Venda de tadalafila cresce 20 vezes em 10 anos e bate recorde no Brasil

A comercialização da tadalafila, substância utilizada no tratamento da disfunção erétil, explodiu no Brasil nos últimos dez anos. Em 2024, foram vendidas 64 milhões de unidades do medicamento — um crescimento de quase 20 vezes em relação a 2015, quando 3 milhões foram comercializadas.

Os dados foram divulgados pelo G1, com base em um levantamento exclusivo feito pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a pedido do portal. O volume histórico não inclui medicamentos manipulados, o que indica que o número real pode ser ainda maior.

A alta na procura é atribuída, em grande parte, à popularização nas redes sociais, onde o medicamento é apelidado de “tadala” e promovido como um “impulsionador sexual”. Jovens, inclusive, relatam o uso frequente antes de encontros ou até diariamente, mesmo sem diagnóstico médico. A substância virou até tema de música, com refrão exaltando seu suposto efeito prolongado.

Na mesma semana do levantamento, a Anvisa proibiu a comercialização da Metbala, uma goma com tadalafila promovida por influenciadores. O produto é exemplo de como o hype nas redes influencia a disseminação do uso, muitas vezes, com promessas enganosas, como aumento do tamanho peniano — o que não tem base científica.

A tadalafila, que chegou ao mercado nos anos 2000 como alternativa ao viagra (sildenafila), tem ação mais duradoura e menos efeitos colaterais. A substância age promovendo vasodilatação, aumentando o fluxo sanguíneo e permitindo a ereção em pacientes com disfunção erétil.

Estima-se que 16 milhões de brasileiros sofram com disfunção erétil, mas os especialistas alertam: o número de diagnósticos médicos não justifica o salto nas vendas. Para o urologista Eduardo Miranda, coordenador de Medicina Sexual da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a alta revela uma crescente insegurança masculina e pressão por desempenho sexual, principalmente entre os jovens.

“As pessoas não estão levando em conta a dependência psicológica. Estão mascarando a insegurança no sexo desde o início da vida sexual. Isso pode favorecer uma disfunção no futuro, porque sexo também é emocional”, explicou Miranda.

Outro fator que contribui para o uso indiscriminado é o fácil acesso: a tadalafila é vendida sem retenção de receita, o que facilita a compra em farmácias. Muitas unidades relatam a venda de dezenas de caixas por dia.

Embora o aumento da discussão sobre o tema tenha ajudado a quebrar o tabu sobre o tratamento da disfunção erétil, especialistas alertam para o uso sem indicação médica, que pode trazer riscos à saúde e não resolve a raiz do problema em casos emocionais ou psicológicos.

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