Foi prorrogada até o dia 9 de maio a consulta pública que busca ouvir estudantes sobre casos de assédio moral, sexual e discriminação na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A iniciativa visa levantar percepções, mapear situações de violência e construir, de forma coletiva, propostas para o fortalecimento das políticas de enfrentamento já existentes na universidade.
A consulta pública promovida pela UFRN acontece em meio a uma série de denúncias de violência dentro do campus central. Mais de 20 alunas de diferentes cursos relataram terem sido vítimas de importunação sexual nos ônibus circulares da universidade, descrevendo abordagens semelhantes por parte de um homem que se senta ao lado das vítimas e utiliza uma bolsa para encobrir os toques nas pernas. Boletins de ocorrência foram registrados na Polícia Civil e queixas formalizadas na Ouvidoria da instituição. Além disso, no dia 9 de abril, uma estudante denunciou uma tentativa de sequestro nas proximidades do Centro de Biociências (CB), quando foi abordada por um homem ao se dirigir ao estacionamento por volta das 22h. Diante desses episódios, a UFRN afirma estar colaborando com as autoridades nas investigações e reforçando os canais de escuta e acolhimento da comunidade acadêmica.
O Programa de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação, lançado em 2023, e é coordenada pelo Núcleo de Apoio às Pessoas em Situação de Violência. O núcleo atua diretamente com escuta qualificada, produção de diagnósticos e proposição de ações voltadas à garantia de direitos e ao combate às múltiplas formas de violência no ambiente universitário. Segundo a coordenadora do núcleo, Julliana Paiva, a participação discente é fundamental para tornar as ações mais efetivas e conectadas à realidade vivida nas salas de aula, laboratórios e demais espaços da universidade. “As contribuições dos estudantes nos ajudam a construir estratégias mais eficazes e com base nas experiências concretas da comunidade acadêmica”, afirma.
A mobilização também conta com o apoio da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp), que deve lançar nos próximos dias uma nova campanha institucional sobre o tema e um Manual do Denunciante, com orientações sobre canais de denúncia, direitos das vítimas e formas de acolhimento.
O pró-reitor de Assuntos Estudantis, Edmilson Lopes Júnior, reforça que a universidade tem buscado ampliar os canais de escuta e articulação com os movimentos estudantis. Nos últimos dias, representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e do movimento Correnteza participaram de reuniões com a reitoria e órgãos como Ouvidoria e Corregedoria, cobrando ações diante de recentes denúncias de assédio no campus central, incluindo ocorrências no ônibus circular da UFRN.
Em resposta, a administração central informou que está em articulação com a Superintendência da Polícia Federal e com a Secretaria de Segurança Pública para colaborar nas investigações, respeitando o sigilo e o andamento das apurações. No dia 16 de abril, o reitor em exercício, Henio Ferreira de Miranda, reuniu-se com representantes das forças de segurança para tratar do assunto.
A consulta pública foi criada em formato de formulário que está disponível online e pode ser preenchido de forma anônima, garantindo a segurança e o sigilo das informações compartilhadas. A participação é aberta a todos os estudantes da universidade e tem papel fundamental para que a instituição compreenda com mais profundidade a realidade vivida por seus alunos. As respostas ajudarão na construção de estratégias voltadas à prevenção e ao acolhimento de vítimas.
A gestão da universidade reforça que seguirá trabalhando em diálogo com os estudantes e com os órgãos competentes para garantir que a UFRN seja um espaço de livre de assédio.
Estudante da UFRN foi sequestrada
Na última quarta (9), uma aluna do Centro de Biociências da Universidade foi sequestrada logo depois da última aula, quando entrava no carro para ir embora. Além disso, inúmeras estudantes já relataram terem sido vítimas de assédio sexual dentro do ônibus circular da UFRN.
Desde o início do ano até 25 de abril, a Ouvidoria registrou nove manifestações relativas a assédio moral ou sexual. Em 2022, foram 47 denúncias registradas; 12 em 2021; 20 em 2020 e 26 em 2019. Uma das denúncias mais recentes de assédio dentro do ônibus que faz a linha circular traz o depoimento de, pelo menos, 20 vítimas.
Em protesto diante dos casos registrados, o Diretório Central do Estudantes organizou uma manifestação com apitos e cartazes, que passou pelos diferentes setores da universidade.
Assédio no circular
Mais de 20 alunas de diferentes cursos da universidade já relataram terem sofrido importunação sexual dentro dos ônibus circulares que trafegam por dentro do campus universitário.
Os depoimentos são parecidos, assim como a forma de agir do assediador. Várias vítimas já registraram Boletim de Ocorrência na Polícia Civil e abriram queixa na Ouvidoria da Universidade. Elas são abordadas pelo suspeito dentro do ônibus. Ele carrega uma bolsa grande, senta ao lado da vítima e usa o objeto para disfarçar o assédio, passando a mãos nas pernas das vítimas com a mão por baixo da bolsa.
Em caso de ocorrências nas imediações do campus central, a população deve comunicar à Diretoria de Segurança Patrimonial (DSP) por meio dos telefones 08000 84 20 50 e (84) 99193-6471, que funcionam 24 horas. Qualquer manifestação pode ser feita também à Ouvidoria da UFRN por meio dos canais (84) 99167-6605 (WhatsApp); Email
[email protected] ou o Portal Fala.BR.”
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