Camisa da Seleção Brasileira vira símbolo de disputa política

A notícia de que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deve adotar a cor vermelha na segunda camisa da Seleção Brasileira, na Copa do Mundo de 2026, se tornou alvo de manifestações contrárias e reacendeu o debate sobre o uso dos símbolos nacionais para fins políticos. Nos últimos anos, o primeiro uniforme, com o tradicional amarelo, se tornou marca de um movimento que culminou em uma guinada à direita no poder.A primeira vez que a camisa amarela foi usada para manifestações políticas foi em meados dos anos 2010, em 2015, com o chamado ‘Vem pra Rua’, que pedia a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), o que acabou ocorrendo em 2016.Nos anos seguintes, foi a vez do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usar, junto com seus apoiadores, a camisa número um da Seleção Brasileira. O amarelo da CBF se tornou marca registrada dos bolsonaristas durante as eleições de 2018. O mesmo grupo manteve o uso do uniforme nas manifestações convocadas pelo líder da direita conservadadora.

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Já eleito, em 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que vestiria a tradicional camisa nos jogos da seleção na Copa do Mundo do Catar. Na ocasião, o petista reforçou que a cor não pertencia a nenhuma ideologia política ou partido.“A Copa do Mundo começa daqui a pouco e a gente não tem que ter vergonha de vestir a camiseta verde e amarela. A camiseta não é de partido político, é do povo brasileiro”, disse ao ser questionado.Camisa vermelhaA ideia de usar o segundo uniforme com a cor vermelha no mundial do próximo ano, como pretende fazer a Nike, tem gerado críticas no meio político. Nas redes sociais, deputados e senadores se manifestaram contra a iniciativa da marca de material esportivo.O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Bolsonaro, foi um dos políticos que criticou a novidade.”A camisa da seleção sempre foi um símbolo da nossa identidade nacional, do nosso orgulho e das nossas raízes. Sempre foi verde e amarela, as cores da nossa pátria. Mudar isso não faz qualquer sentido […] Essa tentativa não passa de mais uma investida para desfigurar aquilo que nos faz brasileiros de verdade. Nossa bandeira não é vermelha, e nunca será”, escreveu o senador.O deputado federal baiano Leo Prates (PDT), em nota, criticou a escolha da cor vermelha, afirmando que os símbolos que representam o país precisam ser preservados.“Respeitar as cores é respeitar a nossa história e a nossa identidade. A Seleção é um patrimônio nacional e deve carregar, em cada detalhe, o orgulho de ser brasileira. As cores não são apenas uma escolha estética, são símbolos do nosso povo e precisam ser preservadas”, afirmou o parlamentar.Aliado do presidente Lula, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AC), classificou a mudança do azul para o vermelho como ‘injustificável’. “Qualquer cor diferente do verde, amarelo, branco e azul não se justifica. Além do mais, a essa altura, temos preocupações bem maiores com a seleção, como, por exemplo, garantir uma boa classificação para a Copa de 2026″, escreveu o senador petista.Já o deputado federal Zé Trovão (PL-SC) protocolou um Projeto de Lei que proíbe o uso da cor vermelha no uniforme da seleção.”É importante destacar que esta proposta não busca padronizar ou engessar a identidade visual das instituições, mas sim assegurar que, quando em nome do Brasil, estejam alinhadas com os símbolos que nos representam perante o mundo. Trata-se de um ato de reverência e valorização dos elementos que compõem o nosso patrimônio simbólico”, diz trecho do projeto.

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