O deputado federal Sargento Gonçalves (PL-RN) criticou a atuação de parlamentares na Câmara dos Deputados que, segundo ele, atuam para “blindar” a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de investigações. Segundo o deputado potiguar, a chamada “bancada da bola” é resultado de “movimentações atípicas em Brasília” por parte da CBF.
“A Câmara deve cumprir seu papel fiscalizador, com independência, diante do lobby da chamada “bancada da bola”, que tem atuado para blindar a direção da CBF. (…) Foi criada uma espécie de “casa de lobby” da entidade. Isso cria um ambiente de aparelhamento político da estrutura do futebol. A ingerência política, quando não é transparente, fere os princípios da moralidade e da boa governança”, afirma Gonçalves.
Nesta semana, Gonçalves apresentou um requerimento na Câmara para abrir uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar denúncias de má gestão envolvendo a CBF. Em entrevista ao AGORA RN, o parlamentar destaca que a apuração serviria para “colocar em pratos limpos” as denúncias e serviria para “moralizar” a gestão da CBF.
“As denúncias lançam uma mancha grave sobre a CBF e colocam em risco a integridade de todo o sistema do futebol nacional. Estamos falando de possíveis práticas de corrupção privada, gestão temerária, espionagem de funcionários, uso de recursos da entidade para fins pessoais e até falsificação de assinatura em acordos judiciais. A credibilidade da entidade está comprometida. Isso atinge não apenas a esfera esportiva, mas também a confiança do torcedor e o respeito internacional que o futebol brasileiro ainda possui”, destaca Gonçalves.
O requerimento para abrir a CPI foi apresentado nesta semana, e o deputado começou a coletar assinaturas. Segundo ele, até agora foram juntados cerca de 20 apoios – o trabalho de convencimento dos deputados será intensificado na próxima semana. São necessárias 171 assinaturas para abrir uma CPI na Câmara.
“A Câmara deve cumprir seu papel fiscalizador, com independência, diante do lobby da chamada ‘bancada da bola’, que tem atuado para blindar a direção da CBF”, enfatizou o deputado potiguar.
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Sobre a CPI, Sargento Gonçalves defende que a investigação seja aberta para “investigar as práticas da atual gestão da CBF, com poderes de quebra de sigilo e convocação de testemunhas, a fim de colocar em pratos limpos tudo o que já aconteceu e moralizar de vez a gestão da entidade”.
Ele acrescenta, porém, que “há fortes indícios de omissão deliberada e até de retaliação contra quem tenta expor os problemas”. “Essa CPI será um instrumento essencial para quebrar o ciclo de impunidade e garantir que os responsáveis, se confirmadas as irregularidades, sejam exemplarmente punidos. O futebol brasileiro precisa ser passado a limpo”, acrescenta.
Denúncias atrapalham Seleção Brasileira
Para Gonçalves, a crise envolvendo a gestão da CBF tem atrapalhado o desempenho da Seleção Brasileira, que está à procura de um técnico dentro do projeto para a Copa de 2026. O anterior, Dorival Júnior, foi demitido em março e, desde então, a Seleção está sem comando.
“Uma entidade desacreditada, cuja liderança é questionada judicialmente e cercada de denúncias graves, não possui legitimidade para tomar decisões estruturantes com isenção. A escolha do técnico da seleção é estratégica, exige planejamento, e não pode ser contaminada por interesses escusos ou acordos de bastidores que envolvam troca de favores”, disse o deputado.
Presidente da CBF alvo de investigações
Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), enfrenta investigações por supostas irregularidades em sua eleição e reeleição. A principal acusação envolve a possível falsificação da assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, em um acordo que permitiu a permanência de Rodrigues no cargo. Um laudo pericial sugere que a assinatura pode ser falsa, levantando dúvidas sobre a legalidade do processo eleitoral que reconduziu Rodrigues à presidência da CBF.
Em resposta às denúncias, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou um pedido de afastamento imediato de Rodrigues, mas encaminhou o caso para o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, destacando “graves suspeitas” que necessitam de apuração.
Além disso, em abril de 2025, a revista Piauí publicou reportagens que apontam práticas de assédio moral, demissões arbitrárias e um ambiente de trabalho considerado autoritário dentro da entidade. As matérias também mencionam gastos excessivos com o cartão corporativo da CBF e alegações de monitoramento de funcionários por meio de câmeras e escutas clandestinas.
A CBF nega as acusações.
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