Representatividade e proteção feminina foram os temas do 6º Encontro das Procuradorias Especiais da Mulher do Paraná

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O fortalecimento da representatividade e da proteção feminina no Legislativo foram o tema do 6º Encontro das Procuradorias da Mulher do Paraná, que lotou o Plenário da Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira (08). Organizado pela Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o evento reuniu parlamentares, especialistas e autoridades que debaterem estratégias de enfrentamento à violência e a valorização da mulher na política e na sociedade. “O evento é mais do que uma troca de conhecimentos é um chamado à união, ao fortalecimento da rede de proteção e ao empoderamento de cada mulher que atua no Legislativo paranaense”, afirmou a procuradora da Mulher da Alep, deputada Cloara Pinheiro (PSD).

“Este encontro também é sobre cuidar de quem cuida e preparar novas lideranças para um futuro mais justo e igualitário”, completou ao observar que a Procuradoria já chegou a 194 municípios. “Nós começamos com 113 e hoje estamos com 194 Procuradorias e crescendo cada vez mais. Nossas vereadoras, essas meninas, essas mulheres novas que chegaram no mandato, elas entenderam a importância da Procuradoria da Mulher no Paraná e estão dispostas a fazer a diferença”, comentou.

Código do Autista

A primeira vice-presidente da Assembleia, deputada Flávia Francischini (União), falou sobre o crescimento que a Procuradoria vem tendo em todo o Estado e sobre sua importância às mulheres. “A Procuradoria tem crescido cada vez mais em todo o estado e isso é muito bacana, porque é mais um local que elas encontram ou para que as mulheres que porventura precisem levar denúncias, levar questões que em outros lugares ela não teriam coragem ou possibilidade, ali ela tem feito isso”, afirmou ao falar sobre a necessidade de debater o cuidar de quem cuida.

“Eu sou mãe de uma criança autista e eu sei o quanto é difícil ter uma criança autista dentro de casa. Com crises, com tratamentos, com a bipolaridade, com a esquizofrenia, então a gente precisa ter um ambiente tranquilo e equilibrado para que essa criança possa se desenvolver, então se você não cuida, se você não dá essa atenção, não dá o tratamento também para a mãe, para o pai, para o irmão, a gente não consegue ver o desenvolvimento da criança”, contou ao destacar que esse “cuidado” foi tratado no Código do Autista, aprovando pela Casa de Leis.

“A maior inovação que a gente fez no Código foi o tratamento às famílias que até antes não tinham. Com o Código nós tivemos esse cuidado exatamente de acrescentar um artigo que para mim é o mais importante, que é dar tratamento às famílias dos autistas e que vai de encontro ao cuidado de quem cuida”, disse.

Operação Mulher Segura

O secretário de Segurança Pública do Paraná, coronel Hudson Leôncio Teixeira, apresentou o programa Operação Mulher Segura que é focada em três frentes de trabalho: preventivo, repressivo e de enfrentamento. O primeiro é com palestras e ações educativas aos direitos da mulher, empoderamento feminino, autodefesa e de prevenção de crimes; o segundo, em andamento, visa o fornecimento de celulares às vítimas, com o monitoramento eletrônico simultâneo do agressor e da vítima com Medida Protetiva de Urgência (MPU). E o último é o de enfrentamento com um programa que visa a instalação da Sala Mulher Segura nas Delegacias de Polícia Civil, com ambientes preparados para melhor atender a vítima de violência.

E, de acordo com ele, a Operação já tem trazido resultados positivos. “Nós já tivemos a redução de 8% nos feminicídios já no primeiro quadrimestre e a diminuição da violência nos municípios onde nós atuamos. Além disso, nos 76 municípios da Operação nós tivemos 50% de redução nos maiores municípios, nos municípios onde tem maior concentração de ocorrência de violência doméstica e de feminicídio”, disse ao pontuar a importância do evento como fonte de divulgação.

“Nós temos várias procuradoras neste evento que vão difundir toda essa informação, toda essa rede de proteção que nós criamos e elas vão podem divulgar nos municípios”, pontuou o secretário que também falou sobre o projeto “De Homem para Homem” voltado à reeducação de agressores e à promoção da cultura de paz. “Homem para homem é uma conversa diferente. Conversar com o homem não vendo ele como o causador, como o marginal, como o agressor, mas vendo ele e trazendo um homem que assim como eu não concorda com a violência contra a mulher ou qualquer outro tipo de violência, trazendo ele para difundir toda essa questão da proteção e do respeito à mulher e a toda qualquer pessoa”, concluiu.

Procuradoria da Mulher nas Escolas

Vereador de Palmeiras (PR), Lucas Santos (União), falou sobre a atuação da Procuradoria da Mulher nas Escolas, projeto voltado à educação para equidade de gênero desde a base. “Nós estamos levando, com o Projeto Sentinela + Advocacia Vai à Escola, todos os assuntos relacionados à mulher para as escolas estaduais do nosso município. Junto com a subseção da OAB de Irati nós levamos até os estudantes de diferentes comunidades o acesso a informações jurídicas e sociais, criando um espaço para reflexão e aprendizado sobre temas sociais urgentes”, explicou.

Durante as palestras, os estudantes recebem informações sobre os tipos de violência, protagonismo feminino e direitos das mulheres, além de poderem discutir questões como violência física, psicológica e sexual, além de refletir sobre a importância da liderança feminina na sociedade contemporânea. O vereador também explanou sobre o Projeto Semear, uma política pública de enfrentamento à violência contra as mulheres que consiste em visitas itinerantes às áreas rurais do município de Palmeira, levando orientação para as mulheres sobre os tipos de violência (física, psicológica, sexual, patrimonial e moral). 
Saúde emocional

Especialista em psicologia da Educação, o professor Marcos Meier, abordou o tema “Cuidar de si para cuidar do outro”, reforçando a importância da saúde emocional de quem atua na linha de frente pela defesa dos direitos humanos. “A minha fala foi voltada às mulheres para que elas aprendam mais a cuidar de si para poder cuidar do outro. Muitas mulheres acabam cuidando tanto do outro e achando que estão fazendo o máximo e acabam se deixando de lado, adoecendo mentalmente e, muitas vezes, não conseguem ajudar ninguém. Então a gente precisa sim, cuidar mais de si”, alertou.

Em sua palestra ele enfatizou que quando a gente se ama, a gente tem matéria-prima para poder amar. “Estamos aqui falando com um público de mulheres que têm ainda mais esse fardo, de ocuparem cargos públicos, estarem mais envolvidos com a vida pública. Especialmente as procuradoras que estão muito envolvidas com atendimento de famílias de mulheres que estão sofrendo algum tipo de violência e isso mostra que elas já têm um coração voltado para atender o outro”.

Maria da Penha

Um marco na luta contra a violência contra mulheres no Brasil, garantindo direitos e mecanismos de proteção e combate a essa forma de violência, a Lei Maria da Penha (nº 11.340/2006) também foi tema de uma roda de conversa. O tema foi abordado pela aluna do Colégio Estadual Tiradentes, de Santo Antônio da Platina, Luziana Vitória Euzebio da Silva que, junto com outros estudantes, desenvolveu um projeto para ser apresentado em sala de sala sobre mulheres que foram importantes na história. O tema escolhido pela equipe foi a trajetória de vida de Maria da Penha. O projeto deles cresceu e ganhou o envolvimento de toda escola. “O nosso objetivo é conscientizar os jovens, os adolescentes e as crianças desde cedo sobre a violência doméstica, como combater isso, os canais para procurar ajuda e como que a gente consegue mudar a nossa sociedade fazendo a nossa parte”, explicou. O evento que ocorreu em dois períodos também foi dedicado à capacitação técnica e à integração entre as procuradoras municipais do estado, com o objetivo de reforçar o enfrentamento à violência doméstica. 

CURITIBA

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