Três parlamentares da bancada federal do Rio Grande do Norte assinaram o pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS): Carla Dickson (União Brasil), General Girão (PL) e Sargento Gonçalves (PL). A iniciativa surge após a deflagração da “Operação Sem Desconto”, que revelou um esquema bilionário de concessão irregular de benefícios previdenciários, iniciado em 2019, no primeiro ano de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com a Polícia Federal e a CGU, aposentados e pensionistas do INSS eram vítimas de um esquema de descontos indevidos em seus benefícios, feitos por associações e sindicatos sem a autorização dos segurados.
No início do governo Bolsonaro, 15 associações mantinham convênio com o INSS, número que aumentou para 29 ao final de 2022.
As fraudes, segundo as investigações, chegariam a R$ 6,3 bilhões. O pedido de instalação da CPI foi protocolado pela oposição na última sexta-feira (30), com um total de 185 assinaturas – 15 a mais que o mínimo necessário.
Paralelamente, a oposição ao governo do presidente Luia Inácio Lula da Silva (PT) se mobiliza para obter as assinaturas para criar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as fraudes no INSS. Para isso, 171 deputados e 27 senadores precisam assinar o requerimento.
A base governista, no entanto, vem se articulando para que as investigações recaiam sobre o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, mais especificamente sobre o senador Rogério Marinho (PL).
É que à época da origem da fraude no INSS, o líder da oposição no Senado Federal comandava a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, cargo que ocupou de janeiro de 2019 a fevereiro de 2020.
Rogério Marinho, inclusive, foi um dos principais formuladores da Reforma da Previdência aprovada em 2019, vendida como uma medida para combater privilégios e fraudes no sistema.
Alheio ao risco de ter seu nome envolvido no roteiro das fraudes no INSS, Rogério Marinho vem usando o caso para colar a pecha da corrupção no PT, ignorando que a origem do caso se deu no governo Bolsonaro.
Para a base governista, o “feitiço pode virar contra o feiticeiro”. A estratégia de associar o escândalo a Bolsonaro ficou evidente no discurso feito em plenário pelo senador Humberto Costa (PT-CE), na semana passada, ligando a origem das fraudes contras os aposentados a nomes do PL, como o de Rogério Marinho.
O petista, entretanto, ressalvou que não estava fazendo “nenhuma ilação” e “nenhuma acusação de participação no esquema” contra Rogério marinho.
“A Operação Sem Desconto é fruto dos esforços da Controladoria Geral da União e da Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Essa articulação delinquente foi montada em 2019, logo no primeiro ano do governo Bolsonaro, quando o Ministério da Previdência foi extinto e o INSS passou a ser diretamente subordinado ao ministro da Economia, Paulo Guedes. É importante lembrar quem era o secretário Especial da Previdência Social. Era o atual líder da oposição neste Senado, o senador Rogério Marinho”, discursou o petista.
Humberto pontuou que tanto Rogério Marinho quanto Paulo Guedes, o ex-ministro da Justiça e atual senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) e a CGU do governo Bolsonaro “não fizeram nada a respeito do caso”.
A base governista solicitará à Polícia Federal toda a documentação sobre o início do esquema para verificar se há, direta ou indiretamente, o envolvimento de Rogério Marinho.
A investigação, até o momento, não citou o nome do senador Rogério Marinho. Os governistas, no entanto, decidiram entrar na “disputa de narrativa” para não deixar a oposição falando sozinha.
The post INSS: Bolsonaristas do RN assinam CPI que pode respingar em Rogério Marinho appeared first on Saiba Mais.