Árvore que deu nome ao País e é um símbolo nacional, o pau-brasil, que tem algumas de suas variedades ameaçadas de extinção, segue sendo redescoberta. Produtores rurais estão investindo na plantação de exemplares.Eles têm feito plantios da espécie em áreas de lavouras comerciais para aumentar a produtividade dessas culturas e dar a elas melhores condições de enfrentar problemas climáticos, como a falta de chuvas, por exemplo.No Espírito Santo, a árvore tem ajudado a evitar a perda de grãos nas plantações de café. O secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Enio Bergoli, explicou que é de muita utilidade essa utilização pelos produtores.“O pau-brasil se adapta muito bem nas diferentes regiões, seja com mais altitude, como na região de Pedra Azul, ou com baixa altitude, que é o caso de Aracruz. É utilizado como quebra-ventos nas lavouras de café, protegendo as plantações”, disse.As iniciativas nos cafezais ainda são experimentais, segundo Douglas Muniz Lyra, agrônomo aposentado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que tem acompanhado o desenvolvimento de alguns desses projetos. Ele disse que as plantas de café próximas ao pau-brasil são mais vistosas.Além disso, o pau-brasil ajuda especialmente a melhorar a oferta de nitrogênio, um dos nutrientes essenciais na agricultura. Há casos também de utilização do pau-brasil para sombreamento de lavouras de cacau, conhecido como cabruca, como no caso da Bahia, e que também pode ser implementado no Espírito Santo, segundo o agrônomo.Enio Bergoli afirmou ainda que proprietários de imóveis rurais com Cadastro Ambiental Rural (CAR) possuem acesso aos benefícios previstos no Código Florestal.E disse que o plantio de espécies nativas e exóticas, como o pau-brasil, em propriedades rurais na recomposição da vegetação, dá possibilidade de ganho econômico, a exemplo de acesso a créditos agrícolas, e suspensão de penalidades relacionadas a supressões irregulares.O pau-brasil é fonte de uma resina que, até o século XIX, foi a principal matéria-prima para a produção de pigmento vermelho para tecidos. Também foi alvo dos exploradores portugueses após a chegada da frota de Pedro Álvares Cabral, em 1500.O pesquisador da Embrapa Florestas e do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Pedro Arlindo Oliveira Galvêas, disse que se pode afirmar que a espécie, como um todo, não se encontra em perigo de extinção. “Porém, algumas de suas variações genéticas necessitam de trabalhos de preservação urgentes”.Reflorestamento com mudas Além do uso em lavouras de café e cacau, há o plantio da árvore pau-brasil para o reflorestamento de diferentes áreas no Estado.Plantando a espécie com finalidade ambiental, Luiz Fernando Schettino, doutor em Ciência Florestal, participa de atividades como o projeto de extensão da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).Esse projeto já promoveu, por exemplo, um mutirão de plantio de mudas no Bosque do Ibirapitanga da Reserva Capixaba, localizado no Morro do Romão, em Vitória.Schettino conta que já plantou exemplares de pau-brasil também em Forno Grande, em Castelo, no Sul do Estado, onde tem propriedade, e até já fez um plantio junto com o governador do Estado, Renato Casagrande. Além disso, já distribuiu mudas para plantio na Bahia. “Defendo que todas as escolas e praças públicas deveriam ter um pau-brasil plantado. É um símbolo do País”, disse.Em outra iniciativa, mais de 2 mil mudas de pau-brasil foram doadas a produtores de Aracruz, para promover o reflorestamento de propriedades rurais desmatadas, numa parceria entre a prefeitura e a Ufes, em 2023.Passado, presente e futuroNativa da Mata Atlântica, espécie é ameaçada de extinçãoPau-brasilNativo da Mata Atlântica e hoje ameaçado de extinção, o pau-brasil vive em áreas próximas à costa, que se estendem do Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro, passando pelo Espírito Santo.A árvore — fonte de uma resina que, até o século XIX, foi a principal matéria-prima para a produção de pigmento vermelho para tecidos — foi o primeiro produto que os exploradores portugueses extraíram das matas brasileiras após a chegada da frota de Pedro Álvares Cabral, em 1500.Nos 30 anos que se seguiram à chegada de Cabral e sua frota, a extração de pau-brasil foi intensa. O primeiro grande embarque da árvore para a Europa ocorreu em 1511, quando a nau Bretoa saiu de Cabo Frio, no atual estado do Rio de Janeiro, tendo a bordo 22 tuins, 16 saguis, 16 gatos, 15 papagaios e 5.009 toras de pau-brasil.A derrubada sem controle quase fez a árvore desaparecer por completo, restringindo a espécie a plantios ornamentais.Os números• 70 milhões de árvores de pau-brasil teriam sido levadas do País• 5 mil unidades da árvore foram levadas na 1º viagem• 1500 chegada dos portugueses ao BrasilReflorestamentoO Espírito Santo conta com o Programa de Fomento Florestal, do governo do Estado, que firmou parceria com o Instituto Verde Brasil (IVB), fornecedor das mudas, além de prefeituras municipais e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) nas áreas de assentamento rural, a partir de 2006.Esta parceria teve como objetivo fomentar o plantio de mudas de pau-brasil em todo o Estado. No caso da variação do pau-brasil mais comum no Estado, o Sartory ou Espírito Santo Folha Média está com sua preservação garantida.Envio para EuropaA extração voraz da árvore pau-brasil, para suprir a demanda europeia por tintura de tecido, fez a quantidade dessa espécie encolher rapidamente. Entretanto, o tamanho do desfalque é uma incógnita.Os cálculos sobre o envio de toras de pau-brasil à Europa, entre os séculos XVI e XIX, ficam no extenso intervalo entre 500 mil e 7 milhões de unidades. Outra estimativa fala ainda que havia 70 milhões de exemplares de pau-brasil no momento do desembarque dos portugueses. Quase todos teriam sido derrubados. Risco de extinçãoO pau-brasil está desde 1992 na lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. As restrições tentam evitar o completo desaparecimento da árvore.Existem pelo menos cinco variações já identificadas e endêmicas de determinadas regiões, sendo que algumas destas não se encontram devidamente protegidas. Algumas necessitam de trabalhos de preservação urgentes. Utilização por produtoresProdutores rurais têm feito plantios do pau-brasil em áreas de lavouras comerciais para aumentar a produtividade dessas culturas e dar a elas mais condições de enfrentar problemas climáticos, como a falta de chuvas.No Espírito Santo, a árvore tem ajudado a evitar a perda de grãos nas plantações de café, por exemplo, mas ainda em caráter experimental. Na Bahia, agricultores têm plantado pau-brasil para fazer sombra para as lavouras de cacau, um sistema conhecido como cabruca, que conserva a umidade do solo e aumenta os níveis de nutrientes. O pau-brasil ajuda especialmente a melhorar a oferta de nitrogênio, um dos nutrientes essenciais na agricultura.
Produtores do ES apostam no Pau-Brasil, símbolo do País
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