Possível fim da trégua entre PCC e CV é monitorada pelas autoridades

BRASÍLIA- Autoridades federais monitoram o possível fim da trégua entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). O Estadão apurou que chegou ao conhecimento do Ministério da Justiça e Segurança Pública informações que indicam que o acordo entre as facções chegou ao fim.

Papuda, em Brasília, e presídios federais em Rondônia e no Rio Grande do Norte foram destinos de Marcola e outros líderes da facção criminosa paulista. Foto: Walter Campanato/Agência Brasil

Em fevereiro, relatório de inteligência da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) revelou a existência de uma suposta aliança entre as facções. A trégua teria sido informada aos membros das organizações criminosas para que suspendessem as mortes entre os grupos. Segundo fontes da área, as informações do fim da trégua chegaram ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, que monitora a movimentação dos grupos criminosos. Até o momento, no entanto, as informações ainda não foram validadas pela área de inteligência da pasta. De acordo com os relatos iniciais a integrantes do ministério, uma liderança do Comando Vermelho não teria aceitado o acordo. há indícios, sim, de algum tempo para cá, de tentativas desses acordos em função da representação judicial, estratégias de ataques judiciais, estamos acompanhando.O PCC e o Comando Vermelho, oriundas respectivamente de São Paulo e do Rio de Janeiro, são as duas maiores facções criminosas do Brasil, têm capilaridade em todo o País e conexões com o narcotráfico internacional. Quando a trégua foi celebrada entre os grupos, a intenção era de fortalecer as organizações, sobretudo para flexibilizar o tratamento a integrantes dos grupos no sistema penitenciário federal. Ao Estadão, em março, o secretário de Políticas Penais do ministério, André Garcia, não confirmou a existência de trégua, mas disse haver “indícios, de algum tempo para cá, de tentativas desses acordos em função da representação judicial, estratégias de ataques judiciais”.  Na época, ele disse que haviam acabado de retornar de São José da Costa Rica para defender a qualidade e a necessidade do modelo de presídios federais para o Brasil.Como o Estadão mostrou no ano passado, as duas facções têm integrantes presos em quase todos os Estados. Outro relatório da Senappen, de 2024, já havia mostrado aliança desses grupos com facções locais, o que capilariza o poder do crime organizado e facilita logísticas regionais do tráfico. PCC e CV chegaram a manter uma convivência equilibrada até 2016, em uma fase de expansão das rotas de tráfico pela América do Sul, mas a situação mudou no ano seguinte. Em 2017, o Brasil teve um recorde com 64 mil homicídios e, por trás do número, estava a escalada dos confrontos entre facções dentro das cadeias, com massacres no Amazonas e no Rio Grande do Norte.

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