Salvador está sediando o 3º Encontro da Autodefensoria Nordeste, promovido pela Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD), que reúne jovens e adultos com síndrome de Down vindos de diversas capitais nordestinas até domingo (4). Iniciado ontem (1º), os quatro dias de programação representam um espaço de escuta, troca de experiências e proposição de caminhos para a garantia de direitos das pessoas com deficiência intelectual. O evento acontece no Hotel América Towers e reúne representantes de Natal, Recife, João Pessoa, Aracaju, Vitória da Conquista e da própria capital baiana.Os participantes, chamados de autodefensores, são protagonistas das discussões que envolvem temas como saúde, educação, moradia assistida, inclusão no mercado de trabalho e combate ao capacitismo.Empoderamento“A autodefensoria reúne os jovens ao longo de todo o ano, com encontros virtuais quinzenais, discutindo suas demandas, além da formação em direitos das pessoas com deficiência em várias temáticas, envolvendo esses jovens para a cidadania efetiva. O encontro presencial serve para fortalecer os laços entre eles e aplicar na prática todo o conteúdo discutido”, explica Lívia Borges, diretora da FBASD no Nordeste.Lívia destaca que o encontro não se limita à formação individual dos jovens. Eles também contribuem para pensar políticas públicas e estratégias de incidência legal. “Temos, por exemplo, o tema da empregabilidade e do emprego apoiado, que já é discutido em um projeto de lei no Congresso. Também estamos começando a discutir mudanças na legislação sobre moradia assistida, para que ela entre como política pública”Para Amanda e Messias, jovens baianos participantes do encontro, a expectativa é de fortalecer laços, aprender mais e mostrar a força da união. “Esse momento presencial tem um impacto ainda maior, ele nos aproxima e renova nossa motivação para continuar a luta contra o capacitismo”, diz Amanda.Os jovens já participaram de encontros anteriores e relatam os impactos em suas vidas. Amanda lembra do encontro em Aracaju, que a impulsionou a integrar um grupo de trabalho do SUS e fazer um curso de advocacy. Já Messias representou o Brasil na ONU. “Mostrei que nós, com síndrome de Down, somos capazes de ter uma vida adulta ativa e com protagonismo.”Ao final do evento, os participantes devem apresentar propostas que poderão contribuir para a reestruturação de leis e a ampliação de direitos — resultado direto da escuta e da participação efetiva. “Esse seminário traz a proposta de colocá-los como atores principais desse processo. Desde a recepção até a mesa principal, eles estão no lugar de fala. A gente segue buscando quebrar barreiras para que a sociedade seja transformada e cada vez mais inclusiva”, resume Lívia Borges.*Sob a supervisão da jornalista Isabel Oliveira
Jovens com síndrome de Down debatem inclusão
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