Moradores do município de Palmeira dos Índios, Agreste alagoano, ainda sensibilizados com a morte do adolescente de 16 anos Gabriel Lincoln Pereira da Silva, realizaram um ato pacífico pelas ruas da cidade na manhã deste sábado (10). A família e os amigos do jovem clamaram por Justiça, e cobraram respostas das autoridades durante a manifestação que aconteceu uma semana depois de o menino ser perseguido por policiais militares e morrer baleado.
Os pais de Gabriel Lincoln estiveram à frente da caminhada, com camisas pretas com a foto do adolescente estampada de maneira centralizada. Na roupa também havia a frase: “Justiça por Gabriel Lincoln”. Já os outros manifestantes vestiram camisa branca, também com a imagem da vítima, e com a mesma frase, e levaram bolas de sopro, cartazes e faixas. Veja o vídeo abaixo:
“Aqui foi tirado o sonho de um adolescente trabalhador que só queria vencer na vida. Queremos Justiça”, estava escrito em uma faixa.
A passeata teve início nas proximidades do local onde a família do jovem possui um estabelecimento comercial. As dezenas de pessoas que participaram do ato caminharam em seguida pela Avenida Vieira de Brito, na via onde Gabriel foi baleado, e depois foram até o centro da cidade.
A investigação
Uma comissão de delegados da Polícia Civil de Alagoas foi designada para apurar as circunstâncias da morte de Gabriel Lincoln. Os delegados Sidney Tenório (diretor da DPJ1), Alexandre Leite, (diretor da DPJ3), e delegado João Paulo Tenório, (coordenador da DH da 5ª Região) ficarão responsáveis pela investigação.
“Já teve início no próprio domingo mesmo, a equipe local já deu início às diligências. Fez a coleta de imagens, que pegou todo o percurso da perseguição. No entanto, no local do fato, um ponto que fica a mais ou menos a 300 metros de distância da última câmera. Então, não deu para ser registrado o momento do fato. As diligências vão prosseguir com as oitivas de populares, de familiares, as requisições junto ao IC (Instituto de Criminalística) dos exames da arma de fogo que a PM informou que foi apreendida com o menor. Ver a capacidade dessa arma de uso e saber se ela foi utilizada recentemente”, disse o delegado Alexandre Leite, nessa semana, em entrevista ao TNH1.
A Polícia Militar deu a versão de que Gabriel teria desobedecido a uma ordem de parada durante rondas e atirado contra os policiais, que revidaram. A família do adolescente, no entanto, contesta a declaração da polícia, afirmando que ele era inocente. Os familiares também questionaram a conduta dos militares envolvidos.
“Essa arma já foi encaminhada ao IC para realização do exame pericial. Ela tem número de registro, mas não está no sistema da Polícia Federal. Então, não dá para saber a origem dessa arma de fogo”, contou Leite.
Durante o velório de Gabriel, a Polícia Científica recolheu amostra para realizar o exame residuográfico e fazer a análise no laboratório forense.
“Foi coletado o material na segunda-feira, durante o velório. Mas já me foi passado pela perícia que, por esse lapso temporal do fato até a coleta do material, o exame tem uma chance grande de estar prejudicado exatamente por esse lapso de mais de 36h”, disse o diretor da DPJ3.