Cadenciado sem ser enfadonho. Musical sem remeter apenas a um show. Sexy sem ser vulgar. A cinebiografia do Ney Matogrosso, que tá na sua semana de estreia nos cinemas brasileiros, reúne uma direção que sabia exatamente o que queria entregar, participações especialíssimas e um protagonista absolutamente incorporado.
Esmir Filho, desde o início de sua carreira conhecido por mim como o irmão da Sarah Oliveira, é um desses sortudos que tem a oportunidade de realizar um trabalho para homenagear um ídolo. Reuniu sua galera e dirigiu a melhor cinebiografia do cinema nacional desde Cazuza – O tempo Não Para, de 2004.
E, claro, não dá pra contar a história do Ney sem dedicar um ato ao Cazuza, o “herdeiro da Som Livre”. Ainda assim, com tanto apelo gerado por essa parte específica da biografia do cantor, a direção consegue equilibrar as várias fases da vida do Ney, tanto artística quanto pessoal, sem soar enfadonho.
O Jesuíta Barbosa, ator que interpreta o Ney, sempre foi uma escolha obvia desde o início do projeto. Foi selecionado. Entregou uma interpretação de tirar o fôlego. As nuances do olhar, o suingue do quadril, o momento de respirar, o momento de calar. É uma interpretação que envolve, enfeitiça. Destaque também para o trabalho de caracterização do Bruno Montaleone como Cazuza. Surpreende.
Na trilha, para quem é fã, há uma ausência imperdoável. Escolhas. Saí do cinema com a sensação de que quando a gente quer muito fazer algo, tudo conspira a favor. Tá recomendadíssimo.
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