Psol: Camila Barbosa retira pré-candidatura a prefeitura de Natal

Em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (31), o PSOL Natal anunciou a retirada do nome da pedagoga e militante Camila Barbosa a pré-candidatura à prefeitura da capital. A decisão veio após o cancelamento da convenção que iria confirmar o nome de Camila como pré-candidata por uma decisão do diretório nacional da sigla e por movimentos do partido que enfraqueceram seu nome na disputa como, o surgimento de 100 novos filiados em um único dia, a falta de seu nome nas cédulas de consulta para candidatura própria e também pela falta de debates antes das votações dessas cédulas.

O nome da militante agora seguirá para disputa na Câmara dos Vereadores de Natal. De acordo com o Psol Natal, a intervenção sofrida na última convenção e os procedimentos “antidemocráticos, desonestos e desleais” seriam insustentáveis para manter uma candidatura que ferisse a democracia interna do Psol.  

“É de conhecimento público que sofremos uma intervenção gravíssima da parte do nosso Diretório Nacional, que suspendeu a convenção que homologaria a minha pré-candidatura, e também dessas pessoas que estão me acompanhando hoje, para a cidade nas eleições de 2024. Essa intervenção foi provocada pelo filiado, ex-vereador, ex-deputado estadual, Sandro Pimentel, que exigiu ao Diretório Municipal que fosse feita uma consulta aos filiados. A partir desse momento, o nosso Diretório Municipal voltou a se reunir e aprovou um regimento para essa consulta, com o debate entre os filiados, a defesa das duas posições e o impedimento de que filiados do PSOL, que ocupam hoje cargos comissionados no governo do Estado do PT, pudessem participar dessa decisão. Porque, afinal de contas, tem um interesse material e objetivo envolvido no possível apoio do partido à candidatura do Partido dos Trabalhadores. Mas, infelizmente, a comissão que foi retirada do Diretório Nacional do PSOL impôs um regimento de consulta auxiliado absolutamente antidemocrático.”, iniciou Camila.

Coletiva contou com nomes do partido em Natal | foto: Valcidney Soares

A pedagoga também explicou os motivos das decisões serem antidemocráticas, sendo as retiradas dos debates nas discussões das duas defesas que colocariam como possibilidade o partido ter uma candidatura própria ou apoiar o PT no primeiro turno. O outro motivo seria a ausência do nome da militante nas cédulas de votação para os filiados. 

“Eu que construo o PSOL há 10 anos sequer vou ter o meu nome em uma cédula, mas a da candidata do Partido dos Trabalhadores está garantida nessa mesma cédula.”, disse Barbosa.

Ainda segundo Camila, no último dia 19 de julho, o mesmo dia da intervenção do diretório nacional, houve a filiação de 100 novas pessoas no PSOL, o que seria uma “grave” distorção de forças. “São pessoas que não constroem o dia a dia do partido, que não estão organicamente na construção política que a gente faz há tantos anos e em tantos momentos das lutas do povo trabalhador em Natal.”, conta.

“Por essa razão, em função da imposição de um procedimento antidemocrático, desonesto, desleal, nós avaliamos, conversamos com os nossos filiados, com as pessoas que constroem a minha pré-candidatura, que nesse momento é insustentável seguir com um protocolo tão ruim e que fere de morte a democracia interna do PSOL. Nós não vamos legitimar esse processo.”, completa. 

Camila Barbosa agora seguirá na disputa por uma cadeira na Câmara dos Vereadores de Natal.

“Eu estou, a partir de agora, pré-candidata à vereadora pelo PSOL, porque eu acredito na fundação do partido, a que o partido existe no projeto político popular que a gente defende em tantos anos, mas que infelizmente agora foi interrompido, porque pela primeira vez na história do Psol em Natal, desde que nós fomos fundados, nós não vamos lançar candidatura à prefeitura em função de um golpe grave. Mas o pessoal tem futuro. Essas pessoas que estão aqui hoje são prova disso. E eu quero dispor o meu nome também a defender, a combater radicalmente esses métodos de direita internamente no nosso partido e a construir, fortalecer a nossa independência e autonomia política.”, finaliza.

Setor que defende candidatura própria não vai participar da consulta 

Agora, os próximos passos da sigla são a consulta com os filiados para decisão da candidatura própria ou apoio à Bonavides. Para isso, duas urnas de votação serão colocadas uma no Conselho Comunitário de Mirassol e outra na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), na Zona Norte de Natal. Além disso, também vai acontecer a Convenção Eleitoral do PSOL, para homologar as pré-candidaturas e fazer debates políticos. 

E por causa desses acontecimentos, o setor que apoia a candidatura própria da sigla e que discorda dos métodos utilizados pelo diretório, não irá participar da consulta, como forma de invalidação do processo. 

“Não, não vamos participar, decidimos isso coletivamente, porque sequer existe o meu nome na cédula de votação. Houve essa distorção de quase 100 novas pessoas, pessoas essas que são indicadas para cargos comissionados no governo, inclusive um familiar de primeiro grau do próprio Sandro, e que nós acreditamos que não tem condições e autoridade de tomar essa decisão.”, disse Camila.

Já sobre o processo de judicialização dessas questões na Justiça Eleitoral, a sigla em Natal disse que preferiu evitar esse caminho para não correr o risco de ficar fora da disputa eleitoral deste ano. 

“Em relação à possibilidade de uma judicialização, nós achamos que não era o melhor caminho pela responsabilidade que a gente tem com a construção do partido em Natal. Porque nós estamos às vésperas do encerramento do prazo definido pela Justiça Eleitoral, das convenções, e elas precisam necessariamente se encerrar até o dia 5. E se nós agora fizéssemos um recurso à Justiça comum, toda a chapa proporcional e toda a construção eleitoral do pessoal poderia ser interditada. E por essa razão, para a preservação do partido, partido pelo qual a gente milita há mais de 10 anos, alguns são fundadores, como é o caso do professor Robério, a gente decidiu preservar o partido e não recorrer à justiça, correndo o risco de que nossa chapa proporcional fosse interditada e o partido sequer tivesse participação nas eleições municipais deste ano.”, informou Júlio Pontes, presidente do PSOL Natal.

Cancelamento da convenção do PSOL em Natal

Marcada inicialmente para o último sábado (20), a convenção que iria confirmar o nome de Camila Barbosa como pré-candidata a prefeita de Natal pelo PSOL foi cancelada horas antes. Por trás da ação, está uma disputa que envolve duas táticas diferentes: o apoio a Natália Bonavides (PT) ou o lançamento de uma candidatura própria neste primeiro turno.

O cancelamento da convenção foi motivado por uma decisão do diretório nacional da sigla que, na sexta (19), determinou que a escolha deveria ser feita com votos de todos os filiados, contrariando a decisão prévia do diretório municipal que já havia definido pela indicação de Camila.

A votação no diretório nacional surgiu depois de um recurso apresentado pelo ex-deputado e ex-vereador, atualmente presidente estadual do PSOL, Sandro Pimentel, que defende o apoio a Natália Bonavides (PT) e a unidade das esquerdas contra Carlos Eduardo (PSD) e Paulinho Freire (União Brasil). 

Já uma outra parte do partido, que inclui o presidente do PSOL municipal, Júlio Pontes, e a própria Camila, aposta na candidatura própria neste momento e é contrária ao apoio imediato a Natália devido sua aliança com o MDB e o PRD (partido de extrema-direita fruto da fusão entre PTB e Patriota).

Saiba +: Entenda disputa envolvendo cancelamento da convenção do PSOL em Natal

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