Durante visita oficial a Moscou nesta sexta-feira 9, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) solicitou ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, a extensão de cessar-fogo no conflito com a Ucrânia. O pedido foi feito durante reunião entre os líderes, realizada após as celebrações pelos 80 anos da vitória russa sobre o nazismo.
Segundo informações do G1, a proposta de Lula ecoa um apelo feito anteriormente por autoridades ucranianas, que pedem uma trégua mais prolongada — de até 90 dias — no confronto. O cessar-fogo vigente, anunciado unilateralmente pela Rússia, teve início em 8 de maio e deve se encerrar neste sábado 10, conforme anunciou o Kremlin. A trégua foi justificada como parte das homenagens à vitória soviética na Segunda Guerra Mundial.
Em entrevista à imprensa antes de seguir viagem à China, Lula declarou que reforçou, junto a Putin, o desejo do Brasil por uma solução pacífica. “Nós queremos paz. É importante para a Rússia, para a Ucrânia, para os Estados Unidos, para a União Europeia. Ninguém ganha com a guerra”, afirmou.
Apesar da sinalização de apoio ao diálogo, Putin não respondeu diretamente à proposta de estender a trégua, de acordo com diplomatas brasileiros ouvidos pela TV Globo. Ainda assim, o presidente russo teria elogiado o papel do Brasil nas tentativas de mediação.
A presença de Lula nas comemorações em Moscou provocou reações contrárias por parte do governo ucraniano, além de gerar críticas dentro e fora do Brasil. Para muitos analistas, o comparecimento ao evento, ao lado de líderes como Nicolás Maduro (Venezuela) e Miguel Díaz-Canel (Cuba), representou um gesto de aproximação com regimes autoritários.
Em resposta às críticas, Lula afirmou que sua participação tem um valor simbólico, histórico e diplomático. “Chamar isso de exploração política é pensar pequeno”, disse. Ele também argumentou que a data deveria ser celebrada por toda a Europa, como marco do fim do nazismo em 1945.
O presidente reiterou ainda o compromisso do Brasil com a paz, destacando o trabalho em conjunto com a China por meio do “Grupo de Amigos da Paz”, formado no âmbito da ONU. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o Brasil segue disposto a colaborar em qualquer iniciativa que ajude a encerrar o conflito.
“Se eu discuto paz com Putin, vou discutir com Xi Jinping, com a França, com quem quiser conversar”, concluiu Lula, reforçando que a posição do governo brasileiro continuará sendo a busca por uma solução negociada.
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