Mudança na matriz curricular municipal de Natal é alvo de críticas

As mudanças na matriz curricular da rede municipal de ensino de Natal vêm sendo alvo de críticas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte (Sinte-RN) e também por parte da oposição na Câmara Municipal. O vereador Daniel Valença (PT), que também é professor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), manifestou-se publicamente contra as alterações que, segundo ele, estão sendo implementada pela atual gestão de Paulinho Freire, mas que ainda tem origem na administração do ex-prefeito Álvaro Dias.

Para Valença, a medida representa um retrocesso na formação das crianças, ao “retirar uma dimensão humana” do processo educacional. Ele critica o fato de que disciplinas como ensino religioso, artes e educação física estão sendo descaracterizadas, com a substituição de profissionais com formação específica por outros sem a mesma qualificação.

“Imagine que o ensino das artes na UFRN, por exemplo, o estudante passa por uma graduação, um mestrado, um doutorado… e de uma hora para a outra vamos ter a substituição desses professores”, apontou em suas redes sociais.

Outro ponto criticado pelo vereador é a aplicação da Lei 241, que prevê carga horária de 30 horas para os docentes. De acordo com ele, isso impede que o planejamento pedagógico ocorra dentro da jornada regular de trabalho, prejudicando a qualidade do ensino.

Mudança gera controvérsia entre professores e gestores

Já está em vigor a Lei nº 241/2024, que permite a troca dos profissionais de Educação Física, Artes e Ensino Religioso do Ensino Fundamental I por um pedagogo na rede municipal de ensino da capital. A lei foi aprovada pelos vereadores da Câmara Municipal em 2024, com sanção do ex-prefeito Álvaro Dias (Republicanos).

Segundo a coordenadora-geral do Sinte/RN, Fátima Cardoso, essa retirada compromete o desenvolvimento integral das crianças.

“Não retirar esses componentes curriculares é importante para o desenvolvimento da criança, que precisa trabalhar o corpo, ouvir noções básicas das ciências da religião, é uma fase de descobertas importantes. O pedagogo tem formação específica, é competente, mas deixa essa lacuna”, defende.

Prefeitura nega mudança

Em nota oficial, a Secretaria Municipal de Educação afirmou que “a matriz curricular da Rede Municipal de Ensino de Natal não está sendo modificada”. A pasta garantiu que as disciplinas de Ensino Religioso, Artes e Educação Física continuam sendo oferecidas no Ensino Fundamental e destacou que o concurso público em andamento prevê vagas específicas para essas áreas: 22 para Artes (dança, artes visuais, música e teatro), 25 para Ensino Religioso e 15 para Educação Física.

No entanto, o Sinte/RN afirma que essas garantias se aplicam apenas ao Ensino Fundamental II.

“Isso é a desqualificação do ensino, vai render muita luta, mas me parece que eles não estão convencidos disso. Para nós é fundamental manter uma grade compatível com a necessidade que a criança tem de conhecimentos. É uma questão de princípios, de formação como sujeito histórico e não de boneco manipulável”, afirma Fátima Cardoso.

Valença reforçou que seu mandato segue comprometido com a mobilização de professores, estudantes e trabalhadores da educação.

“Seguiremos na luta por uma educação de qualidade, pública, gratuita, universal e que garanta às nossas crianças o direito ao futuro”, finaliza.

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