No RN, renda dos 10% mais ricos é 14 vezes maior que dos 40% mais pobres

Em 2024, os 10% mais ricos ganhavam 14,6 vezes a renda dos 40% mais pobres no Rio Grande do Norte, valor um pouco maior do que a média nacional (13,4), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A desigualdade na distribuição de renda piorou em 2021, período da pandemia da Covid-19. Assim como no restante do Brasil, o Rio Grande do Norte também teve um pico na relação entre a maior e menor renda, chegando a 21,6.

A pandemia teve efeito sobre isso, quando o governo federal age para salvar com o auxílio emergencial, a desigualdade cai bastante. Ele retira o auxílio e volta, mas com menor montante, quando a desigualdade dispara em números significativos, passa de 13 para 21, depois, a melhora da economia nos anos seguintes gerou redução da desigualdade”, analisa Cassiano Trovão, professor do departamento de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Apesar da diferença na distribuição de renda já ser significativa, na verdade, ela pode ser muito maior, já que a pesquisa do IBGE é apenas declaratória, ou seja, capta apenas a renda do trabalho, programas sociais, aposentadorias e pensões, sem considerar a renda com origem no capital financeiro, como rendimento por juros e aplicações, que são detectadas apenas na declaração do imposto de renda.

É interessante saber que quando falamos de dados para a Pnad [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios] ela capta bem o rendimento de trabalho, como dos programas sociais, aposentadorias e pensões. Mas, não capta bem rendimentos mais altos como a dos super ricos, proveniente dos lucros, dividendos e aplicações financeiras, porque é uma pesquisa declaratória. Fizemos um estudo recente que mostra que os 20% mais ricos não aparecem na Pnad, só na declaração do imposto de renda. Essa diferença entre os mais ricos e pobres certamente é muito maior. Esse é só um pedacinho da história, quando falamos da desigualdade, se colocarmos rendimento do capital, o índice dispara”, assegura Trovão.

Entre os anos de 2012 e 2024, a renda média dos mais ricos passou de R$ 2.172,00 para R$ 6.703,00, respectivamente. Já entre os 40% mais pobres, a remuneração passou de R$ 162,00 para R$ 460,00 no mesmo período.

 Os dados do IBGE também revelam diferenças salariais entre homens e mulheres, a partir da cor e do grau de escolaridade. Eles continuaram com rendimento médio mensal do trabalho superior ao das mulheres. Enquanto em 2024, o rendimento médio mensal dos homens era de R$ 2.955, o das mulheres só chegava a R$ 2.543. Já na relação raça/cor, enquanto uma pessoa branca ganhava 3.269,00 em 2024, uma pessoa parda recebia R$ 2.408 e uma negra R$ 1.796. Uma diferença de R$ 1.473,00.

Teoricamente, o rendimento médio mensal de uma pessoa com ensino superior no RN era de R$ 5.659 em 2024. Já no ensino médio completo, a renda média mensal passa para R$ 2.090 e cai para R$ 1.056 no caso de alguém sem instrução.

Para o Rio Grande do Norte, é importante destacar que o rendimento do trabalho é importante, sendo responsável por 70% dos rendimentos. Isso mostra que boa parte desse acesso à renda está condicionada ao mercado de trabalho”, interpreta o professor da UFRN.

“Se todos ganhassem a mesma renda, estariam todos bem porque a renda média é maior que a média do Nordeste, o problema é a desigualdade”, acrescenta Trovão.

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