

Um município do Sul de Minas tem se destacado como o principal produtor de caqui no estado. Com área de plantio de 200 hectares, Turvolândia é responsável por cerca de metade da produção da fruta em Minas Gerais. De acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), a produção neste ano deve alcançar cerca de duas mil toneladas. Para isso, a colheita deve ser estendida até julho, sendo os meses de abril e maio o pico.
Para se ter ideia, uma planta adulta, em pomares bem conduzidos, produz de 100 a 150 quilos de frutos por ano. A colheita dos frutos é feita quando eles perdem a coloração verde e adquirem a tonalidade amarelo-avermelhada. Porém, o impacto das mudanças climáticas sentido desde o ano passado tem dificultado este ciclo. Eventos climáticos extremos, como secas severas e inundações, representam sérias ameaças às plantações de caqui, podendo causar danos significativos às árvores, inclusive a morte. Além disso, o aumento das temperaturas e a alteração dos padrões de chuva afetam diretamente o ciclo de vida da planta, comprometendo a floração, o desenvolvimento dos frutos e a época da colheita.
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“Este ano, devemos ter uma safra 20% menor em decorrência de problemas climáticos. Tivemos muito calor no fim de 2024, pouca chuva e, há cerca de um mês, ocorreu uma queda de granizo, que danificou algumas lavouras no município”, explica o extensionista da Emater-MG, Fábio Firmo.
Um dia de campo

Em um evento promovido pela Emater-MG, em parceria com a Cooperativa Agrícola do Sul de Minas (Casm), aproximadamente cem pessoas se reuniram para falar sobre a cultura do caqui na cidade. Entre os presentes estavam produtores rurais, compradores e empresas do setor agropecuário, proporcionando oportunidade de troca de experiências e aprimoramento técnico dos participantes.
“A região tem uma tradição na produção de caqui, que é consumido in natura. Os agricultores locais conciliam o cultivo do caqui com outras frutas, que têm safras em épocas diferentes. Isso proporciona ao produtor uma melhor distribuição de renda ao longo do ano”, explica o coordenador técnico de fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, que foi um dos palestrantes do evento.
Polo de fruticultura
Turvolândia é conhecida por ser um polo de fruticultura. Além do potencial econômico do caqui, os agricultores do município mineiro também produzem abacate, ameixa, atemoia, goiaba, laranja, pêssego e lichia. A atividade teve início nos anos 1970 com a colônia japonesa, de acordo com o especialista Fábio Firmo.
“Atualmente, essa produção é vendida em São Paulo, Belo Horizonte, Espírito Santo, estados do Nordeste e até para o exterior, como é o caso da atemoia que vai para o Canadá”, conta.
Já o técnico da Emater-MG Deny ressalta que um bom planejamento da gestão do negócio é essencial para o fruticultor, ajudando a evitar a concentração de trabalho e de gastos em determinada época. “A fruticultura é uma opção de diversificação agrícola e geradora de desenvolvimento regional”, destaca o coordenador.
O gerente administrativo da Casm, Marcelo Batista, acrescenta que o cooperativismo contribui na expansão da atividade. “O cooperativismo é importante na fruticultura, pois agrega valor de venda, facilita o acesso do produtor aos mercados e permite uma redução dos custos do negócio”. Atualmente, os produtores do município estão comercializando o quilo do caqui por R$ 2, de acordo com a cooperativa.
A maior parte do caqui produzido no Brasil se destina ao consumo in natura, mas com a fruta pode-se produzir o vinagre e o caqui em passas. Em relação a sua produção, se feita de forma sustentável, ela minimiza o impacto ambiental através de práticas como a seleção de cultivares adaptadas ao clima e solo local, reduzindo a necessidade de irrigação e insumos químicos. Além disso, o manejo adequado do solo, com o uso de cobertura vegetal e adubação orgânica, fortalece a fertilidade e a retenção de água, contribuindo para a saúde da planta e a redução da dependência de fertilizantes sintéticos.
Além das práticas agrícolas sustentáveis, a valorização do caqui em diferentes estágios da cadeia produtiva é fundamental. A desidratação e o processamento dos frutos geram produtos de maior valor agregado, como o caqui desidratado, ampliando as possibilidades de comercialização e evitando o desperdício. A diversificação de produtos, incluindo sucos e vinagres, abre novos mercados e fortalece a economia local. A formação de cooperativas e associações de produtores impulsiona a troca de conhecimentos, a negociação coletiva e o acesso a mercados mais amplos, garantindo uma renda aos agricultores e contribuindo para a segurança alimentar da região.
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