Fellipe Bastos volta a JF após quase 20 anos de estreia como profissional na cidade

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Em 2006, Tupi e Botafogo se enfrentavam em amistoso realizado no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. À época, a jovem promessa do Vasco, Fellipe Bastos, com 16 anos, fazia sua estreia no profissional, em uma vitória por 4 a 3 do time carioca. Quase 20 anos depois, nesta quarta-feira (7), o ex-jogador de Botafogo, Corinthians e Benfica, reconhecido pelas cobranças de faltas, retornou à cidade para compromissos pessoais e jogar futevôlei no CT Dynamo.

À Tribuna, o atual comentarista de futebol da Globo relembrou momentos da carreira no Brasil e na Europa, falou sobre o atual momento do futebol brasileiro e recomendou um novo treinador para a Seleção. Também explicou sobre o novo trabalho e sua relação com Juiz de Fora. Confira a entrevista na íntegra.

Fellipe Bastos. Foto Felipe Couri
Fellipe Bastos estreou no profissional pelo Botafogo em Juiz de Fora (Foto: Felipe Couri)

Tribuna: Fellipe, como foi estar em grandes clubes como Vasco, Corinthians, Botafogo e Benfica? Qual é o sentimento depois de se aposentar?

Fellipe Bastos: Foram 18 anos de muita dedicação, muito trabalho e realização de sonhos. Desde pequeno, eu sonhava em jogar em grandes clubes — e consegui concretizar. Passei por Corinthians, Vasco, Grêmio, Botafogo, Benfica e joguei no futebol árabe, algo que também era um sonho e, ao mesmo tempo, uma necessidade financeira para mim e minha família. Conquistei títulos importantes no cenário nacional. Claro, faltaram algumas coisas, como a Libertadores, mas me sinto muito realizado com tudo que vivi. Foi uma jornada muito boa e, agora, estou vivendo um outro momento, que também faz parte da minha trajetória. Depois de tanto tempo como atleta, hoje sou um calouro na comunicação, tenho aprendido bastante e está sendo muito legal viver esse novo capítulo da minha vida.

Você ficou muito marcado pelas passagens no Vasco. Foi especial? Considera que foi o time com o qual teve mais envolvimento emocional?

Tenho muito carinho pelo Vasco, clube que sempre fez parte da minha história. Sou vascaíno desde pequeno, e isso nunca escondi de ninguém. Joguei mais de 200 partidas com a camisa do clube, conquistei a Copa do Brasil, um título inédito na época, e vivi momentos muito especiais. Realizei o sonho de criança que nasceu lá na PEN, com 5 ou 6 anos de idade. Ter o reconhecimento do torcedor é algo que levo comigo com muito orgulho e, agora, sigo torcendo de fora, desejando que o Vasco volte a conquistar títulos e retome o seu lugar como gigante do futebol.

E sobre a passagem na Europa, o futebol de lá é muito diferente em relação ao do Brasil?

A passagem pela Europa foi marcante também. O futebol lá é muito diferente, principalmente na parte tática e na intensidade. Nosso futebol brasileiro evoluiu bastante nesse quesito, mas ainda existe uma diferença. Assistindo jogos como Inter de Milão e Barcelona, dá pra ver claramente o nível de organização e disciplina tática das equipes. Aqui ainda temos atrasos em aspectos como fazer cera, atrasar jogo… Coisas que nos prejudicam. A bola europeia ensina muito, principalmente na parte defensiva e na mentalidade de jogar até o fim. Ainda temos muitas valências no futebol sul-americano, mas nesse ponto eles estão à frente.

Você sempre teve o chute forte de longa distância como característica, era um batedor de falta. Acha que isso está se perdendo no futebol brasileiro?

Sim, tem se perdido um pouco no futebol brasileiro atual, muito por conta da mudança nos treinamentos. A fisiologia e o controle de carga deixaram a bola parada um pouco de lado. Mas eu sempre defendi que dá para encaixar esse tipo de trabalho dentro da programação, porque bola parada decide jogo. A troca de bolas entre campeonatos, as mudanças de peso e comportamento exigem treino. Às vezes, você tem uma chance só na partida e, se não estiver treinado, ela passa. O treinamento é o que te dá essa precisão.

Felipe Bastos Felipe Couri
Ex-jogador atua em competições de futevôlei após aposentadoria dos gramados (Foto: Felipe Couri)

E sua relação com Juiz de Fora? De vez em quando você vem à cidade?

Juiz de Fora é uma cidade pela qual tenho muito carinho. Já estive aqui algumas vezes, gosto muito do ambiente, do CT Dynamo, do futebol que se pratica aqui. Foi justamente em Juiz de Fora que fiz minha estreia como profissional, em 2006, contra o Tupi, vestindo a camisa do Botafogo. Um momento marcante, com aquele frio na barriga típico da estreia, convocado pelo Cuca, que hoje é treinador do Atlético-MG. Foi o início de tudo, o começo de um sonho que acabou se realizando. Meus pais estavam na arquibancada naquele dia, e aquilo teve um peso grande para mim, porque eu queria realizar não só o meu sonho, mas o deles também. Graças a Deus, consegui trilhar esse caminho.

Agora na profissão de comentarista, como você faz sua preparação?

Apesar de ter vivido o jogo de dentro, sigo estudando bastante. Tenho um analista comigo, o Henri, com quem debato muito futebol. Estudo o jogo taticamente, tenho as licenças de treinador e estou sempre em busca de entender as novas terminologias, os novos conceitos. Eu sempre digo que o pote do conhecimento precisa estar pela metade porque a gente tem que estar sempre disposto a aprender. E é isso que eu tento passar para os meus filhos também.

Você acha que o esporte no país está melhorando? O que ainda falta?

Vejo o futebol brasileiro com muita qualidade ainda, mas precisamos de mais organização, principalmente tática. Hoje em dia, não existe mais jogo fácil. Muitos times conseguem fazer frente à Seleção Brasileira e isso precisa ser entendido como algo natural. Mais do que buscar só o resultado, precisamos pavimentar o caminho com planejamento.

A Seleção Brasileira vem sendo cada vez mais desacreditada. Como você vê esse cenário? Tem algum nome que você acha ideal para comandar a seleção?

Que a CBF consiga fazer esse trabalho pensando na Copa de 2026. Temos bons jogadores, mas com organização nos tornamos ainda mais fortes. A escolha do treinador será decisiva para isso. Gosto muito do Ancelotti, mas também é preciso saber se ele realmente quer estar aqui. Não adianta o Brasil se sujeitar a alguém que não tem esse desejo, ainda mais depois de dois anos de um namoro virtual. Jorge Jesus conhece muito bem o futebol brasileiro, teve sucesso aqui. O Abel também tem grande mérito. Se fosse para escolher um treinador brasileiro, eu optaria pelo Renato Gaúcho, que talvez consiga aliviar a pressão nos jogadores, e isso é muito importante. Vamos aguardar e ver quem será o escolhido para comandar a nossa seleção.

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