espécie no Brasil. No Espírito Santo se encontra a maior área destinada ao café conilon do País, com 286,7 mil hectares e no total são 379,8 mil hectares.Para o arábica, sob efeito do ano de baixa bienalidade, a produção deverá ser de 3,3 milhões de sacas, 18,2% abaixo do volume colhido em 2024. Já para o café conilon, estima-se 13,1 milhões de sacas, crescimento de 33,1% em relação à safra anterior.O Estado se destaca na produção do café conilon por conta da grande adaptabilidade que essa espécie de café teve nas condições apresentadas nas principais regiões cafeicultoras capixabas.O Estado é considerado o berço do café conilon, tendo saído na vanguarda do plantio. Por aqui, o cultivo foi bem assimilado, tornando o negócio uma tradição. Há uma série de fatores que levam a esse protagonismo, como o clima favorável e o cenário de reservas hídricas.Preços bons para produtoresOs dados de mercado mais recentes mostram que a saca de café tem sido comercializada a preços bastante atrativos para os produtores – mais de R$ 1.900 a saca (bebida rio) de arábica e mais de R$ 1.600 a de conilon.O valor bruto da produção de café no Estado este ano deve ser de R$ 30,88 bilhões, montante que representa 24,57% do total do País, que deve atingir R$ 125,70 bilhões.Remuneração maiorO valor das sacas de café mais elevados têm feito aumentar também a remuneração dos trabalhadores que trabalham na colheita.Há situações de trabalhador receber até R$ 500 por dia, de acordo com o número de sacas colhidos, e alcançar no mês remuneração entre R$ 7 mil e R$ 8 mil. Além disso, tem havido até disputa para trabalhar, o que garante que não falte mão de obra.Fontes: Secretaria de Estado de Agricultura, Ministério da Agricultura e Pecuária, Conab, CCCV e Cooabriel.